Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Dezanove
A Saber

Em Portugal e no Mundo

A Fazer

Boas ideias para dentro e fora de casa

A Cuidar

As melhores dicas para uma vida ‘cool’ e saudável

A Ver

As imagens e os vídeos do momento

Praia 19

Nem na mata se encontram histórias assim

Homossexuais no Futebol: Douro Bats, "a equipa que nos aceita como somos"

Douro Bats

Homossexuais no futebol: É um dos maiores tabus da sociedade portuguesa. No país que "vive" para o futebol está a surgir uma equipa  que joga contra o preconceito e onde, precisamente, a orientação sexual não é um factor tabu.

Fomos conhecer os Douro Bats, uma equipa constituída por uma maioria de rapazes e, para já uma rapariga. Na equipa há atletas de nacionalidade portuguesa, alguns brasileiros e oriundos um pouco de toda a parte. Há médicos, gestores, psicólogos... um grupo de grande diversidade, representando aquilo que querem defender: "somos todos".

 

dezanove: Quando é que tiveram início os treinos do Douro Bats e o que pretende esta nova equipa de futebol amador radicada Porto?
Vítor Gonçalves (Douro Bats): Os Douro Bats são uma equipa que nasceu no Porto em Novembro de 2021, e que pretende ser uma equipa de carácter inclusivo, especialmente direccionada à comunidade LGBT+. Dito isso, convém referir que não existe qualquer critério de orientação sexual ou género para ingressar na equipa. O nosso grande objectivo é formar uma equipa que nos aceite como somos enquanto praticamos o desporto de que gostamos.

 

Têm sido muito procurados por atletas que procuram jogar futebol sem preconceitos dentro e fora das quatro linhas? 
Sim, neste momento já mais de 20 atletas diferentes passaram pelos treinos dos Bats, e temos regularmente 14/15 pessoas em cada treino. O facto de podermos ser nós mesmos ajuda a trazer as pessoas, e o ambiente é sempre descontraído e divertido. 

 

Por que ainda faz falta uma equipa destas em Portugal? Os vossos golos também são contra o preconceito? 
Tenho de pedir desculpa a quem está dentro deste desporto e não se identifica com o que escrevo, mas a verdade é que ainda existe muita homofobia e machismo dentro do futebol. A idealização do homem insensível e pouco compreensivo parece, por razões culturais, estar especialmente enraizada dentro deste desporto. 

 

Tenho de pedir desculpa a quem está dentro deste desporto e não se identifica com o que escrevo, mas a verdade é que ainda existe muita homofobia e machismo dentro do futebol.

 

E isso abre um problema enorme, não só para quem é de minorias sexuais como para quem não se identifica com essa atitude. E é aqui que refiro outro dos nossos objectivos: nós queremos quebrar esse ciclo. 

IMG_20220114_003002.jpg

 

Como tem sido a reacção dos jogadores das equipas adversárias? E no decorrer dos jogos já ouviram comentários homofóbicos? O que aconteceu e como se combate (deveria combater) isso?
Para já ainda não tivemos nenhum jogo contra equipas adversárias, é um projecto ainda muito no início. O objectivo será, no futuro, entrar em alguma competição amadora. Não gosto de ser pessimista, mas digamos que futuras reacções homofóbicas são uma hipótese que não podemos descartar. Vamos ter de construir um núcleo forte, unido, para saber lidar com essas adversidades.

 

Têm recebido apoios?

Ainda não temos apoios, e será algo que nos ajudaria muito a construir uma equipa mais coesa. 

 

Quem se quiser juntar ou apoiar os Douro Bats o que deve fazer? 
Quem se quiser juntar pode enviar email para dourobats@gmail.com ou mensagem para o Instagram da equipa. 

 

Seria importante mais jogadores de futebol e atletas em geral em Portugal falarem publicamente da sua orientação sexual ou identidade de género LGBTI? Por quê?
Seria importantíssimo que houvesse abertura para que todos pudessem ser eles mesmos dentro do futebol. Se imaginarmos a luta pessoal que um jogador da primeira Liga teria de fazer para assumir um casamento homossexual, rapidamente percebemos o trabalho que há a fazer. E, por vezes, a sociedade é quem instiga as grandes personalidades a tomar a atitude mais corajosa, criando um ciclo de abertura e de compreensão extensíveis a muitos campos da vida em sociedade - a luta LGBT+ é uma luta de direitos humanos. 

Entrevista de Paulo Monteiro