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"Pareces uma mulher"

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A minha vida sempre foi rodeada de mulheres. Ora no pátio do recreio, ora na faculdade ou até na actividade profissional: havia sempre mulheres como companhia.

Falávamos de tudo e de nada, e nunca senti futilidade nem nos temas nem nas conversas. Compreendi, desde sempre, as fragilidades e os receios porque também eu, já nessa altura, tinha os meus receios e fragilidades.

E se entre nós o entendimento era pacífico, aos olhos de terceiros nem por isso. Não dos colegas de turma - esses sempre me envolveram em protecção - o pior eram os outros.

«Pareces uma mulher», disparavam à queima-roupa; «Cruzas os braços como uma mulher!». E a melhor(?): «Senta-te à homem!»

Confesso que, naquela altura, senti que estava a ser alvo de chacota.

Entendiam que ao me comparar a uma mulher era uma ofensa. E, no meu pensamento de criança, realmente considerava ofensivo. Fingia não perceber, para disfarçar. Mas no fundo a mágoa era cruel.

E é sobretudo no Dia em que se celebra a Mulher, que a ferida, apesar de sarada, parece querer abrir-se. E todos aqueles pensamentos invadem-me a memória, numa tristeza que sempre foi silenciosa.

E é sobretudo no Dia em que se celebra a Mulher, que a ferida, apesar de sarada, parece querer abrir-se. E todos aqueles pensamentos invadem-me a memória, numa tristeza que sempre foi silenciosa.

Ainda hoje, o mundo parece continuar a usar a mulher como arma de arremesso, como objecto de ofensa e utilizá-la como bandeira para pseudo-igualdades ou políticas de quotas, só porque sim!

Hoje, nada disto faz sentido. Arrepia-me saber que ainda há quem olhe para o 'Ser Mulher' como um crime.

Até hoje, assola-me apenas uma dúvida: o que é 'cruzar os braços como uma mulher' e 'sentar-se como um homem'? O Dia da Mulher recorda-me, sobretudo, todas as mulheres que passaram na minha vida: as que vi sofrer, as que sofreram por mim e as que (infelizmente) fiz sofrer.

O Dia da Mulher recorda-me, sobretudo, todas as mulheres que passaram na minha vida: as que vi sofrer, as que sofreram por mim e as que (infelizmente) fiz sofrer.

O Dia da Mulher traz-me à memória as mulheres que sempre disseram: "Avança!", quando quis recuar; as que me deram a mão, quando a minha vontade era recusar a ajuda; as que acreditaram em mim, quando quis branquear as minhas competências.

Hoje, às minhas mulheres, quero agradecer terem sido as minhas infinitas mulheres.

E se Ser Mulher for sinónimo de resistência, empoderamento, vida, então eu pareço (mesmo) uma mulher!

 

Filipe Alexandre Gonçalves

Jornalista