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O filme sobre a casa Margiela

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Apresentado no último Queer Porto, “We Margiela” (2017), relata-nos a história nunca contada da enigmática e singular Maison Martin Margiela.

 

Para alguém que não esteja dentro do tópico, ‘enigmática’ tem a ver com a privacidade mantida pelo criador, Martin, que desde cedo recusou estar na ribalta através das câmaras. Um acto icónico que desafia o mundo da moda até aos dias de hoje, e que este documentário satisfaz parte da  curiosidade consequente: mas não pela voz do designer.

O documentário, feito a partir de várias entrevistas intimistas, desvenda pela perspectiva daqueles que foram os seus criativos, a génese de uma das casas de moda mais influentes do nosso mundo. ‘We’, Nós, uma das ideias do relato, exprime a identidade colectiva da marca: ‘’Era tudo colectivo e cada um de nós era apenas uma pequena parte do processo, talvez significante, mas pequena’’ comentou Lutz Huelle. Tratava-se de uma identidade específica e irreverente que se reflectia nas personalidades dos entrevistados e que justificava a sua dedicação à marca (visto que o trabalho pouco lhes rendia economicamente).

Importante também para os dias de hoje serve-nos a reflexão da compradora italiana de moda, que se afirma como uma das primeiras a acreditar em Martin Margiela: ”Graças a ele, as mulheres que não se encaixavam nos padrões convencionais da beleza, podiam sentir-se lindas e confiantes com as suas roupas", disse. A marca, que tinha na sua essência quebrar estereótipos, foi também responsável por um movimento e uma filosofia inclusiva, que se conseguia materializar para além da roupa, do casting de modelos na rua ou a exclusão dos VIPs da ‘front row’, numa audiência que sentia representada e aprimorada.

O documentário revela, por fim, a história de como esta aventura terminou: com a venda da marca em 2002 a Renzo Rosso, fundador da Diesel e do grupo OTB, seguida de, em Dezembro de 2009, pela partida de Martin Margiela. O filme termina de forma original, na medida em que somos confrontados com um minuto de silêncio perante um painel branco e metafórico: um espaço para reflexão onde nos vemos reflectidos, constituindo, de acordo com a visão de Martin, uma presença na ausência. 

 

4 em 5 estrelas

Diogo Costa, colaborador do dezanove