Miguel Granja: Entre o ténis, o fado e a escrita (com vídeo)
A polivalência e a diversidade de áreas de actuação de Miguel Granja está patente nesta entrevista. Começa na primeira equipa gay de ténis de Lisboa, passa pelos EuroGames, pelo fado (também com influência gay) e termina nos projectos que está a desenvolver como escritor.
dezanove: Os Portuguese Furry Balls integraram a Marcha do Orgulho LGBTI de Lisboa. Afinal, que grupo é este?
Miguel Granja: Trata-se do primeiro grupo de tenistas gay em Lisboa. Somos membros da EGLSF (European Gay & Lesbian Sports Federation) e participámos nos últimos EuroGames, que tiveram lugar em Roma este ano. Foi uma participação pequena mas ganhámos uma medalha de bronze em pares (categoria D), o que foi muito bom. Na Marcha Pride de Lisboa, desfilámos vestidos de tenistas e distribuímos prospectos do nosso grupo para arranjarmos mais gente interessada.
Para quem não conhece o termo, o que quer dizer “furry ball”?
Furry Ball significa, traduzido à letra, bola felpuda. As bolas de ténis são felpudas, por isso decidimos brincar com o trocadilho.
Quando e onde treinam em Lisboa?
Vamos combinando os treinos através de um grupo de WhatsApp. De dois em dois meses costumamos fazer pequenos torneios entre nós, em que se juntam todos os membros, e organizamos jantaradas de convívio e planeamento de jogos, torneios, etc.
Também tens o grupo FadoSoulto. Este grupo de fado tem também influências LGBTI?
Fundei a banda Fado Soulto na Alemanha pois vivi lá entre 2000 e 2017. É uma banda internacional: eu sou português, o guitarrista é alemão, o acorde-mista é italiano e o percussionista é turco. Fazemos novas interpretações de fado e outras músicas populares portuguesas mas também temos uma vasta lista de temas originais. O nosso disco chama-se Fado Afoito e está disponível no YouTube e Spotify. As influências LGBT vêm do facto de eu ser gay e as letras das minhas canções são sempre enquadradas na minha vivência emocional/afectiva.
Quando é que te podemos ouvir em Portugal?
Espero que em breve. Ainda não fiz uma divulgação como deve ser do nosso trabalho mas gostávamos imenso de aturar em Lisboa.
Vai decorrer uma leitura de textos teus, enquanto escritor, na livraria Ferin (Lisboa) a 27 de Julho. O que se pode esperar deste momento? Que outros projectos tens em mãos?
Na Ferin vai haver uma leitura de vários textos meus. Vão ler a Marta Lapa e a Carla Bolito. Parte da leitura será dedicada aos tais poemas da banda. Em Novembro passado lancei o meu primeiro livro juvenil chamado “Simão sem medo - os jardins das cerejeiras”. As ilustrações são da Beatriz Bagulho e o livro foi publicado pela editora Douda Correria no CCB. Neste momento estou ainda a preparar a encenação de uma peça de teatro da minha autoria, intitulada “Carnívora”, e que estará em cena em 2020, produzida pela Trópico de Artes. Estou também a escrever um guião para uma curta-metragem baseada numa peça de João Ascenso: “Seis e… quase meia”.