James Wharton, ex-militar e activista do direitos LGBT, está a gerar polémica no Reino Unido depois de defender, num artigo de opinião publicado na revista Winq, o fim das saunas gay. “As saunas de sexo têm de passar à história. Chegou a altura de serem encerradas”, defendeu Wharton, que ficou famoso por ter sido o primeiro militar homossexual a ser capa da revista especializada Soldier. Foi ainda capa da revista gay Attitude e publicou o livro “Out In The Army”.
Na sua opinião, para que o estilo de vida homossexual seja aceite como “o novo normal”, a comunidade gay terá de evitar estes locais, que são descritos por Wharton como “espinhos que marcam a nossa comunidade como diferente pelos motivos errados”. E acrescentou: “Para mim, como homem gay, revolta-me a ideia de que exista dentro das nossas comunidades uma série de locais que promovem activamente a convocação de homens gays para a participação em sexo de todas as formas e em grupos de todo o género. Não sou puritano, nem nada do género, mas os dias em que nos reuníamos de forma clandestina para criar uma rede ou para ter um contacto sexual estão certamente muito distantes.”

Ouvidos pelo jornal The Independent, vários especialistas contestaram esta posição. Matthew Hodson, que dirige a associação GMFA, não acredita que o fim das saunas mudasse as práticas sexuais. Este responsável sustenta que as aplicações de telemóvel vieram facilitar os encontros sexuais casuais – tanto para gays como para heteros. Também Jason Warriner, director clínico do Terrence Higgins Trust, acredita que, a encerrarem, seria o fim de um local onde, no Reino Unido, é difundida muita informação relacionada com questões e infecções de índole sexual. Já o activista Peter Tatchell vai mais longe: “Seria muito errado que a comunidade gay quisesse proscrever ou se tornasse moralista sobre comportamentos consentidos entre adultos. A maioria dos gays e bissexuais que frequentam saunas não recorrem a drogas ou a sexo desprotegido”, apontou.
4 Comentários
Miguel
Percebo o ponto de vista do James Wharton, embora não concorde completamente com ele.
Nunca frequentei – nem tive grande curiosidade em o fazer até á data – uma sauna gay e percebo que para quem está fora do assunto, Talvez passe uma ideia mais promiscua da comunidade gay.
Não vejo mesmo assim os frequentadores como pessoas mais promiscuas que outros que nunca lá tenham posto os pés, mas pratiquem sexo casual por todas as outras vias possíveis e imaginárias, sejam gays ou héteros.
Mesmo que se fechem todas as saunas gays – com a desculpa de “Ah e tal é por causa das doenças” E “Para melhorar a forma como a comunidade é percepcionada” – os críticos simplesmente mudarão o foco das criticas para outro lado até porque a promiscuidade não deixaria de existir por se acabar com uma via especifica, principalmente com a facilidade que há agora em marcar sexo casual sem precisar de ir a locais especificos, com o grindr, o Manhunt e por aí fora.
André
Não percebo o porquê da polémica. É uma opinião bastante comum, tenho a certeza que se apurassem as opiniões em Portugal iriamos ter uma grande representatividade a pensar o mesmo.
Felizmente isto vale o que vale, uma simples opinião pessoal que acaba por limitar à “vida gay” (seja isso o que for) as práticas de encontros e experiências pessoais de cada um.
Se formos a ver na “vida heterosexual” também existem muitas saunas. Não se chamam é saunas.
Retratar a comunidade homossexual como algo imaculado, não me parece o caminho para combater a discriminação. Aqui a homofobia junta-se ao tabu do sexo. Não misturemos as coisas.
João Brito
Eis que este post é um excelente “barômetro” da diversidade numa comunidade. É bom que exista diversidade de pensamento e opinião. O que não é bom é esta intolerância à diferença. A intolerância dos “machões” que têm medo de ser confundidos com “os que se vestem de mulher”. Choca-me que estes “machões” intolerantes lutem pela homonormatividade, ou seja, uma comunidade gay que discrimina e exclui os próprios homossexuais que não se encaixam dentro de um determinado perfil geracional, estético e cultural. Até já… na sauna ou no bordel!
David Silva
Sem querer ofender ninguém, eu sempre achei que ser homossexual é diferente de ser “bicha”. As duas coisas confundem-se bastante na sociedade, e a homossexualidade é bastante mal vista em grande parte por se pensar que um gay é necessariamente feminino e se comporta ou tenta comportar como o sexo oposto, que isso é que é incompreendido.
O mais correto seria definir convenientemente homossexual, distinguindo quem se revê na imagem da mulher.