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Lola Herself e Babaya Samambaia lançam crowdfunding. E tu podes ajudar!

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O Dia da Visibilidade Trans em 2021 mostrou, como não havia registo em Portugal, bastante dinamismo nas redes sociais, actividades online, notícias e entrevistas produzidas sobre esta temática. 

De todas estas iniciativas decidimos dar destaque a duas angariações de fundos que estão a decorrer e que são levadas a cabo por duas pessoas trans. Coincidentemente ambas venceram o concurso Miss Drag Lisboa em edições distintas: Lola Herself em 2018 e Babaya Samambaia no ano seguinte. Lola e Babaya querem avançar com o seu processo de transição para que se sintam efectivamente bem com o seu corpo.

 

Lola Herself, quer, merece e vai ser Ela Própria!

Na página Go Fund Me todas as pessoas podem contribuir com qualquer montante para a transição de Lola. Em 45 dias Lola angariou 1445 euros, cerca de 18% dos 8000 euros necessários. "Não creio que seja necessário explicar o quão complicada é a vida  de uma pessoa cujo único rendimento dependia única e exclusivamente da sua já extinta actividade artística e profissional. Actividade que obviamente não vai voltar tão cedo" podemos ler logo no início do apelo online. A família dela são "os amigos que ela escolheu, não só por opção, mas porque a mãe faleceu há alguns anos e o pai ... O pai é complicado e nem mora em Portugal" pode ler-se. Foi na série Veneno que Lola encontrou a força e inspiração para tomar a decisão de ser "Ela Própria".  "Só podemos chegar realmente ao que desejamos (e merecemos) se estivermos em paz e confortáveis connosco próprios, na nossa própria pele e a Lola merece essa paz e conforto", assina David Motta, autor do texto.

Contactada pelo dezanove.pt Lola abre o coração e explica: "Em tempos como estes é que conseguimos perceber o quão podemos ser humanos uns para com os outros. Cada ajuda faz com que esteja cada vez mais esteja perto de me tornar feliz com o meu corpo, com a imagem que é reflectida no espelho. Não existe muito nem pouco quando se trata de ajudar, e toda a ajuda é essencial."

 

Babaya Samambaia vai pôr-te a dançar em troca de um sonho (que vais tornar realidade!)

A mulher trans, drag queen, freelancer, bailarina, professora de dança e coreógrafa propõe uma troca: "Você me ajuda e eu te ajudo. Te ofereço aulas de dança e você me ajuda a concretizar um sonho."  E o sonho é simples: a Babaya quer colocar implantes mamários. Este é apenas um passo na sua transição. Para suportar o valor desta cirurgia Babaya precisa de 2200 euros. Qualquer contributo pode ser efectuado no site GoFundMe. Em troca dos donativos, Babaya ensina o que faz melhor: dançar. Não há valor mínimo. A doação é de acordo com aquilo que cada pessoa puder dar. "Nesse momento de pandemia o importante é as pessoas se ajustarem e se ajudarem", refere Babaya.

Em seis dias, o valor alcançado ronda já os 42% do total desta etapa. Em troca quem doar vai receber "aulas de dança onde trabalharemos flexibilidade, condicionamento físico, sensualidade e coreografias divertidas. É para deixar corpo e alma bem saudáveis e activos no meio desse clima de quarentena. Bora ser felizes guerreirxs!" explica a coreógrafa. Para quem for pés de chumbo, não quiser/puder participar em aulas a Babaya tem alternativas. 
"Hoje o que me interessa não é só abrir mais uma campanha de financiamento... é importante criar consciência de comunidade. Aproximar as pessoas para uma permuta me pareceu mais justo e mais produtivo nesse sentido. Assim, criamos um espaço onde essa troca pode aproximar, desmistificar e produzir novos pensamentos sobre as pessoas e as vivências trans" é o apelo deixado por Babaya ao dezanove.pt

 

Num mar de assuntos e problemas que nos assolam, estas campanhas podem, para algumas pessoas, parecer distantes ou não prioritárias. Nada mais errado. Se podemos resolver já o que está ao nosso alcance, podemos fazer a diferença pela positiva. Esperar pela sociedade ideal ou transferir as culpas para as entidades não é solução. A concretização bem sucedida destas duas iniciativas são fundamentais para o equilíbrio e felicidade de duas pessoas da comunidade que admiramos e aplaudimos tantas vezes quando saíamos à noite. O contexto agora é outro, mas no fim, quer a Lola, quer a Babaya querem ouvir o teu aplauso. E nós queremos ouvir o delas. 

 

Paulo Monteiro