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Mates, sexo aqui e agora… uma curta porno portuguesa

“Mates” (2011, curta-metragem de António da Silva) é um filme caseiro – que contém sexo explícito – acerca da experiência gay contemporânea. É um filme sobre a “vida real”, corpos anónimos que se encontram em sites, encontros espontâneos e rápidos entre estranhos, a pornografia, os sites de interacção social (social media) e a hiperconectividade dos dias de hoje.

Somos uma geração que, para o bem e para o mal, aparecerá nua em fotos na internet, ou até terá filmes de sexo caseiro na net, em algum momento das suas vidas.

 

O que é ser gay? “Mates” mostra-nos o que é esta experiência de se ser um homem gay. Vai ao cúmulo de usar todos os clichés que se conhece, pessoas que saltam de cama em cama, engates on-line, encontros breves para sexo descartável, blind dates, pornografia, tudo, em resumo a tão controversa promiscuidade dos homossexuais masculinos. Não pensem que isto é uma crítica negativa. O filme mostra essa realidade. Essa realidade tem que ser contada, neste caso mostrada, e é isso que se vê no filme deste realizador português.

Este filme (des)constrói esse mundo gay em que tudo e todos são como uma peça de carne no balcão do talho à espera de ser levada ou uma pastilha elástica que depois de ser mascada é deitada fora.

 

“Mates” marcou presença no último QueerLisboa, na secção Queer Art, tendo passado despercebido à maior parte das pessoas na altura. Mas relembramo-lo agora, no início do ano, para que fiquemos com um sorriso nos lábios ou com um amargo sabor a fel.

 

 

Luís Veríssimo

 

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10 Comentários

  • Cristiano

    Se não é algo de negativo para a população LGBT, então porque não se juntou tambem a heterossexualidade nesta curta? É que se formos a falar de promiscuidade esta existe em ambos os lados. Acho que esta curta cai no ridiculo. Eu não me revejo em nada desta curta, até pelo contrário, acho esta curta mesmo ricidua ao ponto de mostrar mesmo as profundezas imorais do ser humano enquanto ser sexual.

    Mas é apenas a minha opinião.

  • Miguel

    Concordo consigo no aspecto de que promiscuídade é de ambos os lados e no heterosexual não é menor.
    Mas discordo quando diz que esta curta cai no ridículo, não acho, mostra apenas uma parte do que acontece por aí, se não acredita entre no mundo, ou informe-se melhor dos engates da net, dos wc´s, das matas ou jardins, e depois volte aqui para fazer um comentário e veja se não tenho razão 🙂

  • The Porcupine Lair

    Cristiano, podes não te rever… mas não deixa de ser uma realidade. Por acaso não vi a curta-metragem mas aplaudo a coragem em mostrar a verdade em vez de andar com lirismos panfletários.

  • Cristiano

    Volto a repetir, se não fosse algo de negativo para a comunidade LGBT, nesta curta inseria-se todas as vertentes da Sexualidade Humana, tal como os heteros. Sendo assim, para mim e para quem assiste esta curta, só ficará com piores ideias do que é ser-se homossexual, então esta curta para os velhos preconceituosos do restelo é optima. Mas isso, para mim tambem nada vale, visto eu não ser activista dos direitos LGBT.

    Cada um que tome os seus partidos.

    Para mim esta curta é ridicula e só tras o lado negativo da homossexualidade.

  • Nuno

    O rídiculo é passarem isso num festival de cinema. Desconheço que o Festival de Cannes ou de Veneza passe filmes porno, tanto hetero como homo. Mostrar conteúdos num festival de cinema é uma parvoíce!

  • Nuno

    Eu acho que está aqui a haver uma sucessão de raciocínios falaciosos e perigosos enquanto geradores de equívocos.
    Filme à parte, o artigo reduz a homossexualidade masculina ao que se vê nele (eu não vi, mas percebi que é só promiscuidade). Errado.
    Por isso mesmo, há pelo menos uma pessoa (que presumo que seja homossexual) que não se revê nele.
    Por outro lado, não se trata d’ “a” verdade como se só houvesse uma. É tão verdadeiro como o que se vê num “panfleto lírico”.
    Creio que todos os homossexuais defendem a diversidade (por inerência ao que são). Como é possível não perceber e não aceitar (gostos à parte) a diversidade no meio da homossexualidade?

  • Paulo

    Gostei de saber que o tema é abordado aqui, quando tento explicar aos meus amigos e familia esta vertente maioritaria do mundo gay é dificil mostrar com ambivalencia e os comentários tipicos sao que no mundo heterossexual tambem se passa o mesmo.
    Passa-se o mesmo mas os heterossexuais nao sao descrimidados em processos de adopçao, doaçao de sangue (embora esteja nas alineas de doaçao a reserva a casos de promniscuidade) ou unioes de facto (realidade ainda nalguns paises), nao se escondem entre paredes ou portas fechadas e nao sao apontados como promniscuos.
    Porem é bom saber que só se subjuga a tais tratos e esquemas quem quer, por muito contraditorias que possam ser as reacçoes à curta imagino que à muitos anos atrás quando se falou em associaçoes destinadas ao publico GLBT muita gente achou utopico e alguns se riram mas a realidade é inquestionavel. 🙂

  • Rui

    Por exemplo, “The Brown Bunny” do Vincent Gallo e “9 Songs” do Michael Winterbottom ambos com sexo heterossexual explícito passaram no Festival de Cannes. Se são filmes porno!? Acho que no teu ponto de vista sim.

  • Rui

    Sexo é sexo, pessoas são pessoas, sejam hetero, homo ou pansexuais. Já não há paciência para estes moralismos todos. Gosto particularmente de expressões como “as profundezas imorais do ser humano enquanto ser sexual”. wow.

    O meu vizinho de cima, a minha vizinha de baixo, o cão do meu amigo fazem sexo com quem querem, como querem e quando querem, SO WHAT!? Avancem sim… Ai porque os gays não são só isto, ai porque os heteros não são tão promíscuos, ai porque eu não sou assim ou assado. É tudo farinha do mesmo saco, a sexualidade existe e vai sempre existir.

    É assim tão importante?

    Parabéns ao realizador da curta, é mais uma parte da sociedade abordada e documentada e representa o que representa.

    Santa paciência!

  • Pedro

    Concordo plenamente consigo pois para além de ser uma vergonha isto só denegride a imagem que as pessoas têm relativamente à população L.G.B.T.
    Sim, demonstra a realidade, mas uma coisa é demonstrá-la sem crítica-la e outra é demonstrá-la como se fosse algo banal e do mais natural a fazer e como se todos quisessem o mesmo e ninguém quisesse o amor verdadeiro.
    Sexo pode ser descartável, manipulável e até ele mesmo manipulador; o amor? Nunca.
    E tal como já vi várias por aí, faço minhas estas grandes palavras «Desde que o sexo tornou-se fácil, o amor tornou-se díficil de se encontrar.».
    Ao ponto que chegamos…