a saber

Portugal, not so LGBTQ friendly destination

É uma realidade incontornável. Sim, temos um país bonito, com tudo o que de melhor um país pode ter e que todos sabemos: montanhas, praias, planícies, património, história, cultura, gastronomia, fauna e flora, um povo hospitaleiro e simpático.

Mas é neste ponto que vamos focar a atenção: Para a comunidade LGBTQIA, quão LGBTQIA friendly é Portugal enquanto destino turístico? 

Pois bem, a resposta não é assim tão simples. Se formos minuciosos temos de dizer que não, Portugal não é um destino gay friendly. Porquê? Porque Portugal não se resume a Lisboa e  Porto. Nessas cidades até é bastante fácil ser LGBTQIA e normalmente sem problemas. Mas e o resto do país?

Enquanto agente de turismo do mercado LGBTQIA, posso-vos garantir que não. Não somos um país preparado convenientemente para este desejado segmento turistico. E somos muito parvos por isso. Mas vamos a exemplos: bastou uma noite num hotel em Cascais para que um casal de mulheres tenha tido uma situação muito constrangedora. A reserva foi feita para um quarto duplo, ao chegarem ao hotel tiveram um quarto com camas separadas. As clientes pediram um quarto com cama de casal. Disseram que não era possível alterar. Ora isto não é admissível, nem num hotel de 1 estrela, nem de 5! 

As clientes pediram um quarto com cama de casal. Disseram que não era possível alterar.

Dando outro exemplo, um grupo gay num restaurante em Coimbra foi abordado pelos empregados que pediram para “se conterem”, pois havia casais que estavam a demonstrar afectos durante o almoço, o que incomodava outros clientes que ali estavam. Na verdade os únicos incomodados eram, sem dúvida, os empregados do staff do restaurante.

Infelizmente nas ruas há situações, por vezes, bem mais complicadas. Basta sair um pouco das grandes cidades já referidas para que qualquer casal ou pessoa mais extrovertida ou exuberante, possa sofrer problemas de homofobia e outras fobias. Há pessoas locais e oriundas do estrangeiro que são constantemente ameaçadas, gozadas e humilhadas por quem se cruzam no caminho… Lá se vai o Portugal fantástico para tantos destes turistas! E por isso continuamos fora dos melhores lugares nos rankings mundiais para os turistas LGBTQIA.

Senhoras e senhores, todes, temos ainda um longo, longo, caminho a percorrer! 

 

César Lourenço

4 Comentários

  • António Fernando Cascais

    Com efeito, Lisboa (sobretudo) e Porto (menos) constituem destinos turísticos relativamente seguros para pessoas LGBTQIA+, inclusive casais e grupos (as pessoas sós costumam passar mais despercebidas). No Algarve, a situação varia consideravelmente de lugar para lugar, com os locais mais selecionados (pelo preço) a serem normalmente mais friendly e a tolerância a descer vertiginosamente quanto mais populares, onde preponderam grupos familiares e massas indiferenciadas. É lamentável, mas a seleção socio-económica funciona mesmo, e muito. Fora destes destinos, as coisas podem ser muito inseguras e desagradáveis. O turismo de habitação, rural ou de spa que oferece “ambiente familiar” costuma ser hostil, quer de forma velada, quer declarada. Os segmentos com que trabalham são normalmente homofóbicos (famílias hetero de nível superior, com filhos) e é vulgar chegar-se lá, com reserva feita e, mal notam que se trata de um casal gay ou lésbico, desfazem-se em desculpas, mas recusam a entrada com o falso pretexto que a reserva afinal foi feita inadvertidamente e que já estavam esgotados nessa altura. Também já me aconteceu aparecer o staff inteiro na receção para mirar as curiosidades que lhes apareceram no hotel. Nos restaurantes, uma refeição em casal no dia dos namorados está normalmente fora de causa, a tal ponto as salas estão cheias de casais hetero que alteram completamente o comportamento na presença de um casal de homens ou de mulheres. Sentimo-nos a atração convidada para animar a noite.

  • André

    Geralmente quando me olham, eu olho de volta. E se não tiram o olhar, eu também não tiro o olhar. É simples e acaba por resultar sempre. Das duas uma. Ou a pessoa/as desviam automaticamente o olhar para não criarem confusões, ou não desviam o olhar e continuo a olhar até a pessoa atacar com alguma coisa. Se me perguntarem porque estou a olhar eu respondo: eu tenho tanto o direito de olhar como você! Foi você que estava a olhar para mim e não desligou! E se isto não funcionar, é gravar a pessoa que não pára de olhar até haver barraco. Qualquer coisa chama-se sempre a polícia e contasse o sucedido. Isto a meu ver, já se configura num caso de perseguição e intimidação, que num país avançado iria para a justiça. Para além de que todos os estabelecimentos como os restaurantes deveriam ter camaras a filmar todo o espaço dos clientes. Assim não restariam dúvidas!

  • Anónimo

    “bastou uma noite num hotel em Cascais para que um casal de mulheres tenha tido uma situação muito constrangedora”
    E dizerem o nome do hotel? Não vão outras pessoas passar pelo mesmo…

  • Ricardo

    Não acho Lisboa LGBT friendly. Isso é a maior mentira que criaram sobre Portugal. Onde se viu, não ter a parada de orgulho no mês de Junho? Sem contar que a maioria dos gays aqui são “incubados” em discursos como “eu não preciso mostrar para as pessoas quem eu sou”.