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Estivemos na La Demence e contamos-te (quase) tudo

A animação nocturna em termos de espaços e eventos LGBT é um factor importante no momento da escolha do destino de férias para muitos turistas LGBT. Nos últimos anos, Lisboa tem assistido a um crescimento gradual, mas sustentado da sua vida nocturna LGBT. Neste momento, existem já opções para quase todos os tipos de interesse dentro da comunidade LGBT. Apesar disso, as várias tentativas de criação de uma festa LGBT mensal e regular em Lisboa, têm tido pouco sucesso, com excepção das festas Conga.

 

O dezanove.pt, em conjunto com a LisbonBeach, marca nacional que procura promover Lisboa e Portugal como destinos LGBT a nível internacional, foi conhecer uma das maiores festas regulares na Europa, a La Demence. Esta festa mensal tem lugar em Bruxelas e conta já com uma tradição de 26 anos. O nosso objectivo foi conhecer os factores para o sucesso duradouro da La Demence. Optámos pelo fim-de-semana especial de celebração dos 26 anos da La Demence. Em vez de uma única festa, para este evento especial, a organização criou três festas, para cada noite de sexta a domingo. À chegada a Bruxelas, o primeiro impacto no centro foi ver, com muita frequência, rapazes que estavam propositadamente na cidade para irem à La Demence. No nosso hotel, que era um dos vários hotéis escolhidos pela La Demence como um parceiro do evento, havia pisos inteiramente ocupados por rapazes que iam participar na La Demence.

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A primeira e última festa deste fim-de-semana tiveram lugar num clube nocturno do centro de Bruxelas (Fuse), que não é um espaço LGBT, foi apenas arrendado para a festa. O evento contou com três pistas de dança e vários espaços que funcionaram como “quarto-escuro”, mas relativamente bem iluminados e onde sexo era permitido. Em ambas as noites, a La Demence ficou rapidamente cheia de rapazes de todas as idades, a esmagadora maioria (pouco) vestidos em “dress-code fetish”. O estilo “sportswear” era o mais comum. O ambiente foi de diversão descontraída e descomplexada, permitindo dançar ao som de DJs de topo convidados para a esta e que tocaram house e deep-house. Na festa foi bastante simples conhecer e conversar com quem se quer. Para além disso, existiu uma forte componente de liberdade sexual no ambiente com muitos participantes alternando entre o sexo casual nos espaços de “quarto-escuro” e umas horas de dança numa das várias pistas.

Conseguimos perceber que é este ambiente único que atrai as pessoas e que permitiu à La Demence se ter afirmado durante mais de duas décadas. Na noite de Sábado, o evento teve lugar no enorme Flanders Expo, na cidade de Ghent, um espaço com mais de 54 mil metros quadrados, localizado a pouco menos de uma hora do centro de Bruxelas. A organização ofereceu transporte gratuito entre o Bruxelas e Ghent. Nesta noite, existiu uma única pista de dança com enormes dimensões, mas, para compensar, os efeitos em termos de luzes e de vídeo, combinados com a animação no palco foram impressionantes. Também nesta noite, existiu um espaço de grandes dimensões que funcionava como “quarto-escuro”. Mais uma vez, foi criado um ambiente de festa único que animou milhares de visitantes.

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De acordo com a organização este fim-de-semana vendeu mais de 10 mil entradas, tendo só a festa da noite de Sábado atraído um total de 4800 convivas. No total, cerca de 125 pessoas colaboraram com a La Demence três dias. Uma estimativa conservadora, baseada no preço de venda das entradas, permite-nos assumir que este fim-de-semana gerou um volume de negócios para a entidade organizadora da La Demence de cerca de meio milhão de euros. A maioria dos convivas eram da Bélgica, Holanda, França, Alemanha, Espanha, Itália e Suíça. Podemos também assumir que terá tido um impacto significativo nos hotéis da cidade, restauração e lojas em geral. Note-se que em termos de dimensão da vida nocturna LGBT e mesmo em termos de atractividade para o turismo LGBT, Bruxelas está relativamente desfavorecida em relação a Lisboa. A La Demence parece indicar que a organização de grandes eventos LGBT pode ter um impacto significativo para tornar um destino mais apetecível para este público. E tal pode contribuir significativamente para a economia de um destino.

Depois da experiência lançamos as quesões: qual seria o impacto em Lisboa da existência de uma festa como a La Demence? E em que medida está o público nacional pronto para uma La Demence?

 

Rui Silva

 

18 Comentários

  • Pedro Dias

    Em primeiro lugar os meu parabéns pelo artigo, pois descreve e bem, esta festa, a que por mais do que uma vez assisti.

    A pergunta final: “Depois da experiência lançamos as questões: qual seria o impacto em Lisboa da existência de uma festa como a La Demence? E em que medida está o público nacional pronto para uma La Demence?”, tem respostas simples e imediatas: geografia e economia!

    Bruxelas está no centro da Europa! Dezenas de TGV’s e voos low cost, de Paris, de Amsterdão, de Berlin, de Londres, de Frankfurt, e de muitas outras cidades europeias, tornam todas essas grandes cidades muito próximas de Bruxelas, e há transporte a toda a hora e a preços para todas as bolsas.

    Bruxelas tem dezenas de milhares de jovens a trabalhar nas instituições europeias, pois não esqueçamos, que é em Bruxelas que se concentram a maioria dos serviços da UE.

    E mesmo assim, só fazem uma festa por mês! Porque será?

    Nos outros fins-de-semana, Lisboa e Porto tem muito mais para oferecer, em termos de variedade, qualidade e preço, do que Bruxelas, que é uma cidade normalmente “chata”!

    Não sendo estas as únicas respostas à pergunta, são as determinantes!

    A Lisboa e ao Porto, todos os Sábados, vem gente da raia fronteiriça com Espanha, que enchem tudo o que é sítio, quer numa cidade quer noutra.
    Basta ir à Baixa no Porto ou ao Bairro Alto em Lisboa, e ouvir a as línguas que por lá se falam.
    Qualquer discoteca LGBT, no Porto ou em Lisboa, ao Sábado sempre a funcionar ao barrote, com as mais variadas clientelas que procuram sexo, ou drogas ou Rock & Roll, aquilo que a La Demence oferece!
    Não faltam locais, quer em Lisboa quer no Porto, para todos essas clientelas!

    E não é preciso vir um sábado específico do mês, a uma festa específica, pois há festa todos os sábados, e para todos os gostos.

    O problema é a dimensão do País e das cidades.

    São sempre os mesmos sítios, que embora se renovem constantemente, naquilo que oferecem aos seus clientes, nomeadamente DJS da La Demence, não deixam de ser os mesmos espaços, as mesmas caras, ao que acresce a falta de privacidade dada a dimensão reduzida.

    Posso-vos garantir, de saber de experiência feito, que muitos dos milhares de clientes que viram nas festas a que foram, se forem lá no próximo mês, não os verão, pois estarão na BEYOND ou no HEAVEN em Londres, na WE em Madrid, na LA LECHE em Barcelona, ou em tantas outras, em Paris, Berlin, Frankfurt, etc., pois as pessoas gostam de variar e podem variar, porque há oferta e poder económico.

    Acabo com uma pergunta: quando tencionam voltar a uma festa da La Demence?
    Seguramente não irão nos meses mais próximos!
    Porquê? Geografia e economia?

    Se forem digam… terei muito prazer em fazer-vos companhia!

    Abraço amigo
    Pedro Dias

  • Filipe

    Um comentário inteligente e realista.

    No entanto convém recordar os nossos atributos. Temos um bom clima, sol quase todo o ano, e um Inverno relativamente ameno. O nível de vida em Portugal é baratíssimo tendo em conta os preços praticadas em boa parte da Europa dita rica. A nossa gastronomia tem uma boa relação qualidade preço. A geografia e a economia são problemas, mas acrescento outro: falta de marketing. As ilhas gregas, o Sul de Espanha, as Canárias, tudo zonas afastadas do centro europeu mas cujos nomes estão mais interiorizados no consumidor lgbt.

    Notei nas fotos do evento duas coisas.

    1) Os homens estão quase todos sem camisola. Coisa muito rara na noite gay que frequento, onde nunca vi um homem sem camisola. Aliás, em muitas casas tirar a camisola seria mal visto pelo resto da clientela. Nada contra este comportamento mais conservador dos portugueses, tem até o seu charme.

    2) Os homens não estão depilados. Começa a ser raro ver homens com pêlos no corpo em Portugal, e com vontade de os exibir. Ora vivo no Reino Unido e aqui os homens não só raramente se depilam como é bem visto pelas mulheres e pelos gays ter um peito hirsuto de macho latino.

  • Filipe

    Lisboa e o Porto precisam de marketing. Interno e externo. O problema maior do mercado interno é neste momento a falta de dinheiro dos consumidores, que não terá solução enquanto a economia não crescer muito mais. Quanto ao mercado externo, temos de ser muito mais agressivos. Há muito a aprender com o exemplo de Telavive e da sua imposição no mercado turístico lgbt. Quem terá de fazer este trabalho serão as casas da noite em conjunto com os alojamentos e com os organizadores de eventos.

  • Dr Gay

    Este tipo de festa não seria grande investimento em Portugal nem teria o impacto que se julga e há uns anos vimos o fracasso do Allove no Algarve, que tinha grandes aspirações internacionais que chegavam às 20 mil entradas mas ficou-se pelo pouco público doméstico, a esmagadora maioria da região, apesar da organização esperar enchentes do Norte da Europa e até ter tido a Ryannair como sponsor e o cartão de embarque dar 50% de desconto na entrada. Além de muitas outras falhas, a mais relevante foi a aposta fortíssima na animação por travestis, ora, este tipo de “espectáculo” é residual no nosso país e só vai existindo nos meios mais pequenos ou em regiões suburbanas e tem uma clientela fidelizada, digamos, mais avançada na idade e com pouco orçamento disponível para a diversão. Basta visitar o Mister Gay em noite de show, para se perceber que tem menos gente e a média de idades sobe para os 50 e até aos 60, com o cliente agarrado à mesma imperial durante 1 hora.
    Nunca apostaria na organização deste tipo de evento em Portugal e se o fizesse, teria que prescindir de uma grande fatia do lucro, que se destinaria a DJ’s, animação e infraestruturas. Há meses, assistimos à queda fulminante da Pride Lisboa que apareceu intitulando-se como o futuro supra sumo da noite gay Lisboeta que não se renovava há 30 anos. O proprietário achava que bastava ter um espaço, travestis e música de rádio, para replicar durante todo o ano em Lisboa o mesmo que obtém no Verão Algarvio sem concorrência.

  • Pedro Dias

    “Notei nas fotos do evento duas coisas.

    1) Os homens estão quase todos sem camisola. Coisa muito rara na noite gay que frequento, onde nunca vi um homem sem camisola. Aliás, em muitas casas tirar a camisola seria mal visto pelo resto da clientela. Nada contra este comportamento mais conservador dos portugueses, tem até o seu charme.

    2) Os homens não estão depilados. Começa a ser raro ver homens com pêlos no corpo em Portugal, e com vontade de os exibir. Ora vivo no Reino Unido e aqui os homens não só raramente se depilam como é bem visto pelas mulheres e pelos gays ter um peito hirsuto de macho latino.”

    Não frequenta há muito tempo as discotecas de Lisboa!

    Pelo menos aquela que conheço como a palma da minha mão – a minha, o TRUMPS.

    Sugiro-lhe uma visita rápida ao site http://www.trumps.pt – FOTOS – onde encontrará dezenas de Álbuns de fotos, das dezenas de festas, feitas à sexta e ao sábado, Verão e Inverno, onde o que não faltam são fotos de “descamisados” (no bom sentido do termo)!

    Falta de marketing? É uma respeitável opinião, mas há outra coisa que falta mais e que marketing algum supera: a falta de dinheiro. Basta comparar os salários mínimos da U.E.

    Já viu algum belga, francês, inglês, alemão, holandês a servir às mesas em restaurantes em Lisboa? Eu não, excepto quando são donos.

    Já viu com certeza, tal como eu, milhares de Portugueses a servirem à mesa de restaurantes em Bruxelas, Paris, Londres, Berlim, Amsterdão , etc., mesmo não sendo donos dos restaurantes.

    Essa é a diferença: ECONOMIA!

    Quantos aos outros atributos que refere, temo-los, no Verão, e por isso Portugal, e Lisboa em particular, já é um dos destinos LGBT favoritos na Europa para férias, coisa bem diferente de fim-de-semana.

    E só para falar no Verão passado, e da empresa que conheço melhor – a minha – festas não faltaram, e felizmente sempre ao “barrote”, durante a HOT SEASON ” que decorreu de Junho a Setembro.

    Para mencionar só algumas dessas festas, com grande repercussão internacional, basta mencionar o HOT SEASON FESTIVAL” (uma dúzia de festas internacionais para eles e para elas) e “CONCHITA powered by Trumps ”, com repercussão nos media LGBT internacionais, com o apoio de marketing de grandes organizações como o Grupo Matinée , e não só, para o HOT SEASON FESTIVAL, e toda a organização THE UNSTOPPABLES ” da Conchita Wurst.

    Por isso marketing deficiente? Talvez!
    Economia? Seguramente!
    Geografia? No Verão é um plus ” quando as pessoas têm tempo para tirar férias, no Inverno um enorme minus ”, quando as pessoas só têm o fim-de-semana.

    Sou velho, mas não do Restelo (embora não more longe), e há muitos, mas mesmo muitos anos, que tenho trazido a Lisboa, o melhor que se faz por essa Europa fora, no que toca à noite LGBT , e com sucesso (felizmente).

    Mas mesmo só sendo Ministro das Finanças poderia inverter uma situação económica desastrosa que leva centenas de milhares de jovens, os mais qualificados, a emigrar, e isso eu nunca poderia ser!

    E nem sendo Jesus poderia alterar a geografia do País (ou ganhar a Liga).

  • Filipe

    Tem razão não frequento em Lisboa há uns anos mas tenho ido várias vezes ao Porto e no Porto nunca vi um descamisado… mas também tenho de admitir que segundo os meus amigos a noite do Porto é muito diferente da noite de Lisboa.

  • Filipe

    Lembro-me bem do Allove e tinha tudo para falhar, além da aposta na travécada o evento foi anunciado muito em cima da hora. Eventos deste tipo chegam a ser anunciados com um ano de antecedência noutros países, e depois o marketingo do evento é feito ao longo de um ano. Nunca ninguém espera grandes resultados numa primeira edição, que serve mais para contactar com a realidade do mercado e fazer os ajustes necessários para o sucesso das edições futuras, até que a marca se estabeleça definitivamente no subconsciente do público alvo.

    Quando as coisas são feitas por amadores deslumbrados e parolos com a mania de espertos é normal que fracassem.

    Um ex-funcionário da noite gay algarvia disse-me há três anos que os turistas portugueses de Lisboa e do Porto que são gays andam nas casas hetero e que nunca frequentaram em massa a noite gay, embora em Lisboa e no Porto andem na Zoom e no Trumps, por que será? E por que será que os algarvios continuam a ir para Sevilha? A noite gay algarvia nunca foi rentável nem será tão cedo.

  • Rui Silva

    Boa tarde Pedro,

    Antes de mais quero lhe dar os Parabéns pelo trabalho desenvolvido pelo Trumps!

    É sem dúvida um espaço que sabe muito bem se manter como um polo dinamizador da noite LGBT Lisboeta e sem dúvida que as festa do HOT SEASON foram uma adição muito boa para o Verão Lisboeta. Espero que para o ano hajam mais, maiores e ainda com mais sucesso.

    No entanto, as festas do Trumps, mesmo podendo ter “temas” distintos são maioritariamente frequentadas por um público fiel ao ambiente do Trumps. Não digo isto de forma depreciativa de forma alguma. Devem haver espaços para todos os públicos e, assim, todos podemos nos divertir. O Trumps é um elemento-chave da vida LGBT Lisboeta e assim deve continuar e até crescer.

    O ambiente de uma festa como a La Demence é diferente do ambiente no Trumps (e do Construction, por exemplo). A diferença tem principalmente a ver com uma muito maior desinibição do público e uma total falta de julgamento, permitindo a todos se divertirem como quiserem, desde que com respeito pelo outro.

    Não seria realista dizer que o ambiente desinibido e o factor sexo casual não são um dos (ou mesmo o) principais atractivos da La Demence.

    Em Lisboa, não existe qualquer oferta de noite que se encaixe naquilo que a La Demence é. E o Trumps não o pode (nem deve, penso eu, ser).

    Um exemplo: o Trumps organizou uma festa “Revolver” em parceria com a BarCode Berlin. Esta festa regular com base em Berlim tem um ambiente completamente distinto do que se viveu no Trumps. No fundo foi uma noite igual às outras e muito do público não se terá apercebido de qualquer diferença. Não digo isto de forma nenhuma como uma critica. Aliás é uma excelente prova da excelente capacidade do Trumps em ter um publico fiel e isso é óptimo.

    O problema é não existir nada que do género “Revolver” ou “La Demence” em Lisboa. E sim, concordo com todas as razões apontadas antes, nomeadamente, poder de compra, distância em relação ao centro da Europa, etc.

    No entanto, acredito que há mercado em Portugal (até porque muitos Portugueses são frequentadores da La Demence) como também acredito que juntando uma festas destas ao enorme potencial de Lisboa (clima, preços, etc), com muito empenho e paciência poderia se chegar lá.

    Eu sugeria os seguintes ingredientes para começar uma festa assim em Lisboa:
    – Dress-code obrigatório (isto é essencial para facilitar a desinibição e garantir que quem lá está não terá preconceitos)
    – Bengaleiro barato
    – Som House e Deep-House (mais melódico e com mais vocais do que o som Construction)
    – Play & Cruising Areas (que não sejam completamente às escuras nem sujas/desconfortáveis)
    – Promoção de sexo-seguro

    Mas em Lisboa, penso que uma festa assim terá que começar de uma forma bem pequena e ir crescendo à medida que conquista público.

    Quem quiser organizar uma festa assim, força e terºao o meu apoio. Ou quem achar interessante enviem-me mensagem e eu organizo uma festa assim (nem que seja numa cave na Amadora….hehehe)

    Rui Silva ([email protected])

  • Anónimo

    Não é à toa que o único sitio em lisboa onde há travestis é o Finalmente e sempre com as mesmas caras Portuguesas e muitos estrangeiros. Quando alguém diz que não percebe como uma lata de sardinhas está quase sempre cheia, as respostas são simples: além de ser muito pequena, vive dos fins de noite do pessoal da prostituição masculina em apartamentos ou no Conde Redondo e vive muito dos taxistas e das recepções de hotel. Quando se pergunta por sitios gay para visitar à noite, indicam o Finalmente, porque para eles não existe mais nada que tenha homens a fazer de mulher, que é o que nas suas cabeças, acham que todos os gays querem ser e ver. Algum empresário da noite gay se lembrou de fazer operações de charme junto dos táxistas e nas recepções dos hoteis?

    E repito: não é à toa que o único sitio em lisboa onde há travestis é o Finalmente… As últimas gerações, mais letradas, endinheiradas e desempoeiradas, optam por diversões que nada tenham a ver com shows de travesti.

  • Pedro Dias

    Caro Rui Silva
    “A diferença tem principalmente a ver com uma muito maior desinibição do público e uma total falta de julgamento, permitindo a todos se divertirem como quiserem, desde que com respeito pelo outro. Não seria realista dizer que o ambiente desinibido e o factor sexo casual não são um dos (ou mesmo o) principais atractivos da La Demence.”
    Aqui é que está o busílis da questão levantada (para alem da geografia e da economia)!
    Nós temos organizado festas com tudo o que são os melhores organizadores de festas da Europa, que trazem tudo o que usam nessas festas, DJS, visuals, GOGO boys, ofertas, etc. etc.,, que contrariamente às nossas custam no mínimo dos mininos €20 sem direito a uma água, enquanto as nossas custam €12 com direito a duas bebidas, e na origem são um sucesso, e aqui também, mas com outro ambiente e a outra escala.
    Concordo que o local e a sua decoração influem, mas muito pouco.
    Nós costumamos dizer entre nós que quem faz a festa é o público!
    E o nosso público passa a fronteira (os que podem fazê-lo ou os que tem que fazê-lo) e transforma-se, mas cá dentro é o que é!
    E é assim como trabalhadores, como empreendedores, como turistas…
    Nós limitamo-nos a passar boa música, criar bom ambiente, proporcionar segurança e higiene, servir boas bebidas, ter staff competente, simpático e atraente, distracções e motivos (mais pretextos que outra coisa) para motivar as pessoas a saírem da frente dos computadores, dos i pads, e dos i phones, e virem até nós.
    Depois também temos um outro aspecto da questão, para o qual sou alertado constantemente pelos meus amigos e clientes estrangeiros que nos visitam, que conhecem bem o ambiente nocturno LGBT.
    Eles vêm e adoram, e dizem mal do que tem nos Países deles, tal qual nós!
    Alguns exemplos.
    Um amigo meu belga, passa as férias em Portugal com o namorado, há já vários anos. Sempre que cá está, vai sempre ao Bairro Alto, e muitas vezes ao TRUMPS. Quando um dia por acaso tivemos cá a festa de La Demence, disse-me que nem que lhe pagasse ele iria nesse dia ao TRUMPS, tal como nem lhe ocorre ir em Bruxelas.
    Outro exemplo, desta vez de um grupo de conhecidos de Londres, que também vem a Portugal passar férias e fins-de-semana (podem!), vão sempre também ao Bairro que adoram e ao TRUMPS.
    Neste último fim-de-semana, que fizemos uma festa da BEYOND de Londres, perguntaram-me porque é que nós gastávamos fortunas a trazer aquela gente de Londres, se as coisas cá eram muito melhores, e acabaram por não ir ao TRUMPS.
    Exemplos destes são centenas!
    Por outro lado, nós Portugueses ao vermos uma qualquer banalidade no estrangeiro, a nossa tendência natural é elogiar e ter pena que não haja igual ou parecido em Lisboa.
    “Mea culpa mea maxima culpa” que tem custado ao TRUMPS dezenas de milhares de euros!
    “Ou quem achar interessante enviem-me mensagem e eu organizo uma festa assim (nem que seja numa cave na Amadora….”
    Aqui está outro problema interessante!
    Tente contratar as melhores casas de Lisboa para essa festa, tipo LUX, MAIN, URBAN BEACH, PLACE, e não esconda que é para uma festa gay!
    Se conseguir serei pessoalmente seu parceiro num tal empreendimento!

  • Anónimo

    Se não aparecesse uma bicha das que andam na marcha do orgulho em fio dental e salto alto, é que ficava admirado.
    Sempre com qualquer-coisa-terminada-em-fóbico na boca. Deve ser obsessão.

  • Marquesa de Faro

    Não há aqui nenhuma transfobia. Os gostos mudam de geração para geração. Nos anos 60 os homens achavam piada ver outro homem vestido de mulher lá no meio do mato, na guerra de África, a fazer espectáculo e a fazer o gosto na cama à noite. Nos 70 e 80 muitos retornados e a liberdade trouxeram isto para a noite de Lisboa. Depois morreu. Para quem tem mais de 50 trás nostalgia. Quem tem menos de 40 costuma fugir de sítios com travestis. Por isso, por apostarem neste tipo de show, faliram todas as casas gay algarvias. E as que se aguentam com travestis fora do Algarve, hum nem vou comentar, toda a gente no mundo gay que esteja mais informada sabe o que se passa em algumas.

  • Marquesa de Faro

    Em Israel o Governo participou activamente na promoção de Telavive como destino gay. Poderíamos fazer o mesmo em Portugal agora que temos um Governo mais de Esquerda? Não se trata de «mamar» subsídios mas há coisas simples com grande significado e com custo insignificantes que a Sec. de Estado do Turismo poderia fazer.

  • Zé das fobias

    Anónimo @ 00:58
    Ter, 01/12/15

    Bicha transfóbica porquê?
    De TODOS os que actuam em Portugal e são umas 4 dezenas, só conheço 4 que são trans. 2 na zona de Lisboa, 1 no Porto e 1 no Algarve e destes 4, metade vive assumidamente da prostituição.

    Já estou como o outro comentador: andam sempre com uma fobia qualquer atravessada. Não gostar de ver shows de travecos ou trans é fobia porquê?
    Ursos não me atraem. Sou o quê? Ursofóbico?
    Não gosto de andar de barco. Sou barcofóbico?
    Afeminados não me atraem. Sou afeminofóbico?
    Não gosto e nem como carne de cavalo. Sou cavalofóbico?

    Irra, que há activismos balofos e vazios!
    Por isso é que às marchas Pride só vai uma minoria.
    Para ver o grupo Bichas Cobardes colado ao bloco de Esquerda e a toda à gente que tenha um cartaz com uma fobia qualquer, vou à praia.

  • Anónimo

    “O dezanove.pt é um espaço de informação aberto à diferença de opinião, mas não ao insulto e ódio, pelo que os comentários dos leitores estão sujeitos a moderação.”
    É o que se vê nestes comentários, não?

  • Filipe

    Não há aqui nada ofensivo. Censura? Não obrigado. Eu não gosto de travestismo, não aprecio e não gosto de locais com este tipo de espectáculo, não gosto da clientela e não gosto de algumas coisas associadas aos espaços. Sou obrigado a dizer que gosto e que é uma arte e para ser politicamente correcto? Arte criaram Miguel Ângelo ou Da Vinci. Além de não gostar constato que mais de 90% dos gays das novas gerações não acham piada nenhuma à coisa e evitam ao máximo locais do género.

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    Mudando de assunto. Moro no Reino Unido (este fds por acaso vim a Pt) e nos arredores da minha cidade, bem como no centro, não há nenhuma casa gay, contudo há pelo menos 4 ou 5 casas hetero que fazem uma festa gay por semana, e há casas hetero que de semanas a semanas também fazem uma festa gay. Será que o conceito funcionaria em Portugal? Por que não uma festa gay numa discoteca do Alentejo todos os meses? Os espanhóis de Badajoz iriam adorar. Ou na Covilhã? Ou no Algarve? Em Chaves? Coimbra? Estará a noite portuguesa preparada? Atenção: festa gay não implica travestis, nem de longe nem de perto. Há uns anos houve casas da noite algarvia que tentaram este conceito, mas para essas casas noite gay era sinónimo de travestis. Resultado? Não havia gays, mas sim heteros a gozar um travesti qualquer a fazer o seu número.

    Tenho a certeza que se fosse a Trumps ou a Zoom a organizar as coisas correriam bem.

  • Anónimo

    Não se trata de gostos, cada um tem os seus, mas sim de preconceitos. Diversos comentários aqui revelaram preconceitos. Inclusive um ataque a um colectivo LGBT e ao partido português que mais fez pelos direitos LGBT.