Os conteúdos LGBTI, feministas e anti-racistas do Festival Política dedicado à desinformação
São quatro dias de debate e combate à "Desinformação", com o humor de Hugo Van der Ding, a fotografia de Pauliana Valente Pimentel, a estreia do novo documentário de Tiago Pereira dedicado à música cigana, e mais de duas dezenas de propostas de filmes, debates, conversas e cara-a-cara com deputados. A sexta edição do Festival Política decorre entre 21 e 24 de Abril no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Fica a par dos destaques:
22 ABRIL
22h
“O jeito que o corpo dá 1.0” – performance de Luan OKUN
Sala 2
Mo.vi.mente.ação na Diáspora, de Luan OKUN. As fugas necessárias para a destruição da norma, e assim da condição de sucesso, de fracasso, de género e racialidade. Colaboração: @yunaturva Proposta vencedora do concurso de bolsas para artistas, criadores e activistas, lançado pelo Festival Política e pelo Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ).
23 ABRIL
17h
Cinema – Sessão Corpos Políticos
Sala 3
“Bustagate”, de Welket Bungué, 12′ (Portugal)
Bustagate, um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa) eis o panorama escandaloso da violência e desigualdade social em Portugal. Um filme-intervenção póstumo à sua personagem imaginária, dedicado aos portugueses.
“Alcindo”, de Miguel Dores, 79′ (Portugal)
A 10 de Junho de 1995, sob o pretexto múltiplo de celebrar o Dia da Raça e a vitória para a Taça de Portugal do Sporting, um grupo de etno-nacionalistas portugueses sai às ruas do Bairro Alto para espancar pessoas negras que encontra pelo caminho. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal, cuja trágica morte na Rua Garret atribui o nome ao processo de tribunal – o caso Alcindo Monteiro.
18h
Sessão A Música Cigana a Gostar Dela Própria – estreia de documentário e concerto
Sala Manoel de Oliveira
“A música invisível”, de Tiago Pereira
Os ciganos têm presença na Península Ibérica pelo menos há 500 anos, no entanto em Portugal a sua música foi sempre quase esquecida, pouco conhecida, pouco gravada. Hoje essa música distingue-se muito por rumbas e fados, mas também por muita música religiosa e algum rap. Existem também músicos que não sendo ciganos se apaixonam por esta música e a adoptam. Viajamos então pelo país para conhecer esta música invisível. Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
21h30
“A grande mentira”, por Hugo Van der Ding
Sala Manoel de Oliveira – humor
Hugo van der Ding promete uma viagem aos grandes mitos e enganos da nossa História. Uma aula ao vivo para levar (muito) a sério. Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
23h15
Cinema – Sessão maiores de 18 - Sexo no feminino
Sala 3
“Tout le monde dit la chatte”, de Clémentine Beaugrand, 12′ (França)
A masturbação feminina aos olhos de mulheres de diferentes gerações. Delicadamente, apesar do desconforto causado pelo tabu da masturbação, as suas vozes dão início a uma conversa e tornam este diálogo possível.
“A arte do sexo”, de Matheus Ribeiro Nogueira, 20′ (Portugal)
A indústria pornográfica não é muito bem vista, principalmente pela falta de ética nas relações de trabalho e por problemas que ocorreram no passado. As personagens deste filme embarcam numa viagem para desmistificar e dignificar “A Arte do Sexo”.
24 DE ABRIL
15h30
Cinema- Sessão Corpos Políticos II
Sala 3
“O Berloque Vermelho”, de André Murraças, 8′ (Portugal)
Um homem recebe de um amigo um berloque em forma de coração para pôr ao pescoço. Quando a jóia desaparece, o homem entra em pânico e não consegue lidar com os sentimentos que o gesto e a perda do berloque lhe suscitam. Num acto louco e sangrento, fará o impensável.
“O Ofício da Ilusão”, de Cláudia Varejão, 6′ (Portugal)
A arte da ilusão é esculpida com imagens de um arquivo familiar dos anos 70 e 80 e clips de som de filmes. Madame Bovary é a heroína de Flaubert e abre os anfitriões deste exercício narrativo. Com base no diálogo de Ema Paiva com o seu amigo e confidente Pedro Lumiares no filme “Vale Abraão”, de Manoel de Oliveira, entendemos a identidade de género como uma caracterização fechada dos dos valores sociais.
“O Teu Nome É”, de Paulo Patrício, 24′ (Portugal)
O olhar sobre o caso de homicídio de Gisberta Salce Jr., transexual, vih-positiva, sem-abrigo e toxicodependente que foi brutalmente torturada e violada durante vários dias seguida por um grupo de 14 adolescentes no Porto, Portugal, em 2006. Centrado em temas como a memória, o estatuto social, a violência, a discriminação e a identidade de género, “O Teu Nome É” explora o relato preocupante de dois dos adolescentes condenados, agora jovens, e as memórias dos amigos transexuais de Gisberta, confrontando diferentes perspectivas e dimensões da condição humana.
“Tracing Utopia”, de Catarina de Sousa e Nick Tyson, 20′ (Portugal e Estados Unidos)
Uma viagem virtual pelos sonhos e desejos de um grupo de adolescentes queer de Nova Iorque, uma Geração Z que vê o mundo com olhos diferentes e esperança no futuro. Um filme que ilustra a importância, e o poder, de encontrar uma comunidade.
18h
“Negras”
Sala 2: música/conversa
Invisibilidade. Social e política. À superfície das camadas de preconceitos, hipérboles e hipersexualização estão vivências, sentimentos e dicotomias que chegam ao debate público a conta gotas. “Negra” é o palco dessas vozes. Com Sílvia Barros na música e o colectivo Mulheres Negras Escurecidas para abrir a conversa, é hora de ouvir. Curadoria: Bantumen. Com tradução para Língua Gestual Portuguesa.
Todos os eventos do festival são gratuitos e, de forma a garantir a acessibilidade e inclusão, são também acompanhados por tradução em Língua Gestual Portuguesa. Todas as sessões de cinema são legendadas em português, incluindo as de língua portuguesa. Os bilhetes para cada dia estão disponíveis apenas no próprio dia, na bilheteira do Cinema São Jorge. A inscrição nas actividades online deve ser feita para o email (participa.politica@gmail.com).
Após a edição de Lisboa, o festival ruma a Braga, entre os dias 5 a 7 de Maio.