Phantom Amour
Sinto que vou morrer de amor.
Não quero mais ser esta versão patética de mim
Que se arrasta por labirintos sem fim.
Tenho espinhos cravados no peito,
Estou demasiado letárgico para respirar,
Demasiado despedaçado para chorar.
Chamei-lhe o nome três vezes ao espelho, para dar vida ao espectro.
Avantesma de uma paixão e desgosto,
Trocas de olhares, afagos no rosto,
O toque frio da visão pálida, a mão que me aperta o pescoço.
Arranhões e beijos sufocantes contra a parede,
Tanta saudade no olhar, tanta amargura nos lábios.
Todos os dias desperto com a lembrança do sonho desfeito,
Espero que o rombo e mágoa nunca me deixem satisfeito.
Ainda sinto ecos de amor, mas só quando magoa.
Pagava para ouvir os anjos lamentar,
Pairarem na campa e louvar se sonhas comigo.
Danço com o diabo em puro deboche e depravação,
Intoxicado por pensamentos de solidão.
Nunca quiseste *** alguém mau para ti?
Deixa-te ir, a sobriedade nunca nos ensinou a dançar.
Bons meninos, lindas meninas, doces enbies,
Tragam as promessas, votos solenes, antigos álibis,
Trataremos de os perder em maquinações vis.
Afoguem comigo, ardam comigo
Na cacofonia e assombro de Valburga.
Deitem-se comigo nesta cama de espinhos.
Leva-me…
Bruno Matos
Este texto é ficção e pertence ao projecto Voz Arco-Íris.