opinião

Mais vale cair em graça, do que ser engraçado

 

Numa crónica anterior, a propósito de Paulo Rangel (a minha estreia para o dezanove.pt) referia como era importante a comunidade LGBTQIA+, em primeiro lugar, reconhecer que, quer queira, quer não, a sua existência é uma realidade política; e, em segundo lugar, em virtude disso mesmo, que é absolutamente imprescindível que se consciencialize politicamente, vote em quem realmente a defende e invista em aceder aos locais de poder, para deixar de estar dependente da intermediação nos não-LGBTQIA+ e da sua boa-vontade, para que os seus direitos sejam defendidos.

 

Participar na política e aceder aos locais de poder implica também ter voz e participar no debate. O que temos visto constantemente é gente não-LGBTQIA+ a mandar «postas de pescada» sobre a comunidade LGBTQIA+, mas nunca vemos gente LGBTQIA+ a dar a sua própria opinião, a falar de si na primeira pessoa, excepto quando entrevistada – normalmente, a propósito de alguma situação infeliz em que alguém da comunidade foi vítima de mais um ataque ou em algum coming out mais ou menos forçado.

 

Vemos esse constante comentário sobre a comunidade LGBTQIA+ e sobre os temas que a ela dizem respeito intermediado por quem não faz parte da comunidade, entre políticos e comentadores de Direita, mas também em gente à Esquerda. Nem sempre, nem com conhecimento de causa, nem informação – e, aparentemente, nem boa vontade para entender. Mesmo para a Esquerda, a quem a comunidade LGBTQIA+ tudo deve, em Portugal – e nem a toda, de igual maneira, note-se – a comunidade LGBTQIA+ é importante, mas não ao ponto de falar em voz própria, aparentemente. Tem de ter sempre o intermediário, o tradutor. Ora quem gosta de ler sabe que traduzir é também autorar (muitas vezes, para lá do próprio autor). Este problema de falta de representatividade, em Portugal, seja à Esquerda ou à Direita – e o problema em que isso se traduz – nem sequer se limita à comunidade LGBTQIA+, aliás, mas adiante.

 

A total ausência de pessoas da comunidade LGBTQIA+ (assumidamente da comunidade LGBQTIA+) do espaço de debate político desemboca neste estado-da-arte por todos nós bem conhecido: entre os que activamente querem exterminar a comunidade (até já temos professores universitários que se sentem confortáveis para, desafiadoramente dizerem em televisão que a comunidade LGBTQIA+ é uma organização terrorista e pedófila de assassinos em série contra a qual a violência já devia ter sido aplicada) até aos cishéteros que têm medo de ser chamados de «wokes» (fora os que, sendo da comunidade, vão fazendo o papel de Pai Tomás, como alguns que eu menciono na peça do dezanove.pt acima citada), a comunidade LGBTQIA+ aparece falada nos debates como “o grande ausente”. É uma espécie de parente que emigrou para França ou para o Brasil, ou que já faleceu; que volta e meia vem à conversa, mas nunca está presente para participar.

 

A última crónica de Ricardo Araújo Pereira (“A atracção sexual que não ousa dizer o seu nome” – a falta de noção começa no título) é o mais recente exemplo do que acabo de descrever. Desta feita, porque as definições das sexualidades do projecto ABCLGBTQIA+ não mencionam a palavra “sexo” e falam «apenas» em afectos, Ricardo Araújo Pereira discorda, sente-se confuso e acha que isso merece uma crónica daquelas. Aquilo cheira-lhe a «woke» demais.

 

Já não bastava o palco que o Observador dá a personagens tenebrosas, nas suas páginas de «opinião», agora temos uma pessoa de Esquerda cishétero a dizer às pessoas da comunidade LGBTQIA+ o que elas são e o que «faz sentido elas serem ou não serem» – não vão as pobres almas cishétero ficar muito baralhadas. Sejam práticos, pessoal – não compliquem, que os cishétero até são porreiros e toleravam-vos. Já nem vos batem, vejam lá. Progresso – conheces?

 

À força de querer ser engraçado, Ricardo Araújo Pereira, que tantas vezes nos fez rir (sim, note-se, eu gosto do Ricardo Araújo Pereira – o que não me tolda as vistas para reconhecer que ele foi infeliz, desta vez) apenas consegue escrever um texto chato e ignorante, que parece estar preso a uma definição de “sexualidade” que é anterior ao famoso Relatório Kinsey, publicado em 1948 pela equipa de investigadores liderada por Alfred Kinsey, e a partir do qual a definição de “sexualidade” passou a incluir mais do que simplesmente o acto da cópula em si, mas também toda a componente comportamental e afectiva associada

 

Com isto, Ricardo Araújo Pereira é mais uma das vozes – ainda por cima, de Esquerda, repito – a dar consistência a uma narrativa tresloucada da Direita que, à falta de ter um plano realmente útil para o país, compra o argumentário da Extrema-direita estrangeira mais bacoca e trauliteira, arrastando-nos para debater moinhos de vento tomados por dragões, em vez de questões reais e sérias; e assim se enche o ego daqueles que dizem “eu até nem tenho nada contra os gays, mas eles agora já estão a ir longe demais, com estas manias das letras e das casas-de-banho para todos os sexos que eles inventam”. 

 

Eu podia até lembrar ao Ricardo Araújo Pereira que o próprio Sigmund Freud já tinha lançado pistas sobre a dimensão psico-afectiva da sexualidade humana, lá atrás, no início do século XX (lá para os 1905s), mas não quero sobrecarregar o pobre humorista com zero méritos para falar de sexualidade humana – especialmente da alheia – com factos, História, Ciência… 

 

Mas que diabo… o primeiro filme que retrata a homossexualidade de modo positivo e não como uma patologia ou um crime (“Anders als die Andern“, em que aparecia o actor que, mais tarde, viria a interpretar a personagem que veio dar origem ao famoso Joker, do Batman), do Institut für Sexualwissenschaft e do Wissenschaftlich-humanitäres Komitee, do Magnus Hirschfeld, é de mil novencentos e dezanove, caramba. E mesmo ele já deixava então a adivinhar que quando falamos de homossexualidade não estamos meramente a falar de sexo.

 

Mas se em relação a Kinsey o Ricardo Araújo Pereira está com um atraso de 74 anos, que faria se insistisse que ele tinha de migrar dos princípios do século passado para 2022… ? Já para lhe facilitar a vida, e para que seja uma introdução suave ao tema, sugiro-lhe que comece pelo filme que foi feito sobre o Dr. Kinsey e o seu Relatório, em 2004. 

 

Não admira que o humorista refira, nesta difícil jornada dele navegar os complicados meandros da sexualidade humana, o seu “tio Alfredo” como o seu interlocutor,  que deve ter justamente uns 70 anos de idade. Só assim se entende o desfiar de patetices tipo “gajo de Alfama” que para ali vai. Enquanto eu até poderia perdoar o “tio Alfredo” da sua ignorância, ao Ricardo Araújo Pereira já lhe fica um pouco mal. É quase um caso de vida a imitar a arte, Ricardo.

 

De certeza que ele, mesmo não tendo de ser um especialista em sexualidade humana, com uma boa pesquisa na Wikipedia, já poderia ter evitado aquela nódoa de crónica. Ou poderia até ter falado com o mesmo pessoal da ILGA que lhe deu um prémio arco-íris em 2009. De certeza que teriam todo o gosto em explicar-lhe o que ele, pelos vistos, não entende. É que, Ricardo, o prémio foi por serviços prestados à comunidade à altura. Não é uma carte blanche para tu dizeres tudo o que te vem à cabeça sobre a natureza dos outros, por inspiração divina. Se calhar, precipitamos-nos em ter-te dado o título de Português mais empático, já este ano

 

Mas eu compreendo a pressão de alguém que tem uma crónica para escrever regularmente – ao contrário de mim, que escrevo quando me dá na telha. Mas, se não tens nada para escrever, não forces e não uses a comunidade LGBTQIA+ como tema de recurso, quando faltam ideias. Especialmente quando, aparentemente, não fizeste um mínimo de pesquisa. Já dizia o adágio: “a palavra é de prata e o silêncio é de ouro”. 

 

Compreende, Ricardo, que quando alguém é denominado como homossexual ou bissexual, não é por a parte “sexual” lá estar escrita – porque alguém assim o decidiu categorizar – que a sua experiência se reduz ao tipo de pessoas por quem se sente sexualmente atraído e com quem faz sexo.

 

A sexualidade inclui também aqueles por quem sentimos uma atracção afectiva para uma parceria: alguém com quem ter uma vida partilhada, alguém com quem construir uma família e por aí fora. E se a sexualidade já inclui isso, muito mais a vida real e específica das pessoas que são designadas por esses termos.

 

Eu sei que há 74 anos isso era impensável e que as pessoas LGBTQIA+ mal podiam se encontrar para fazer sexo – que diabo, sequer, para beber um copo – quanto mais viver juntas ou estabelecer um lar… mas estamos em 2022, Ricardo. Diz lá isso ao teu tio, se fazes favor – mesmo que ele tenha, aparentemente, problemas com o sexo que os outros fazem.

 

Deixa-me explicar-te, Ricardo: essas pessoas são designadas por esses termos, porque alguém escolheu fazê-lo. Já na Bíblia Deus dá a Adão o poder de nomear as coisas. Isso não altera em nada a natureza delas. É só o nome por que Adão passa a conhecê-las e a designá-las. E o termo aparece em 1868 pela mão de Karl-Maria Kertbeny, Ricardo… uma época em que nem sequer a sexualidade heterossexual era compreendida como incluindo a componente afectiva (ver a parte sobre Freud e Kinsey acima). Era até vista como meramente reprodutiva ou não-reprodutiva. Se calhar, era normal que, numa época tão puritana, o que chamasse mais à atenção fosse o sexo que essas pessoas praticavam. Até o sexo que tu praticarias na época chamaria, Ricardo. Confia em mim.

 

Antes disso, caro sexólogo de improviso, Karl Heinrich Ulrichs , o primeiro activista moderno dos direitos LGBTQIA+ (também conhecido como Numa Numantious, já agora, para tua cultura geral), designava o comportamento do sexo entre homens como “uranismo”; as lésbicas, eram chamadas de “tríbades”. Em nada isso alterava o que essas pessoas eram. Entendes? Ou tenho de ir buscar o diagrama do genderbread man para te explicar? O teu ultraje faz tanto sentido como se alguém, à época de Ulrichs, ficasse incomodado por a definição de “uranismo” definir práticas que não incluíam o próprio Úrano.

 

Será, Ricardo – isto é só uma ideia peregrina minha, mas escuta só… pode até ser que faça sentido até para ti… será que o teu problema é a forma como as pessoas dessas tribos da comunidade LGBTQIA+ vêem a sua natureza e se deixam definir ou será que o teu problema é o facto de estarmos a usar palavras desactualizadas, que não acompanharam o conhecimento que fomos tendo da experiência humana, palavras limitadas que se focavam em apenas um ângulo da questão?

 

Eu sei, ideia maluca… mas já por isso é que deixamos de dizer “transexual”, para dizer “transgénero”. Já por isso é que deixamos de dizer “hermafrodita” para dizer “intersexo”. Porque essas palavras já não nos serviam (apesar de haver gente que, desactualizada, ainda as use). Já por isso é que a sigla expandiu para incluir mais letras: para incluir, por exemplo, outras identidades de género, o que nada tem a ver com quem as pessoas fazem sexo. Até inclui a sexualidade de pessoas que não fazem sexo com ninguém, vê lá tu, os moderninhos.

 

Mas o conhecimento evolui. E muitas vezes, o dicionário falado não acompanha a evolução dos conceitos. Destas questões da linguística, tu e eu até temos alguma consciência, já que nos recusamos ambos a usar o Acordo Ortográfico. Mas já por isso é agora entendemos a sexualidade com um espectro (agradece ao Dr. Kinsey, mais uma vez) apesar das palavras que usamos ainda serem do século XIX. De lá para cá, desde que algumas pessoas corajosas rasgaram o véu do puritanismo Vitoriano e começaram a falar de sexualidade, a nossa percepção das coisas mudou. Incluindo o facto de percebermos que, se calhar, a experiência das pessoas LGBTQIA+ e cishétero tem a ver com muito mais do que simplesmente… com quem vão para a cama. Daí, se calhar, o foco no sexo, em si, ser menos importante como forma de definir as pessoas. Não sei… pensa nisso. 

 

Agora, decidas ou não fazê-lo, vou deixar-te um último conselho que até o teu «tio Alfredo» conseguirá entender: mais vale cair em graça do que ser engraçado.

João Barbosa 

20 Comentários

  • Carlos Marques

    Tentei, mas desisti a meio, em «Mas se em relação a Kinsey o Ricardo Araújo Pereira está com um atraso de 74 anos».

    Foi preciso escrever um testamento para atacar ad hominem um humorista que, lá está faz humor. Esta mania FASCISTA dos LGBT+ (oh, meu deus, eu não coloquei as letras todas…) de quererem cancelar, censurar, tudo e todos, numa actitude snob e arrogante de quem exige que todos, até pessoas com 60 ou mais anos que têm mais de fazer, saibam toda a novilíngua inventada todos os anos sobre este assunto. Vocês são os vossos piores inimigos.

    Neste caso em particular tem ainda mais graça visto falarem do relatório Kinsey, que por exemplo falava dos diferentes níveis sexualidade, desde 100% hetero a 100% homosexual, passando pelo 100% bisexual, e por mais uns níveis entre cada um destes.

    Um indivíduo que seja hetero e com curiosidade (ou seja, não é 100% hetero, nem tem razão nenhuma para se declarar homo), segundo vocês, já não estaria qualificado para representar quem quer que seja no Parlamento…

    Apliquemos esta “lógica” a tudo o resto, e de repente, em vez dum Parlamento com 230 deputados, é preciso um Parlamento com 10 milhões de deputados. Eu não sou médico nem criança, logo não posso representar médicos nem crianças? Porque a representação indirecta não presta? Que argumento patético. E anti-democrático!

    Depois há até o ataque a quem não gosta do termo ‘woke’. Eu por acaso detesto esse termo, mas não é pelas razões que você pensa. Detesto-o na mesma magnitude que detesto o “colaborador”, a sociedade “de indivíduos, o “empreendedor”, etc, ou seja, toda a novilíngua NeoLiberal, usada pelos partidos do Faz-De-Costa-Que-É-De-Esquerda, mas que na realidade só servem para dividir a sociedade, colocar os pobretanas uns contra os outros, e deixar a oligarquia reinar.

    Lembro por isso um cartoon sobre o país mais corrupto e assassino do Mundo: os EUA. Tem um avião a bombardear, durante uma Presidência Republicana. Na imagem de baixo a Presidência é Democrata, e o mesmo avião bombardeia, mas agora é um avião ‘woke’, e tem autocolantes BLM, MeToo, e LGBT+.
    Quem percebe, percebe. Quem não percebe, vai levar o Ocidente ao desastre. E começa já na Ucrânia, onde a “democracia liberal” e dos “valores europeus” (entre os quais os ‘woke’) está a ser defendida por soldados com suásticas, que torturam comunistas, que amarram ciganos a postes e lhes pintam a cara de verde, e de amigos dos LGBT+ também não têm nada. Até porque, para promover o supremacismo branco, é preciso reproduzir, e isso só se faz com um homem e uma mulher, heterossexuais, brancos, louros, e de olhos azuis.

    E numa Europa já com tantos milhões de pobres (só em Portugal são 4.3 milhões, antes de apoios sociais), e os outros milhões de pouco acima de pobres, que trabalham só para pagar as contas. É isto o NeoLiberalismo, o individualismo, e é para manter isto que eles criaram o movimento ‘woke’. Para que muitos distraídos se indignem, mas para que nada mude realmente.

    Voltanto ao tal cartoon, podemos ter uma Presidente dos EUA que seja mulher, negra, e lésbica ou trans, mas o sistema será o mesmo que invade todos os países que não lhe obedecem, que vende armas a ditaduras, prende e mata jornalistas, e tem um exército de pobres à espera de serem soldados nos seus planos de destruição de outros países. Agora calhou a vez à Ucrânia e à Rússia.

    Perante isto o que é que os LGBT+ fazem? Indignam-se com quem não é ‘woke’ ou não usa exactamente os termos que eles vão inventando todos os anos. Como se todos os direitos que os LGBT+ têm em Portugal (e noutros regimes) não tivessem sido obtidos com votações de representantes indirectos, inclusive com a participação essencial do homem, branco, de meia idade, hétero, que ainda hoje não sabe muito bem o que é isso de ser ou não ser cis.

    O que interessa, para quem olha para os conteúdos em vez de se distrair com caras e pormenores, é o valor e o carácter de cada um, por mais desadequado ou insuficiente que outros achem o seu vocabulário. Vale mais um Ricardo Araújo Pereira que sempre recusou o facho André Ventura nos seus programas, do que um Manuel Luis Goucha, gay dos pés à cabeça, que usou o seu programa para fazer whitewashing e promoção ao neo-NAZI Mário Machado.
    Qual deles te representa melhor?!

  • José Gomes

    João Barbosa, deixa-te de coisas… Do que dizes, pouco faz sentido.

  • José Gomes

    João Barbosa, deixa-te de coisas… Nada do que dizes faz sentido. Tanta teoria para nada.

  • Pit Sawyer

    Estes tempos fazem-me lembrar um pouco como se vivia logo após o 25 Abril 74. Em nome da liberdade todos diziam o que bem diziam porque “o tempo do fascismos já acabou”.
    E porque “a comunidade gay-e-seus-derivados” alcançou a sua “liberdade” nalgumas sociedades, agora entendem que não só podem dizer o que quiserem – e muito bem – como, ai daqueles que ousarem contestá-los. Sai logo um movimento de cancelamento ou artigos de marias-ofendidas insurgindo-se porque alguém – “ignorante” certamente ou bem pior (normalmente o homofobismo salta logo da cartilha) – que não pertence à comunidade “gay-e-seus-derivados” ousou emitir opiniões sobre a sua comunidade.
    Pessoalmente não aprecio a generalidade do tipo de humor do referido humorista. Mas neste caso em concreto não só acho que acertou na muche, como entendo que a opinião manifestada pelo autor não o desmente, apenas consegue tentar desviar as atenções.
    Os acantonamentos nunca deram bons resultados e algo me diz que daqui a uns anos veremos o resultado disso mesmo!…

  • Anónimo

    Afinal o Carlos Marques, defensor de Putin e escumalha de outros blogs, é um daqueles gays cobardes, privilegiados, discretos e armariados que lutam contra os seus próprios direitos e sofrem de homofobia internalizada. E no meio disto tudo ainda defeca uma posta de pescada sobre outro gay privilegiado de direita, que nem uma vez foi referido pelo cronista.

  • Anónimo

    No entanto o gays cobarde, privilegiado, discreto e armariado que luta contra os seus próprios direitos e sofre de homofobia internalizada chamado “José Gomes” comentou.

  • Anónimo

    Não seja condescendente que lhe fica mal.
    Vou ser generosa e dar de barato que tudo aquilo que diz ser conhecimento “científico” o é – e, especialmente, que é conhecimento científico consensual. O simples facto de as pessoas porem em causa alguns aspectos do estado actual da ciência ou de acharem que a ideologia está a toldar o conhecimento científico não faz delas gente sem escrúpulos, nem inimigos da diversidade e dos oprimidos.

  • Pedro Lucas

    Tem pouco que fazer o João, irra que texto gigante e enfadonho. Antes o do RAP. Fico-me pelo “ainda por cima de esquerda”. Ridículo, se por se ser de esquerda não se pode ter opinião e fazer comédia de género LGBTQXPTOMEGAREFIXE. Ou melhor pode-se, mas já não tem piada. Compreendi-te…

  • Anónimo

    Anda tudo louco…ainda sobre as questoes linguisticas de genero em função das identidades de cada um… Como cada um se identifica no seu genero ou sexualidade só a ele diz respeito e, agora para ser gener(icamente) correcto teria de reformular tudo no feminino de novo, no L(ismo) g(ismo) b(ismo) t… Cansei… Acho que entenderam… Essa é a função da língua… Comunicar… Não é ser amiga ou inimiga deste ou aquele género e muito menos materializar pretensões sociais, identitárias de qualquer ordem, sob pena de deixarmos de ter língua, para cada um ter a sua, no exercicio pleno da sua identidade, tão unica quanto o é cada um de nós, para, no limite não cumprir o seu fim, que recordo é comunicar. Porque tem uma lingua e sua gramática de ser inclusiva em relação ao género de cada um? Como se se dizer migues vão à merda ofendesse menos… Ou referir a Pablo Vitar seja correcto… Não é… É errado… a é feminino e pablo masculino… Mas ai de quem refira o óbvio porque ofende… Mas que raio de direito tão fundamental esse que em nome da sua defesa impõe uma nova linguagem? Quando não importa absolutamente a ninguém. É o caso tipico em que a descriminação só está na cabeça do descriminado. Suponhamos… Eu identifico-me com várias pessoas que me influenciaram na vida, pais, professsores, amigos, etc… Como tal quero passar a ser tratado nao pelo singular que sou mas pelo plural com que me identifico. Dai deixo de ser o António para ser os Antónios e assim viver em ausência constante. Ou o meu direito será menor? Não pode… Eu ofendo-me e sinto-me descriminado…E, porque têm os fundamentalistas da identidade direito a exigir alterações à lingua em função do género e não podem outros exigir o mesmo em função da cor da pele, do cabelo, da identidade politica, ambiental, etc.? Por uma razão… A língua serve para unir… pessoas, povos, aproximar pela transmissão de ideias pensamentos etc. e, sob o pretexto da inclusão, estas falsas questões só dividem, compartimentam e isolam. Uma sugestão bem simples… Seres humanos… Tratemo-nos simplesmente assim, com o respeito que exigimos tratemos o próximo… A identidade de género e ou sexual não definem ninguém… Já o carácter que se revela pela forma como tratamos os outros sejam quem forem define nos enquanto aquilo que somos… SERES HUMANOS.
    ASS: ANTONIO MIGUEL C. R. ALMEIDA

  • GayisOK

    Parei de ler no momento em que escreve “Mesmo para a Esquerda, a quem a comunidade LGBTQIA+ tudo deve”…

    Partidos que não têm genuíno interesse em defender as minorias mas sim aproveitar-se desses movimentos para ganhos políticos e é capaz de escrever isto… A prova disso é o discurso do BE ou PCP aquando da invasão russa da Ucrânia, primeiro criticando a NATO e depois tentando dar um jeito ao perceberem a reacção da sociedade pelo facto de não reprovarem a invasão de um país soberano por outro, seja ele qual for.

    Demasiado mau fazer isto uma agenda da Esquerda, ridículo no mínimo.

  • Anónimo

    Meter o BE no mesmo saco que o PCP revela muita ignorância. O BE sempre condenou o regime de Putin e expôs a hipocrisia da direita portuguesa relativamente aos vistos gold e aos oligarcas russos.

  • Anónimo

    Caro, João, como é possível ter passado tão ao lado da mensagem da crónica? O Ricardo não diz que as definições de “gay” ou “lésbica” se devam limitar apenas à sua componente sexual, excluindo as componentes afectiva e romântica. O que ele argumenta, pelo contrário, é que ausência da componente sexual nessas definições acaba por ser discriminatória para a nossa comunidade. A crónica é uma crítica ao projecto da FOX, que parece ter medo de associar a palavra sexo à comunidade LGBTQIA+, de modo a que a mensagem que eles veiculam venha a ferir o menos possível as suscetibilidades. A FOX procurou juntar-se à comunidade porque viu uma oportunidade de associar a sua marca a uma causa que as novas gerações abraçaram (e ainda bem!) e o porque o departamento de marketing aprovou a estratégia. Mas não se iluda, ou acha que um grande conglomerado económico virou ativista LGBTQIA+? A ideia do projecto não é má e é importante normalizar todo aquele vocabulário, mas no final sabe a poucochinho… e foi essa deixa que o Ricardo aproveitou.

  • Anónimo

    Ou seja, se falássemos de sexo, seríamos todos uns depravados, não falando somos todos uns puritanos. Presos por ter cão e presos por não ter.

  • Alface do Campo

    Por acaso, até acho que tirar a atração sexual do debate pode ser libertador.
    Vivemos numa sociedade demasiado absorvida pelo sexo. O relacionamento entre pessoas e a atração mútua vão muito além do sexo. Infelizmente, desde que a publicidade descobriu que o sexo vende, estamos mergulhados em sexo até aos cabelos.