Identidade de Género para Totós
Este artigo pretende demonstrar de forma simples e acessível o que é a identidade de género, um conceito muitas vezes mal compreendido. Embora seja um tema complexo que envolve ciência, biologia e sociologia, o objectivo aqui é torná-lo mais claro e fácil de entender.
Cientificamente
Comecemos pelo básico: cromossomas. O que são os cromossomas?
Os cromossomas são estruturas localizadas no núcleo das células que contêm o nosso material genético. No contexto do sexo biológico, é comum ouvir que apenas existem dois tipos: XX (associado a mulheres) e XY (associado a homens). No entanto, esta ideia está errada. Estudos científicos demonstram que existem diversas variações cromossómicas além do XX e XY, como XXY, XYY, XXX e outras. Estas variações são conhecidas como aneuploidias dos cromossomas sexuais e mostram que a biologia do sexo não é uma questão binária simples.
Aqui ficam alguns exemplos de variações cromossómicas conhecidas:
- XXY: Síndrome de Klinefelter, onde uma pessoa tem características masculinas, mas com algumas características físicas femininas.
- X0: Síndrome de Turner, em que uma pessoa nasce com um único cromossoma sexual X e onde pode, por exemplo, ter baixa estatura, tórax mais largo e seios mais afastados.
- XXX: Síndrome do Triplo X, onde a pessoa pode ter uma estatura acima da média, algumas dificuldades motoras ligeiras como sentar, andar.
- XYY: Síndrome de Jacob.
- XXYY: Outra variação que pode afectar características físicas e comportamentais.
https://carta.anthropogeny.org/moca/topics/sex-chromosome-aneuploidies?utm_source
https://bmcresnotes.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13104-020-05009-1?utm_source
Biologicamente
A identidade de género não é determinada exclusivamente pelos cromossomas ou pelo sexo atribuído à nascença. Estudos científicos indicam que a identidade de género resulta de uma combinação de factores biológicos, hormonais e neurológicos. Estudos sugerem que existem variações naturais no desenvolvimento humano que influenciam a forma como cada pessoa experimenta e expressa a sua identidade de género.
A diversidade de identidade de género é um fenómeno natural e tem sido documentada em várias culturas e períodos históricos. Dessa forma, não deve ser vista como um desvio ou anomalia, mas sim como parte da complexidade da experiência humana.
Fonte: https://www.nature.com/articles/s41598-017-17352-8
Sociologicamente
Sociologicamente, a identidade de género é muito influenciada pela cultura, pela sociedade e pelas expectativas externas. Desde muito jovens, somos ensinados a associar certas cores, brinquedos, comportamentos e até profissões a um género específico. Esses "papéis de género" são sociais e não biológicos, ou seja, não têm nada a ver com a nossa anatomia, mas sim com a maneira como a sociedade espera que nos comportemos.
No passado, a sociedade tinha uma visão muito rígida de como homens e mulheres deveriam comportar-se. Porém, com o tempo, mais e mais pessoas começaram a questionar esses papéis tradicionais. Hoje, muitas pessoas sentem-se mais livres para expressar o seu género de uma forma que não se encaixa nos moldes tradicionais.
Alguns exemplos de identidade de género:
- Homem
- Mulher
- Não-binário
- Genderqueer
- Outros termos culturalmente específicos
Fonte: https://academic.oup.com/tbm/article/14/1/13/7130278?utm_source
O reconhecimento e a aceitação da diversidade de género são fundamentais para a inclusão e o respeito pelos direitos humanos.
Mas, mais importante que tudo, a tua opinião não refuta factos científicos. A partir do momento em que uma opinião pode ferir, melindrar ou magoar outra pessoa, ou mesmo questionar o modo como ela vive a sua vida, passa a ser uma forma de agressão.
Diogo Araújo