Arisa é o nome de umas festas que se realizam em Telaviv, Israel, e cuja organização tem produzido uns vídeos bastante curiosos para as divulgar. A próxima é já esta quinta-feira, 26 de Maio, e está subordinada ao tema futebol. Os vídeos, realizados por Omer Tobi, levantaram bastante curiosidade, mas também alguma polémica em Israel.
Um dos últimos vídeos divulgados no início do ano, que mostrava um homem vestido de mulher a ser espancado, foi considerado “confuso” e “perturbante” pela imprensa israelita. Os autores afirmaram, então, ter ido buscar inspiração às três religiões monoteístas que condenam a homossexualidade.
3 Comentários
Marquesa Amélia
O único livro que condena a homossexualidade de forma explícita é o Levítico, e a maior parte das regras lá inscritas já não são seguidas pelo povo judaico. A sociedade israelita é uma das mais tolerantes e abertas do mundo em relação à homossexualidade, e a maior parte da população apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adopção por casais do mesmo sexo. Vários artistas pop de sucesso são assumidos publicamente, e o próprio estado israelita apoia financeiramente a divulgação de Telavive como destino turístico LGBT. E nos EUA, os judeus têm tido um papel muito importante na defesa dos direitos LGBT. Somente os judeus ortodoxos condenam abertamente a homossexualidade, mas são uma minoria fundamentalista com pouquíssima expressão. O judaísmo é bem mais tolerante que o cristianismo, e de longe, muito mais tolerante que o islamismo. Por isso, não suporto quando vejo muitos activistas LGBT portugueses criticarem Israel e defenderem cegamente a Palestina. Tomara que a sociedade portuguesa fosse tão avançada quanto o povo judeu.
Joao
Os vídeos são do mais cómico que já vi!!! É o humor característico do médio oriente! De ”escachar” a RIR! lol
É pena não haver umas legendas em inglês para ajudar à festa.
cumps
JRosa
Pois. Se calhar, então, é isso o que nos diferencia. É que eu, enquanto activista LGBT e, inclusivamente, defensor dos direitos e deveres em posições de índole política, não posso apenas olhar para essa característica do estado zionista de Israel. Não defendo cegamente a Palestina, defendo-a com muito pensamento, esclarecimento e muita história em cima. Acuso Israel de alguns dos maiores crimes contra a humanidade actualmente. Aponto o dedo a esse estado ocupacionista sem qualquer tipo de pudor nisso.
Sim, claro que a Palestina já teve as suas culpas no cartório. Não nego isso. Mas, da mesma forma que não olho para a Espanha de agora com os olhos de quem vê lá o Franco, também não olho para a Palestina com os olhos de quem ainda vê o que aconteceu em Munique.
Se a Palestina, por ser muçulmana, nunca, ou muito dificilmente, entregar o apoio que Israel entrega à comunidade LGBT, isso será uma luta a travar mais tarde. A luta imediata é a que interessa, que é a rejeição da agressão dos zionistas israelitas ao povo palestino e a concessão de um estado soberano a esse povo, não por “direito divino” ou “porque assim está escrito”, mas porque é de seu legítimo direito terem um estado, um país e uma identidade que lhes foi roubada e escorraçada. Esta é uma luta que deve interessar a todos os LGBT – como me interessa a mim – e creio que devíamos prestar mais atenção ao que se passa na globalidade do que olhar apenas para os nossos umbigos e apenas para os assuntos LGBT (embora isso, claro, também seja essencial) – com todo o respeito por esta publicação online, que é das que mais respeito, e que cumpre imensamente bem o seu propósito.