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Os grandes destaques do Queer Lisboa 2018

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A 22.ª edição do Queer Lisboa é porventura uma das mais comprometidas da sua história, asseguram os seus responsáveis. O festival tinha já levantado a ponta do véu em relação ao programa para 2018. Fica agora a conhecer a restante programação.

 

As longas-metragens. O júri da competição de longas-metragens é composto pela actriz Leonor Silveira, pelo ensaísta francês Didier Roth-Bettoni e pelo autor e comediante Hugo van der Ding. Um total de oito filmes fazem parte desta competição. “And Breathe Normally”, de Ísold Uggadóttir, narra o encontro entre uma refugiada africana, retida na Islândia quando tentava ir para o Canadá, e uma mãe com um misterioso passado. Com estreia europeia na passada edição do Festival de Cinema de Roterdão, “Azougue Nazaré”, de Tiago Melo, transporta-nos ao interior pernambucano e ao fascinante universo do Maracatu Cambinda Brasileira, o mais antigo maracatu rural do Brasil. “Blue my Mind”, de Lisa Brühlmann é uma inusitada história de uma adolescente, cujas alterações no corpo não são bem iguais às das outras raparigas. Com acção passada na cidade-fronteira de Tijuana, “Los Días Más Oscuros de Nosotras, de Astrid Rondero, é uma negra ficção sobre o regresso de Ana, arquiteta, à sua cidade-natal. “Girl”, de Lukas Dhont, trata de um impressionante retrato de uma rapariga trans, Lara, que tem de conjugar as mudanças do seu corpo devido à redesignação sexual, com as exigências físicas do treino para bailarina profissional, Com estreia na passada edição da Berlinale, “Marilyn”, de Martín Rodríguez Redondo – que estará em Lisboa para apresentar o seu filme -, é um mergulho numa fechada comunidade rural argentina, dominada pela violência física e psicológica, onde um rapaz procura ainda assim viver a sua identidade de género. Filme-sensação do último Festival de Cannes, “Sauvage” é a estreia na longa-metragem de Camille Vidal-Naquet, protagonizada por Félix Maritaud, que interpreta Léo, um trabalhador do sexo, toxicodependente. A dupla brasileira Filipe Matzembacher e Marcio Reolon traz o seu mais recente “Tinta Bruta”, sobre o estranho choque entre a realidade virtual e a vida real, difícil de gerir pelo seu protagonista, Pedro, que faz dinheiro através de espectáculos na webcam.

 

Os documentários. O júri da competição de documentários é este ano composto pela programadora turca Esra Özban, pela realizadora Margarida Leitão, e por Rui Filipe Oliveira, produtor da RTP. Fazem parte da competição oito títulos. Depois de terem arrecadado o prémio do público o ano passado no QueerLisboa, com “Entre os Homens de Bem”, Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros estreiam agora “Cartas para um Ladrão de Livros”, onde acompanhamos a vida de Laéssio, uma figura marginal que fez do roubo de obras de arte a sua vida. “Entre Deux Sexes”, de Régine Abadia é um irreverente documentário sobre dois indivíduos intersexo, que de forma imaginativa fala sobre as diferentes problemáticas que enfrentam. “Los Leones”, de André Lage, passa-se na ilha argentina de Três Bocas onde o realizador acompanha Raúl e Mariana, uma mulher trans, absorvidos na sua reclusão. “Lunàdigas - ovvero delle Donne senza Figli”, realizado por Nicoletta Nesler e Marilisa Piga é uma lúdica mas séria abordagem ao tema das mulheres que não querem ter filhos e nas implicações que essa decisão muitas vezes acarreta. Outro realizador cuja obra o Queer Lisboa tem acompanhado de perto é Martín Farina, do qual é apresentado “Mujer Nómade”, uma encenação sobre a vida e obra da polémica filósofa argentina Esther Díaz, que serviu de inspiração ao movimento pós-porno. “Room for a Man” é um documentário na primeira pessoa do realizador libanês Anthony Chidiac, que aborda questões de identidade e migrações, reflexões construídas entre as quatro paredes do seu quarto num imaginativo dispositivo. Um mergulho nas electrizantes festas homónimas na Los Angeles dos anos 1980, “Shakedown”, de Leilah Weinraub reúne um impressionante acervo visual que reconstitui este universo underground da comunidade afro-americana e lésbica. Por fim, o realizador nova-iorquino Jordan Schiele estará em Lisboa para apresentar o seu “The Silk and the Flame”, um retrato a preto e branco de Yao, um jovem chinês, gay, que vai visitar a família durante o Ano Novo Chinês.


Queer Art. O júri da competição queer art, composto pelo actor Ricardo Teixeira, pela jornalista espanhola Paula Arantzazu Ruiz e por Victor dos Reis, presidente da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, terá a seu cargo premiar um dos oito filmes que compõem este programa, dedicado a linguagens mais experimentais. “Escape from Rented Island: the Lost Paradise of Jack Smith” é um “não-documentário” assinado por Jerry Tartaglia, que homenageia a obra e o pensamento de uma das mais importantes figuras do underground norte-americano. Passado quase inteiramente no interior do bar do mesmo nome, “Inferninho”, de Guto Parente e Pedro Diogenes, explora o sentido de comunidade ameaçado pela gentrificação, sobre um fundo teatral, Os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010, em Vancouver, são o cenário para “Luk’Luk’I”, de Wayne Wapeemukwa, um retrato desencantado e poético sobre aqueles que se viram ainda mais marginalizados pela realização do evento. “Martyr”, de Mazen Khaled, é uma muito original alegoria homoerótica sobre o tema da morte, rodado na cidade de Beirute. A actriz e realizadora de culto brasileira, ligada ao movimento do Cinema Marginal, Helena Ignez estará em Lisboa para apresentar o seu mais recente filme, “A Moça do Calendário”, uma fragmentada crítica social ao Brasil dos dias de hoje. Com cenário no bairro do Pina, no Recife, “Superpina”, de Jean Santos, é um livre e arrojado filme sobre a procura do “amor primordial”. Ensaio-visual feito de fragmentos de filmes australianos, crítica colonial e sátira política de eco-terror, #Terror Nullius#, dos Soda_Jerk é uma das grandes surpresas da edição deste ano do festival. Por fim, num delicado registo intimista, Mònica Rovira revisita a sua relação com Sarai, em “Ver a una Mujer”.

 

Outras competições. A competição de curtas-metragens tem como júri a actriz Maria Leite, o realizador britânico Rob Eagle e o artista plástico Thomas Mendonça. Ao todo, 22 filmes compõem a competição. Já o kúri da competição “In My Shorts” de filmes de escolas de cinema europeias é composto pela actriz Ágata Pinho, por Fernando Galrito, director da Monstra, e por Marta Fernandes, distribuidora da Midas Filmes. Concorrem 10 títulos a esta competição. Ainda em colaboração com o festival Olhares do Mediterrâneo, a ter lugar de 27 a 30 de Setembro no Cinema São Jorge, terá lugar uma sessão conjunta no dia 29 de Setembro, às 16h30, na Sala 3, do documentário "Mr. Gay Syria", da realizadora Ayse Toprak.

 

Queer Pop. A secção apresentará na sua primeira sessão um programa dedicado a Janelle Monáe, que, depois de ter explorado em “The ArchAndroid” e “The Electric Lady” momentos de um ciclo maior ao qual chamou “Metropolis”, e de ter experimentado vários projectos de cinema e TV, apresentou em 2018 o álbum “Dirty Computer”, cujas canções serviram o seu projecto audiovisual mais ambicioso. Já a segunda sessão será dedicada à Eurovisão, um Festival que, nascido em 1956, tem hoje uma história que, entre canções, gentes e factos, traduz, de certa forma a evolução política, social e musical da Europa.

 

Hard Nights. Os filmes mais ousados estarão a cargo de Bruce LaBruce, com o seu “It is not the Pornographer that is Perverse...”, um conjunto de quatro vinhetas interligadas, maioritariamente passadas em Madrid e protagonizadas por Colby Keller, e de Émilie Jouvet, com “My Body my Rules”, um filme-performance que pretende dar voz e imagens a pessoas cujo corpo ou sexualidade são vistos como incomuns.