O cineasta francês, Alain Guiraudie, não surpreende trazendo um filme com temática polémica, a mesma que trouxe quando fez “O Rei da Evasão” (2010), a homossexualidade. Mas desta vez “O Desconhecido do Lago” conseguiu convencer o júri do Festival de Cannes, arrecadando o troféu de Melhor Realizador na secção ‘Un Certain Regard’ e ainda o Queer Palm, no mesmo festival.
A história conta-nos as aventuras rotineiras de Verão de um jovem homossexual francês, Franck, num cenário mágico, um lago escondido pelo vasto mato que serve de local de engate entre vários homens. Numa praia em que a nudez masculina é o cenário principal e onde reinam os encontros sexuais, Franck acaba por se envolver e apaixonar por Michel, um homem bonito mas mortalmente perigoso. Franck sabe onde se está a meter, mas deseja manter e viver essa paixão até ao limite.
Um filme onde o desejo físico e a promiscuidade se misturam com a solidão e violência. Desta forma, durante os mais de 90 minutos, somos transportados para uma atmosfera ambígua, que funde a frieza de um sonho com a beleza de um pesadelo.
Apesar das cenas de sexo explícito que o filme contém, e que poderão chocar o público, o realizador consegue fazer com que estas não sejam o foco, ainda que consiga abordar temas como o bareback, voyeurismo, menage à trois e outros fetiches sexuais.
O desejo de ser desejado e desejar, com as suas virtudes e perigos, é o tema base do filme. Um cocktail explosivo de sexo, desejo, solidão e amor, movido por uma adrenalina que consegue cativar do início ao fim. Com Pierre Deladonchamps, Christophe Paou, Patrick d’Assumção.
O melhor: O cenário natural (lago) e a fotografia
O pior: O desfecho
3,5 em 5 estrelas
O filme estreia hoje às 22h no Espaço Nimas, em Lisboa, e passa amanhã, dia 12, às 19h15, no Centro de Congressos do Estoril, no decorrer do Lisbon & Estoril Film Festival.
André Faria
2 Comentários
Paulo Dinis
Crítica mais ridícula seria impossível. Achas mesmo que o realizador abordou os temas do “bareback, voyeurismo, menage à trois e outros fetiches sexuais”? O que Guiraudie faz com o sexo neste filme é mostra-lo de uma forma naturalista e pura, em que os fetiches podem estar lá pelo contexto dramático do filme, não pelo interesse do autor em desenvolve-los dessa forma. E como assim “O cineasta francês, Alain Guiraudie, não surpreende trazendo um filme com temática polémica, a mesma que trouxe quando fez “O Rei da Evasão” (2010), a homossexualidade”? Não surpreendeu porque volta a filmar personagens gay? E que raio é ~”o pior: o desfecho”? é exatamente a forma como o filme acaba que concretiza todas as ideias que foram construídas e desenvolvidas pela mise-en-scène. Esta crítica é só desnecessária, trivial e fútil.
Vasco
Parece-me que a crítica ao texto é um tanto destrutiva, sem necessidade. Aprecio mais as criticas construtivas. Quando ao facto de desfecho do filme ser o pior, concordo plenamente. Adorei o filme mas aquele final deixou-me desconcertado. Mas isto é só uma opinião, aceito perfeitamente opiniões contrárias!