a fazer

Joaquim Monchique: “Tudo serve para o humor”

É um actor multifacetado, com personagens inesquecíveis quer no teatro, quer na televisão: Pilita ou Bicha Antiga são algumas que ainda fazem eco na memória de todos. Entra todas as semanas pelas nossas casas a dentro no hilariante programa Donos Disto Tudo.  Até dia 10 de Abril é o todo poderoso “God” no Auditório dos Oceanos, em Lisboa. No meio de uma agenda apertadíssima, entre ensaios e gravações, conseguiu dar uma entrevista exclusiva ao dezanove.pt.

Joaquim Monchique para conhecer de perto aqui:

 

 

dezanove: Ainda vamos ver o Joaquim Monchique num registo mais sério ou o humor é mesmo a praia onde se sente completo? 

Joaquim Monchique: Eu faço o mais difícil que é o humor. É o mais complicado fazer. Por isso é que há tantos actores para outras coisas e para o humor quase são sempre os mesmos. É uma característica, já disse isto várias vezes: “é como nascer com olhos azuis”. Ou se nasce ou não se nasce: são os timings, que não se ensinam. É como aquelas pessoas que contam anedotas e há algumas que já sabemos o final, mas as pessoas contam tão bem que ficamos deliciados a ver. E há outras pessoas que começam a primeira frase e a pessoa já se quer ir embora. O humor no fundo é uma característica. Os registos mais sérios já fiz, ganhei todos os prémios possíveis. Já fiz as peças sérias, os clássicos como o Romeu e Julieta de Shakeaspeare, mas o humor é o mais difícil e é o que as pessoas levam no coração.

 

Onde se inspira para as suas personagens?

Tudo me inspira na vida. Acho que tenho uma capacidade enorme de observação. Estou sempre on, estou sempre ligado e não faço distinção entre nada. Tudo é plausível. Vou desde desde um reality show a Puccini. Tudo me inspira e tudo me fascina. Vou desde o trash até ao muito bom. A vida real supera sempre a ficção.

 

Como foi a sua adolescência? Passou por situações de bullying? 

Não passei por situações de bullying. Aliás era eu que provocava o bullying. A minha infância e adolescência foram gloriosas.Brinquei muito na rua, viajei muito com os meus pai que me abriram a cabeça para as diferenças culturais. Sempredesde pequeno entendi as diferenças como um fascínio nunca com olhei com desprezo. Como dizia o Oscar Wilde “viajar quebra tabus” e portanto nunca fui vítima de bullying porque era só o que faltava.

 

Joaquim Monchique Bicha Antiga Pilita Herman.jpg

Nessa altura já sabia que queria ser actor?  

Desde sempre. Desde que tinha seis anos, foi a primeira vez que pisei um palco. Foi aí que as minhas brincadeiras mudaram.Queria ser piloto de aviões ou arquitecto, mas depois de ouvir risos e palmas o chip mudou e ficou até hoje. Sempre quis ser actor.

 

Muitas das suas personagens televisivas ficaram na memória colectiva dos Portugueses: a extravagante Pilita ou a mordaz Bicha Antiga, são apenas dois exemplos. Algumas delas que ainda pode voltar neste novo programa Donos Disto Tudo?

Muitas das personagens têm a ver com os autores que as escrevem ou com direitos de autor. No caso da Pilita com o Herman, no caso da Bicha Antiga com os autores do Estado de Graça e nós neste programa temos autores novos e isso tem a ver com direitos autorais, embora a Bicha Antiga já tenha aparecido no Donos Disto Tudo.

 

Talvez devido ao sucesso dos schetches das “Bichas Modernas” aquando do programa “Estado de Graça”, e que muitas vezes suplantaram o próprio nome do programa, há quem as queira ver de volta. Sabia que há um grupo no Facebook que apela ao regresso das personagens dos sketches “Bichas Modernas”? Será que elas voltam? 

Não sabia que havia um grupo no Facebook. Não tenho tempo para ir ao Facebook. Tenho uma vida tão atribulada entre teatro e televisão ao mesmo tempo e coisas que faço, mas vamos ver se voltam. Adoro fazer esse personagem!

 

Na altura dos sketches da “Bichas Modernas” houve várias queixas ao Provedor da RTP por ser considerado ofensivo para os homossexuais. O que lhe apraz comentar em relação a isto? Foi-lhe dado oportunidade/tempo de antena suficiente para explicar o seu trabalho humorístico? Acha que há muito fundamentalismo dentro da comunidade LGBT?

Há muitas pessoas que a única coisa que sabem fazer é falar mal e não fazer as coisas. O humor vive tanto de homossexuais, como de taxistas, porteiras, primeiros-ministros, presidentes, tudo serve para o humor. Acho sim, que na comunidade LGBT, as pessoas são muito mais informadas e muito mais liberais e mais inteligentes que percebem que aquilo é uma brincadeira sobre um sector, uma gaveta da sociedade. Portanto nem ligo para aquilo que as pessoas acham. Ofensivo são as figuras que as pessoas fazem no meio da rua.

Joaquim Monchique God Donos Disto Tudo.jpg

Considera que as suas personagens ajudaram a sociedade a desconstruir os mitos e linguagens das pessoas LGBT em Portugal?

Não tenho juízos de valor sobre nada. Como já expliquei mais atrás tudo é plausível. Não se vai catalogar as pessoas por gostarem de A ou B ou C ou D. Isso como a mim não me interessa, o que me interessa é que sejam profissionais ou talentosos que é o que as outras pessoas deviam achar também. Mas como há pessoas com a cabeça muito pequenina e são muito pouco informadas…  uma das características do nosso povo é ser muito pouco informado e não se devia preocupar tanto com a galinha da vizinha. Os Portugueses são muito preocupados com isso e eu falo nisso no espectáculo “God”, em que o God vem à Terra e, pura e simplesmente, desanca nos humanos porque eles se preocupam com coisas que não têm interesse nenhum.

 

Entrevista de Paulo Monteiro

 

25 Comentários

  • Senhor Anónimo

    Quase toda a comunidade LGBT vê estes sketch’s como uma critica às “bichas modernas”.
    Infelizmente, ainda não perceberam e nunca vão perceber, que um dos target’s que é mais criticado é o dos transformistas da velha guarda e o seu pequeno mundo de playback’s e strass em que julgam “dar” mulheres lindíssimas, quando não são muito diferentes das matrafonas de Torres Vedras.
    Felizmente, este mundo está há muito em agonia e a Catedral Mister Gay até já faliu.
    Mais um passo para a sociedade perceber que não somos todos Valérias Vaninis.

  • Anónimo

    Oh comentador tolo… Transexualidade e transformismo n sao a mm coisa… e sao homens, como e q podia ser misoginia??? mas se chama a alguem bicha, isso ja n e homofobia?

  • Anónimo

    “sao homens, como e q podia ser misoginia”
    A ideia de que homens são inferiores por vestirem roupas “femininas” é misógina. É difícil perceber isso?
    “mas se chama a alguem bicha, isso ja n e homofobia?”
    Embora o termo “bicha” seja muitas vezes usado de forma pejorativa, diversos colectivos LGBT portugueses têm procurado reapropriar esse termo, dando-lhe uma conotação positiva (à semelhança do que o activismo LGBT anglo-saxónico fez com a palavra “queer”). O comentário anterior não era de forma alguma homofóbico, visando sim criticar a misoginia e a transfobia na comunidade LGB.

  • Anónimo

    “A ideia de que homens são inferiores por vestirem roupas “femininas” é misógina”
    – o comentário nem sequer diz que são inferiores por vestirem roupas femininas, você é que o diz. Você é que é misógino.

    Eu, por exemplo, nunca achei que são inferiores, acho é uma profunda tristeza existir isto em bares gay Portugueses:

    https://www.youtube.com/watch?v=miwx6M39eIs

    e só me faz lembrar isto:

    https://www.youtube.com/watch?v=soeS98ai5Hk&feature=youtu.be&t=49s

    no entanto, quem carregou o vídeo – uma página que se chama, pasme-se, Traveca Like’s…, só achou piadinha ao Herman ter mencionado a Cindy Scrash.

    E ainda acho mais: todas estas pessoas “transformistas” não são bem resolvidas e na verdade não têm coragem para dar o passo para a transexualidade. Passam os dias tristes e infelizes na pele de homem e quando vestem um trapito, um salto alto e se pintam, é vê-las a irradiar felicidade e prazer e a perder a timidez. No fundo, no fundo, estão a enganar os outros com a ideia de que são artistas, quando na realidade tiram prazer e satisfação quando se travestem.

    Quem anda sempre com a transfobia na boca, é quem passa no Conde Redondo e assobia para o lado. Descriminam, mas os outros é que são transfóbicos. Nem sequer querem perceber que a esmagadora maioria das mulheres trans em Portugal vive da prostituição. Podia dar uma centena de nomes, mas era entrar na privacidade das pessoas. Pesquise e encontra vários sites Portugueses que se dedicam à venda, sim venda, de sexo com mulheres trans. E mais, muitas dessas mulheres trans, também fazem ou fizeram shows de transformismo, coisa que nunca percebi, porque nem sequer faz sentido e é negar a sua própria transexualidade. Podia dar-lhe dezenas de exemplos, mas seria outra vez entrar na sua privacidade, embora a maioria não esconda.
    E o que fazem as pessoas como você, que passam a vida a chamar transfóbicos aos outros, para ajudar a tirar esta gente da prostituição? NADA! Aparece no Dezanove e dispara sempre a mesma coisa a ver se pega.

    O transformismo estar em extinção, e só não está mais por causa das várias vagas de emigração Brasileira, é um facto.

    Não gosto mesmo nada de perguntar nas recepções de hotéis Portuenses ou Portimonenses por bares gay e dispararem: ah, casa de travestis há na rua X. É que nem lhes passa pela cabeça, que uma pessoa gay possa querer divertir-se a dançar e beber uns copos, só quer é ver homens vestidos de mulher a fazer playbacks.

    Devemos ao transformismo muita coisa ruim e preconceito da sociedade.
    Até a velha questão: quem é que faz de mulher?

    Nota: não confundir queer com bicha porque não são a mesma coisa e está a ser homofóbico

  • Pardo

    Além de tolo é troll e comentador profissional no 19. Nunca comenta os posts. Só comenta os comentários aos posts. Deve-se ignorar porque só escreve disparates e aparece com vários nicks mas o palavreado é sempre o mesmo.

  • Anónimo

    Como é que o comentário do utilizador Pardo foi aprovado? Administradores do dezanove, para quem diz que o dezanove.pt não é aberto ao insulto e ao ódio, não é o que parece quando aprovam este tipo de comentários.

  • Senhor Anónimo

    Solução para internet troll’s: ignorar.
    A resposta é o seu alimento.

  • Anónimo

    “- o comentário nem sequer diz que são inferiores por vestirem roupas femininas, você é que o diz. Você é que é misógino.”
    Você sabe ler? Parece que precisa de voltar para a escola primária.

    “E ainda acho mais: todas estas pessoas “transformistas” não são bem resolvidas e na verdade não têm coragem para dar o passo para a transexualidade.”
    Pronto, tinha que vir a bicha transfóbica fazer cisplaining e acusar outras pessoas de não estarem “bem resolvidas”.

    “Devemos ao transformismo muita coisa ruim e preconceito da sociedade.”
    Ah claro, porque a culpa do preconceito não é dos homofóbicos nem dos transfóbicos, é mesmo de quem apenas quer viver a sua vida. Lógica brilhante!

    “Nota: não confundir queer com bicha porque não são a mesma coisa e está a ser homofóbico”
    Não largue a droga que não é preciso.

  • Anónimo

    o modus operandi deste comentador é sempre o mesmo. aparece 1º a mandar uma boca e é sempre alguma acusação ofensiva como transfobia, misoginia ou homofobia e remata noutros comentários com mansplaining e cisplaining. depois fica na moita à espera que lhe respondam e fica muito ofendido com o Dezanove por ter aprovado as respostas

  • Anónimo

    “Solução para internet troll’s: ignorar.
    A resposta é o seu alimento.”
    Olhe que os seus comentários não são muito melhores que os das bichas misóginas e transfóbicas.

  • Anónimo

    Como é que o comentário do utilizador Anónimo @ 20:36 foi aprovado? Administradores do dezanove, para quem diz que o dezanove.pt não é aberto ao insulto e ao ódio, não é o que parece quando aprovam este tipo de comentários.

  • Anónimo

    O Dezanove tem que rapidamente implementar os comentários com Facebook, como a maioria dos sites.
    A mesma pessoa que escreve o segundo comentário – “Olha uma bicha misógina e transfóbica” – desestabiliza com este e os seguintes, toda uma discussão que até prometia ser interessante. Ou começam a topar os comentários desta pessoa e não os aprovam ou correm o risco disto perder credibilidade. Vão lá pelo IP se for estático ou o utilizador for, digamos, menos virado para as tecnologias. Se não for estático, é fácil, basta não aprovar o primeiro comentário que aparece a não comentar o artigo e a ofender quem já comentou.

  • Anónimo

    Um comentário a criticar a misoginia e a transfobia é desestabilizador? Isso não faz grande sentido. Aliás, sempre que há uma notícia sobre transformismo, aparece sempre alguém a querer implicar com as pessoas que fazem transformismo. Acho que isso parece-me bem mais desestabilizador. Isto de ofenderem primeiro e depois queixarem-se de supostas ofensas tem muito que se lhe diga…

  • Anónimo

    Esqueci-me ainda de dizer que parece mais preocupado com as identidades de quem comenta do que com o conteúdo dos comentários. Isso revela a falta de argumentos. Para além de sugerir que alguém se vai dar ao trabalho de propositadamente usar IP’s distintos para comentar num blog, o que me parece a mim um esforço completamente desnecessário.

  • Anónimo

    Se na sua cabeça, chamar, além de bicha, misógino e transfóbico a alguém que diz que não gosta de transformismo, faz sentido, não sabe o que diz.

    Misoginia = aversão às mulheres – repulsão patológica pelas relações sexuais com mulheres
    – onde é que isto se aplica a gays que não gostam de shows de transformismo, que são feitos por homens?

    Transfobia = repulsa ou preconceito contra o transexualismo ou os transexuais
    – onde é que isto se aplica a gays que não gostam de shows de transformismo, que são feitos por homens?

    É legitimo não se gostar de transformismo e é aberrante chamar a quem não gosta “bicha misógina e transfóbica”.

    Também acho que estes desestabilizadores desaparecia com os comentários via Facebook.

  • Maria Junos Alvissaras Knowles

    A trolla do costume que passa a vida com fobias e plainings na boca ainda não percebeu que a maior trollada é ela.

  • Junos

    Tinha que vir o “ai este só comenta de forma anónima”, algo que pode ser lido como “se soubesse quem tu és…”, uma ameaça.
    E novamente não sabem o que é um troll. Se o anónimo acredita no que diz não é troll, ou acham que o é apenas por discordar de vós?
    E, claro, preferem discutir quem é troll e quem não é, a identidade deste e daquele, mas argumentar, isso já custa muito.

  • Junos

    Quer saber a identidade, por Facebook ou IP, das pessoas para quê? Que faria com essa informação? Ia encontrar a pessoa? Ia atacá-la? Isso são ameaças?
    Quando o argumento é fraco é mesmo preciso mudar de assunto, não é?

    “Misoginia = aversão às mulheres – repulsão patológica pelas relações sexuais com mulheres” – então homens gay, pessoas assexuais, mulheres hetero são misoginos, está bem. E, por ser uma “repulsão patológical”, é também doença.
    Não compreende que o seu “gosto” vem de algum lado? Que é curiosamente semelhante ao ódio dos “homens vestidos de mulher” que a sociedade, em geral, possui? O que chama, então, ao ódio a gente que se veste fora do que “devia”? Não é misoginia e transfobia, quando aplicado a quem se veste com roupa tradicionalmente vista como feminina, o ódio ao feminino e ao quebrar de papeis de género?
    Seguindo esse seu desgosto, qual a sua alternativa? Quer que os homens usem fato e as mulheres saia? Não se pode usar outra roupa? Tudo o que sai do tradicional é mau, deve ser gozado, as pessoas que o fazem “não são bem resolvidas”, não deve ser associado a si porque tem vergonha?
    “Não gosto mesmo nada de perguntar nas recepções de hotéis (…) por bares gay e dispararem: ah, casa de travestis há na rua X.” – Tem vergonha? Se calhar é você que está mal resolvido…

  • Junos

    Ah, e não se preocupe com a “credibilidade” do dezanove. Já é tão pouca…
    Aqui vem apenas a comunidade GGGG, apolítica, anti-activismo, confortável, passiva, que odeia tudo o que saia da norma, temem o que ameaça o que os seus membros já interiorizaram como método para passarem despercebidos para não serem violentados (vestir de forma “normal”, agir de forma “normal”, não dar nas vistas, não ameaçar o estabelecimento que ainda mata outros que não se querem esconder), perpetuando o ódio que eles sofreram quando ainda achavam que se podia mudar o mundo em vez de se vergarem à violência por nós (todos, não só GGGG) sofrida. Vergam-se e integram esse mundo, passam a ser os opressores, passam a criar violência, não resolvem o problema, apenas o aumentam.
    Vêm esses, e, claro, os que ainda ainda consideram possível mudar o site e essa comunidade. E o mundo.

  • Anónimo

    “Como foi a sua adolescência? Passou por situações de bullying?
    Não passei por situações de bullying. Aliás era eu que provocava o bullying. A minha infância e adolescência foram gloriosas.Brinquei muito na rua, viajei muito com os meus pai que me abriram a cabeça para as diferenças culturais. Sempredesde pequeno entendi as diferenças como um fascínio nunca com olhei com desprezo. Como dizia o Oscar Wilde “viajar quebra tabus” e portanto nunca fui vítima de bullying porque era só o que faltava.”
    Sou só eu que acho um bocado problemática a forma como esta pessoa fala de bullying? “Era eu que provocava o bullying”? A sério?

  • Anónimo

    Deixe-me ver se percebi. Queixa-se dos anónimos e até quer saber os IP’s dos mesmos, mas comenta em anónimo?

  • Ano Nimo

    Sim concordo com o comentário anterior que acha um pouco estranho que o entrevistado afirme sem nenhuma auto crítica que era ele quem provocava o bullying.
    E ainda mais quando a frase que se segue a “…Aliás era eu que provocava o bullying.” É a frase “A minha infância e adolescência foram gloriosas.”
    Quase parece insinuar que infancia e adolescencia foram gloriosas por provocar o bullying, mas provavelmente estaria apenas a afirmar que a infância foi gloriosa por não ter sido vítima de bullying.