a saber

Nany Petrova: “Amo a minha cidade”

É considerado o pioneiro no transformismo na Cidade Invicta. É um ícone incontornável da noite dos espectáculos no Porto a que ninguém fica indiferente. Falamos de Nani Petrova interpretado com muito humor por Fernando Soares. Actuou anos a fio no mítico Boys R Us. Actualmente este transformista burlesco actua várias noites por semana no Syndikato Club, na Rua do Bonjardim (Porto). No mês passado comemorou 40 anos de carreira e este é o motivo para uma curta conversa com o dezanove.pt:

dezanove: Ainda se lembra da primeira vez que pisou um palco enquanto artista?

Nany Petrova: Sim, foi na extinta casa de espectáculos D.Luís I, em 1972, após um concurso em que ganhei uma quinzena.

 

A Nany Petrova é uma referência da cidade do Porto. No entanto, já actuou noutros pontos do país e estrangeiro. Gostou da experiência?

Trabalhei em várias cidades. Estive no Funchal e em Espanha. Sim, gostei.

 

O seu tipo de humor é tipicamente portuense e nota-se que ama o que faz. Conseguiria viver noutra cidade que não fosse o Porto?

Não. Amo a minha cidade!

 

Consegue viver da arte do transformismo ou é obrigada a ter outro trabalho?

Neste país é difícil viver apenas do transformismo portanto sempre trabalhei e neste momento estou reformado.

Fernando Soares é Nani Petrova.jpg

Quando os fãs a reconhecem-na na rua como reage?

Reajo bem. Sou eu próprio e dou logo conversa sem problemas.

 

Quem são as suas referências artísticas?

Simone, Sara Montiel, Lola Flores,  Amália Rodrigues e Ágata.

 

Indique-nos um momento engraçado da sua carreira que queira partilhar connosco.

Tenho. Quando fiz de Cármen Miranda no estádio do Marco de Canaveses ao lado do Vítor de Sousa.

Nani Petrova Porto.jpg

Qual a casa de espectáculos em que um dia gostaria de actuar?

Na Casa da Música.

 

Considera que os travestis são bem tratados pela sociedade?

Os travestis não. Os transformistas já são mais bem aceites actualmente, se bem que maior discriminação continua a vir de dentro do meio gay.

 

Agradecimentos: Roberta Edu Oliveira

Entrevista de Paulo Monteiro

3 Comentários

  • Emigra

    É interessante constatar que publicam muito sobre transformismo e até sobre os filmes pornográficos do António da Silva mas sobre um trabalho do José Ferreira que é importantissimo para compreender e perceber o fenómeno do transformismo em Portugal, nada publicaram até hoje:
    http://gayalgarve.tumblr.com/post/111283021855/transformismo-em-portugal#axzz3mUIoNtro

  • Isabel Prates

    Só uma palavrinha para, por um lado, enaltecer o trabalho de uma vida desta verdadeira “Senhora” que é Nani Petrova; e, por outro para lhe agradecer, enquanto fã e admiradora uma carreira plena de profissionalismo, dedicação e muito amor ao que faz e ao seu público.
    Ao longo dos anos tive o prazer de ver e rever a GRANDE Nani Petrova em diferentes circunstâncias e a sua presença em palco é sempre fabulosa e sempre um prazer para quem a vê. Esta verdadeira LADY dos nossos palcos é um exemplo de vida e carreira!O meu número favorito: “A Menina dos Telefones” de Maria José Valério. Só uma palavra para descrever: PERFECTION! BEm haja, Miss Nani Petrova (Fernando Soares) e que venham mais 40 anos pelo menos!!!

  • Alberto

    Não posso deixar passar em branco o que a Nany Petrova diz nesta entrevista.
    Diz que ganhou um concurso na Boite D. Luís I no porto, até aqui é verdade mas, em 1972 ainda não existia travestys em Portugal, o travesty ganha forma em 1974/75 pela mão de Guida Scarllaty, como é que a Nany Ganha este concurso nesta data 1972? Se o D. Luís I abre as portas ao público em 1975, e esse concurso foi apresentado pelo locutor Manuel Monteiro da Rádio Festival em 1978.
    Estas datas só existem na cabeça da Nany.
    Alberto Teixeira
    Wanda Morelly