A Câmara Municipal do Porto negou o pedido de celebração do arraial que nos últimos anos tem ocorrido no final da marcha do orgulho LGBTI+ da cidade.
Aos pedidos insistentes da comissão organizadora, o executivo tem respondido com silêncio ou com soluções que o afastam do percurso habitual da manifestação. A duas semanas do evento, e perante o impasse, foi lançada uma petição online que reivindica «a festa no centro da cidade».
Num comunicado partilhado nas redes sociais, a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto (COMOP) traça a cronologia dos pedidos dirigidos às entidades municipais. Após três meses de falta de resposta, a empresa municipal Ágora – Cultura e Desporto do Porto recusou ceder quer o espaço onde o arraial se tem realizado nos últimos anos, o Largo do Amor de Perdição, junto ao jardim da Cordoaria, quer o apoio financeiro requisitado para cobrir os gastos com infraestruturas.
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Uma outra localização proposta pela COMOP, a Alameda das Fontainhas, conhecida por acolher os tradicionais festejos de São João, foi igualmente negada, bem como o novo valor proposto para apoio ao evento. A Câmara, segundo o mesmo comunicado, justifica que, «devido à quantidade de iniciativas que ocorrerão na cidade no mesmo fim-de-semana, não será possível realizar o arraial» nesse local e, em contrapartida, propõe que as celebrações tenham lugar no Parque do Covelo, um espaço que, contesta a COMOP, situa-se longe do centro e do percurso habitual da marcha, além de não estar preparado para receber um evento da magnitude do arraial.
Ao argumento apresentado pela Câmara, a COMOP responde que na reunião tida com a Ágora a 10 de Fevereiro deste ano foi ajustado o dia da marcha para não coincidir com as tradicionais rusgas de São João, marcadas para 1 de Julho, e que por isso as autoridades municipais tinham previsibilidade de calendário de cinco meses de antecedência. Quanto à recusa do apoio financeiro, para o qual a mesma empresa invoca razões de «equidade», a COMOP lembra que já este ano foi aprovado um apoio de 600 mil euros de dinheiro público para o festival Primavera Sound e de 300 mil euros para a Comic Con Portugal – dois eventos que, ao contrário do arraial mais orgulhoso do Porto, não são de entrada livre.
Assim, foi hoje lançada uma petição online que reivindica, a quinze dias da data marcada, a realização do arraial no centro da cidade, contra a “marginalização” (literal e geograficamente falando) que é aliás simbolizada pela opção apresentada pelas entidades municipais. A decisão da autarquia, afirma a COMOP, «põe em risco não só a realização do evento, mas também os nossos compromissos com fornecedores, artistas, públicos, bem como a nossa gestão financeira totalmente comparticipada pela comunidade da cidade do Porto». Lembram ainda que o valor arrecadado com as vendas no Arraial tem sido direccionado para pedidos de apoio social que chegam aos colectivos e associações que tomam parte na organização.
A Marcha do Orgulho do Porto está marcada para o dia 8 de Julho, às 15h na Praça da República.
Pedro Leitão
Foto (edição do Arraial em 2022): Catarina Vieira
3 Comentários
V.T.
E nisto se tornou a liberdade nos nossos tempos, a vontade de uns poucos tem de se sobrepor à vontade da maioria. O não nunca é aceite e é imposta a visão do mundo da maneira como eles o vêm. Não há hipóteses a pensar diferente, ou estás a favor ou estás contra!
Não sou contra as vossas orientações, sou contra o facto de vocês tentarem impor aos outros a vossa visão das coisas! Isto é a ditadura do nosso tempo!
Anónimo
Não havia necessidade je.
Samúdio Carrondo
E o Porto é a 2ª cidade mais LGBTQIA+ friendly do mundo (ver link abaixo). Imagine-se o verdadeiro paraíso que seria, se tivesse outra Câmara Municipal. iajar/artigos/portugal-com-duas-cidades-e ntre-as-melhores-da-europa-para-o-public o-lgbtq
https://viagens.sapo.pt/viajar/noticias-v