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Eurovisão: a perspectiva queerovision do festival que adoramos

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O que é que música pop, schlager, hard-rock, lounge dos anos 90 têm em comum? São todos géneros musicais representados por artistas queer nesta 67ª edição do Festival Eurovisão da Canção. 

Sem excepção, são muitas e muitos as/os artistas abertamente LGBTIQ+ tal como as/os que deixam tudo em aberto, mas que piscam o olho à nossa comunidade seja pelo visual ou pelo discurso e actuação abertos a várias interpretações. Há muito talento que se vai revelar nas três noites da Eurovisão televisiva no dia 09 de Maio com a primeira semifinal, 11 de Maio com a segunda semifinal e a grande final no dia 13 de Maio na M&S Arena em Liverpool no Reino Unido. Vamos agora reflectir sobre alguns/mas artistas deste ano de países como a Sérvia, Croácia, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Bélgica e Alemanha.

Começando com artistas dos países que actuam na primeira semifinal:  

 

servia esc

A Sérvia é representada pelo artista Luke Black (Luka Ivanović, Лука Ивановић) é uma nova estrela no seu país e está a começar a ter reconhecimento internacional tendo atuado num concerto de lotação esgotada na China e tendo criado um espetáculo techno-opera na discoteca queer: Berghain em Berlim.  Luke Black tem um estilo de música descrito como indie-techno pop, e a canção que interpreta para a Eurovisão Samo Mi Se Spava (Estou com Sono) não desilude os fãs de música techno. Vejam a actuação do Luke na Preparty de Madrid: 

 

croacia

A Croácia está representada pela banda Let 3, com a canção Mama ŠČ. A banda Let 3 não é uma banda qualquer. É uma banda de cinco homens que se poderiam descrever como bears travestidos. São uma banda que originou na cidade croata de Rijeka e a sua canção “Mama ŠČ” é de um estilo fora da caixa, excêntrico e difícil de classificar. Esta banda sabe bem chocar o seu público tendo os seus elementos já actuado completamente nus. Lançaram e esgotaram o  álbum Nečuveno (Inédito), completamente em branco. Certamente, este grupo estará no olhar da EBU e provavelmente irá receber avisos a não chocar demasiado o público.

 

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A Suécia é uma das grandes favoritas deste ano de 2023. A grande vencedora da Eurovisão, 2012 em Baku no Azerbaijão, Loreen está de volta. A sua canção “Euphoria” é uma das vitórias recentes mais bem-sucedidas tendo chegado a êxito global como poucas outras canções atingiram. Este ano, a Loreen pisa de novo os palcos da Eurovisão com a canão “Tatoo” e está no topo das apostas como potencial vencedora

Em 2017, a Loreen assumiu-se publicamente de forma natural e sem grande circunstância no programa de entrevistas sueco chamado “Renées brygga” (A Ponte do Renée) declarando que se identifica com mulher bissexual

 

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A primeira semifinal no dia 09 de Maio termina com o rapper finlandês Käärijä com a música Cha Cha Cha que também é uma favorita a ganhar e vai por todes a abanar o capacete. Cantada em finlandês, a música é uma curiosa fusão de rap, eletrónica, schlager e metal. O vídeo apresenta-o num ringue de luta em onde acaba por revelar estar a lutar contra o seu alter ego travestido. A interpretação cabe a cada uma ou um interpretar mas um pormenor curioso é que Käärijä, tanto no vídeo como em público tem sempre as unhas pintadas de verde alface do mesmo tom que o fato que usa no vídeo e em palco além de aparecer sempre de tronco nu.  

Käärijä nunca se afirmou publicamente sobre a sua orientação sexual ou identidade de género, mas o seu estilo parece estar a tentar atrair adeptos com o seu corpo. 

 

 

denmark.jpeg

Continuando a nossa saga (mas não de fogo) eurovisiva; a segunda semifinal realiza-se como já mencionado na noite 11 de Maio. Uma das actuações mais curiosas poderá ser a da Dinamarca. Este país escandinavo faz-se representar por Reiley. O Reiley é originário das remotas ilhas Faroé, mas consegue muito bem internacionalizar-se pela sua ligação aos fãs por toda a Europa e mais além com 11.1 milhões de seguidores no Tik Toc. Tem grande êxito na Coreia do Sul devido aos vários singles que já lançou.

O Reiley é um cantor com uma imagem jovem e andrógena, mas não partilha muito sobre a sua vida pessoal publicamente. Como se diz em inglês: You be the judge. 

O Reiley é o primeiro artista a actuar na segunda semifinal.  

 

belgica

A Bélgica é representada pelo artista Gustaph (Stef Caers), identificando-se como homem gay, é algo que não esconde. Gustaph é casado com o seu marido Roen. O estilo do Gustaph pode-se classificar como de dança eletrónica inspirada nos anos 90 e a música que leva à Eurovisão “Because of you” (por causa de ti) demonstra claramente o seu estilo.  Segundo o Gustaph, a música é dedicada à comunidade LGBTIQ+, referindo-se aos nossos ídolos que nos dão força,  inspiração e coragem para sermos nós próprios e celebrarmos. O próprio vídeo é bastante explícito enquanto ao orgulho LGBTIQ+ em oposição à vergonha, valorizando a auto-estima com bailarinas/os LGBTIQ+ e algum travestismo. 

Gustaph apresenta o seu marido ao mundo durante as filmagens dos postais. 

 

 

germany

Sendo a Alemanha um dos países dos Grandes 5, são automaticamente apurados para a final e apenas actuará uma vez no grande final dia 13 de Maio. Como tal, este ano são os “Lord of the Lost”, uma banda de metal industrial de Hamburgo a representar a Alemanha.  O visual desta banda pode-se descrever como fluido a nível de género (e música) juntando e misturando todos os géneros. A própria música “Blood and Glitter”  alude à purpurina (glitter) muito usada no travestismo, tal como exemplificam. 

 

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A Eurovisão não estaria completa sem a menção à nossa Mimicat (Marisa Mena) que representa as nossas cores este ano em Liverpool com a música “Ai Coração”. Uma música animada que mistura elementos da música popular portuguesa com flamenco e can-can, numa produção de cabaret-burlesco. Portugal actua em quinto lugar na primeira semi-final no dia 09 de Maio. Quando a Mimicat ganhou o Festival da Canção em Março deixou uma  mensagem de apoio para a nossa comunidade refereindo que como qualquer outro grupo minoritário ou ostracizado devemos acreditar naquilo pelo que lutamos e não devemos desistir. Por isso, Força Mimicat, Força Portugal!

 

Temos muito por onde escolher este ano. Desde música electrónica a metal passando por pop e schlager tudo representado por muitas figuras LGBTIQ+ que marcam uma grande presença no Festival da Eurovisão da Canção, 2023. Qual é a tua favorita? Quem irá ganhar? Isso determinamos nós as/os telespectadoras/es pelo voto ao longo das três noites da Eurovisão, 09, 11 e 13 de Maio. Boa sorte a todes, que ganhe a melhor canção. 

 

Ricardo Duarte, a caminho de Liverpool

 

Fontes:

https://eurovision.tv (Fotos)

https://flaunt.com/blog/reiley

https://www.aussievision.net/post/eurovision-2023-getting-to-know-gustaph 

Fotos da Mimicat: Jorge Simão