Mais de duas dezenas de associações e uma centena de activistas e figuras públicas estão contra a proposta do deputado André Ventura de criar um “plano específico para as comunidades ciganas em matéria de saúde e segurança durante a pandemia de covid-19”, avançou o Público. O líder do Chega é acusado de promover o “de incitamento ao rancor”.
Nomes como a cineasta Leonor Teles, o futebolista Ricardo Quaresma e políticos como Pedro Bacelar de Vasconcelos, Catarina Marcelino, Elza Pais, Ana Gomes e Helena Roseta juntaram-se a este movimento, a par de várias associações, como a SOS Racismo, a ILGA, a UMAR ou a APAV.
“Só nos lembra a Alemanha e as práticas nazis”, justificou ao Público Bruno Gomes Gonçalves, vice-presidente da associação de promoção da comunidade cigana Letras Nómadas. “Apesar da onda negra nas redes sociais, sabemos que não estamos sozinhos”, reforça. “E temos que colocar um travão nisto. Hoje são os ciganos, amanhã são os negros, os membros do movimento LGBT, os imigrantes, os refugiados, os antifascistas”, completa o mesmo responsável.
Como contextualiza o Público, André Ventura escreveu aos líderes dos partidos de direita com assento parlamentar – Rui Rio (PSD), Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) e João Cotrim Figueiredo (Iniciativa Liberal), pedindo apoio para uma iniciativa legislativa que juntaria toda a ala direita da Assembleia da República. Essa abarcaria um “levantamento urgente” sobre a “composição, quantificação e localização das comunidades ciganas em Portugal” e um “plano específico”, com “mais policiamento junto das zonas de residência dessas comunidades, maior investimento em acções de formação e sensibilização e regras de confinamento específicas”.
A proposta do deputado do Chega tem como pretexto um foco de contaminação de covid-19 no Alentejo e desacatos e actos de vandalismo durante uma manifestação na Figueira da Foz, que envolveram comunidades ciganas locais.
Foto: Partido Chega
Um Comentário
Lobo
Infelizmente é verdade. Caminhamos para algo muito perigoso… onde todos nós temos um papel muito importante em denunciar os “Venturas” desta vida. O tempo de ficarmos “isentos” e ter um comportamento à “Suíça”, acabou. Ninguém tem dúvidas do que virá a seguir aos “ciganos”, aliás bastará ler o programa do “Chega!” para perceber onde eles querem chegar. O Ventura quer ter poder para mandar porque é um tonto perigoso que tem um ego gigante, e aqueles que estão com ele querem impor a sua visão de sociedade e não vão olhar a meios para isso. Se começarmos (ou continuarmos) a combater este fenómeno anti-democrático junto dos “nossos” e dos nossos diferentes círculos, já estaremos a contribuir para desmascarar tudo isto. Não vai ser fácil, mas é necessário.