Panteras Rosa apelam a campanha internacional de boicote da Eurovisão
Na sequência da «recusa de expulsar da competição o Estado genocida de Israel», o grupo activista apela à adesão individual e organizada de boicote ao festival, que tem lugar entre 7 e 11 de Maio.
Segundo se defende no comunicado subscrito por quase 70 colectivos LGBTQIA+ de todo o mundo, dos quais oito são portugueses, «ao permitir a Israel a participação na Eurovisão, a União Europeia da Radiodifusão [UER, organizadora do festival] não apenas está a ser cúmplice do apagamento do genocídio, mas está a ajudar ao pinkwashing de Israel – a exploração cínica dos direitos LGBT de forma a projetar uma imagem progressista – enquanto comete este genocídio contra 2,3 milhões de palestinianos em Gaza. A Eurovisão atrai o interesse, paixão e apoio da comunidade LGBTQIA+ há décadas, e Israel compreende o valor de propaganda do festival».
O colectivo Panteras Rosa – Frente de Combate à LesBiGayTransfobia denuncia a duplicidade de critérios de um evento que se diz “não-político” quando, em 2022, com o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a UER não hesitou em banir da edição desse ano aquele Estado invasor. Com as acções judiciais movidas contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça, que considera que se está plausivelmente perante uma situação de genocídio na faixa de Gaza, a UER invoca agora a sua neutralidade política.
Mas defende o comunicado que a Eurovisão é uma importante ocasião para Isreal “branquear” a sua política expansionista e colonialista no Médio Oriente através da colagem à agenda LGBT: «Há mais de setenta e cinco anos que o regime de apartheid e colonato israelita rouba, oprime, aniquila, empobrece, prende e mata os palestinianos indígenas, queer como não-queer. Agora vemos soldados israelitas empunhando bandeiras arco-íris sobre as ruínas das casas palestinianas que acabam de abater. (…) Promove propaganda racista segundo a qual a Palestina é perigosa para pessoas queer. Afirma trazer direitos e liberdades LGBT para Gaza, enquanto mata palestinianes queer juntamente com os seus amigos e famílias. Israel tenta apagar a dissidência queer palestiniana, mas palestinianes queer vão continuar a existir e resistir como fazem há décadas. Agora mais do que nunca, é tempo da comunidade queer em todo o mundo levar a cabo ações sérias e estratégicas em solidariedade com as nossas irmãs palestinianas».
Termina-se com um apelo de adesão ao manifesto e um call to action direccionados à comunidade queer de todo o mundo, incentivando a nível individual e colectivo as seguintes acções:
- Pedir aos participantes da Eurovisão para que se recusem a participar num festival da canção encobridor do genocídio;
- Organizar ações criativas para pressionar os canais públicos nacionais a retirarem-se da Eurovisão;
- Exigir que os locais cancelem as suas festas de projeção da Eurovisão, e em seu lugar acolham eventos que eduquem sobre o pinkwashing de Israel;
- Juntar-se ao movimento BDS;
- Responder à chamada de Queers in Palestine;
- Partilhar esta campanha com amigues, camaradas, amantes, e família escolhida.
Pedro Leitão