Eurovisão, 2022 numa perspectiva LGBTIQ+
Estamos novamente a viver tempos eurovisivos como é habitual em Março. Todas as 40 canções dos 40 países participantes nesta 66ª edição da Eurovisão estão submetidas e há algumas informações que deves saber.
A presença LGBTIQ+ na Eurovisão não é novidade. Vamos, por isso, analisar as canções mais relevantes desta edição que se realiza em Turim, Itália, entre 10 e 14 de Maio.
Austrália
A Austrália participa na Eurovisão desde 2015 dada a popularidade deste evento no país desde há muitos anos. O país faz-se representar pelo cantor Sheldon Riley com a canção “Not the Same” que podemos traduzir pela palavra “diferente”.
A letra desta canção está aberta a muitas interpretações, sendo que crescer como pessoa LGBTIQ+ é uma delas.
O cantor Sheldon Riley exprime uma certa extravagância na sua actuação com uma máscara de lantejoulas, unhas longas espelhadas e um longo vestido azul escuro além de alguma maquilhagem. Assiste ao vídeo:
Itália
A Itália faz-se representar este ano pelo concorrente de 2019, Mahmood, que ficou em segundo lugar. Desta vez é acompanhado em palco pelo cantor e rapper italiano, Blanco (Riccardo Fabbriconi). Ambos interpretam a canção “Brividi” (arrepios) que trata das inseguranças de alguém que não sabe amar.
No vídeo, filmado nos Países-Baixos, a história é contada entre o que aparenta ser uma relação entre dois homens que, talvez duma forma figurativa se transpõe no palco. Esta canção é considerada (actualmente) como uma das favoritas deste ano. Vê o vídeo:
Israel
Israel participa na Eurovisão desde 1972 e já ganhou por quatro vezes: 1978, 1979, 1998 e mais recentemente, em 2018, em Lisboa. A vitória de 1998 será lembrada pela primeira vitória de uma mulher abertamente trans: Dana International com a canção, “Diva”:
Este ano, Israel é representado pelo cantor Michael Ben David, com a canção I.M, foneticamente sugerindo “I am” (eu sou).
Michael identifica-se como gay e saiu do armário aos 16 anos. Michel terminou os estudos em arte de performance na escola de artes Beit Zvi em Telavive. Foi uma professora que lhe sugeriu concorrer e representar Israel na Eurovisão, segundo conta a ESCunited.com.
Vídeo do tema em baixo:
Malta
Segundo o “Rainbow Map” da ILGA Europe em 2021, Malta é o país europeu que mais respeita os direitos LGBTIQ+. Este ano, Malta mostra-se solidária com a causa da igualdade na nossa comunidade. Emma Muscat, a cantora que defende as cores de Malta este ano na Eurovisão, não desilude com a sua canção “I Am What I Am”. A ironia do título desta canção é ser o igual ao hino emblemático LGBTIQ+ dos anos ’70, “I Am What I Am” de Gloria Gaynor.
O vídeo é bastante explícito na sua inclusão queer e a letra da canção pode ser interpretada como um apelo ao amor próprio sem desculpas.
Vídeo em baixo:
São Marino
O São Marino apresenta-nos este ano de 2022 uma canção bastante diferente ao habitual. Até agora, São Marino tem apostado com bastante segurança nas canções que tem enviado à Eurovisão, mas há sempre excepções.
Este ano, São Marino envia uma canção em italiano, cantada pelo grupo punk, Achille Lauro chamada “Stripper”. O vídeo é sugestivo dum visual queer e, sim, o cantor acaba por tirar o blazer e ficar em tronco nu depois de trocar algum afecto com outro membro da banda.
Vídeo em baixo:
Portugal
Este ano, Portugal é representado pela cantora Maro com a canção “Saudade, Saudade”. A cantora manda um grande abraço a toda a comunidade LGBTIQ+ de Portugal. Estamos bem representados dado o seu excelente empenho no Festival da Canção no dia 12 de Março. Boa sorte, Maro!
Vídeo em baixo:
Ricardo Duarte, a caminho de Turim