Marina Machete nasceu Mulher, apenas num corpo errado. É mesmo muito triste, mas não de admirar (dado o discurso de ódio a que, actualmente, somos bombardeadas), que, em 2023, pleno século XXI, leia comentários e publicações de pessoas a dizerem que Marina Machete não é mulher, mas sim o contrário. Ainda mais grave: fotos de Marina Machete nas passadeiras com círculos e desenhos à volta da sua genitália - de que nada nos importa se tem pénis ou vagina. Estamos a falar da vida de outra pessoa, que não a nossa! Estamos a falar da identidade de alguém que não a nossa!

É que, realmente, as pessoas são tão pequeninas ao ponto de se sentirem incomodadas com a vida de outra pessoa! Com a visibilidade de outra pessoa. Porquê?! Não há resposta. Questiono-me: será que as pessoas que escrevem estes comentários transfóbicos, têm a mínima noção e consciência do preconceito diário a que pessoas trans são alvo todos os dias? Nas ruas, nas escolas e universidades, no acesso ao emprego, no café. A essas pessoas, digo-vos também uma coisa: nunca sabemos quem está do outro lado a ler-nos, a ouvir-nos. Aliás, mesmo pertinho de nós, na nossa família, nas nossas amizades, pode haver uma pessoa trans. E como é suposto que essa pessoa, vossa amiga ou conhecida se sinta com esse tipo de comentários? Há muita falta de conhecimento, de leitura: livros têm a capacidade de transformar pessoas. Acreditem. Opinião também é transfobia. Marina Machete é mulher, é portuguesa, e é Miss Universo 2023. 

 

Por último digo-vos: sejam felizes. Deixem a vida das outras pessoas em paz.