Manel Mira é antropólogo e decidiu debruçar-se sobre os anos 80 LGBT em Lisboa. Manel, que também é activista LGBT, quer fazer um documentário que retrate a história da comunidade LGBT lisboeta. “Uma comunidade unida necessita de uma História comum” afirma ao dezanove.pt.
O projecto é coordenado através da Universidade Nova (FCSH) de Lisboa e tem como objectivo criar um documentário em formato vídeo. A iniciativa, que para já conta com a designação “Projecto Vídeo Anos 80 LGBT Lisboa”, pretende contar uma parte da história da comunidade nos anos 80. E até que cheguem as respostas, Manel coloca as perguntas: “És lésbica, gay, bi, trans ou tinhas amigas/os que eram e lembras-te como era?”; “Onde se saía à noite?”; “Como eram os ambientes?”; “Como era feita a sedução?”; “Que segredos podes ou queres contar?”; “Como era a relação com as instituições (polícia, médico, segurança social)?”; “Tinhas parceira/o?”; “Eras casada/o?”; “Tens filhas/os?” ou “Tens fotografias ou vídeos dessa altura?”. Estas são algumas das questões que permitem fazer uma ponte sobre os Direitos das pessoas LGBT entre os anos 80 e o presente: “ Hoje em dia temos assegurado o direito de não discriminação pela constituição portuguesa, mas faltam ainda assegurar direitos na sociedade” frisa Manel.
O autor do projecto apela à participação de pessoas nascidas entre 1940 e 1975 para que estas possam contribuir através da sua experiência para uma “sociedade melhor” e “fazer parte da História” falando sobre a sua própria história pessoal, “mais do que é ou era retratado pelos média”.
Os interessados em partilhar as suas recordações e vivências comuns dos anos 80 LGBT deverão contactar o seguinte e-mail [email protected] até ao final do ano.
Paulo Monteiro
8 Comentários
Ben Nevins
Sendo um Projecto Académico Científico, deve-se fazer a menção do visado segundo o seu Título Académico Profissional . . .
O Antropólogo, Doutor, ou Professor Doutor Manuel Mira . . E não sob qualquer outra forma . . .
Ao não o fazer está-se-Lhe a depreciar o mérito . .
Emanuel
Falar da vida das pesoas lgbt nos anos 80 em Lisboa, e não falar sobre a pandemia do VIH/SIDA, será algo grave. Espero que não cometam esse erro. Fica a dica.
Pedro Dias
“É um tema deveras interessante, por múltiplas razões.
Uma dessas razões prende-se com a transformação política, provocada pelo 25 de Abril de 1974, que induziu as pessoas a pensar que tinha chegado a liberdade, inclusive para a grupo social, hoje em dia denominado LGBT.
Mas o instinto de sobrevivência de certos grupos que tinham sofrido demais com o regime anterior, e por isso viviam na clandestinidade ou na semiclandestinidade , não embarcaram todos nessa ideia, e ainda bem, para alguns.
O PCP durante décadas (se não mesmo ainda) manteve uma estrutura clandestina, e o próprio Secretário-geral, não ousava ter residência fixa conhecida.
Muitos políticos do anterior regime, ou emigraram para o Brasil, Espanha, etc. ou também não ousavam uma tal luxo, de ter residência conhecida, embora não tivessem cometido nenhum crime.
Com o grupo dos homossexuais passou-se algo de semelhante.
Começaram a aparecer locais de diversão nocturna, manifesta e assumidamente gays, como o Bric-à-Bar , o Harris Bar, o Xeque-mate, e tantos outros que entretanto desapareceram ou se transformaram em qualquer outra coisa, o próprio TRUMPS (passe a publicidade, dado o meu confesso interesse no tema), que ainda hoje, ao fim de quase 35 anos, subsiste e lidera essa mercado, como sempre desde a sua fundação.
Mas a maioria dos gays, mesmo os que frequentavam tais locais, não ousavam assumirem-se como ta em público, fosse no seio da Família, nas Escolas (fossem professores ou alunos), nos Empregos, no próprio MFA que tinha feito a Revolução da Liberdade, em locais públicos, pois a Liberdade era um mero conceito político, que viria a ser consagrado na Constituição, mas que demorou décadas a chegar ao Mundo real.
Há sinais que a homofobia, agora “clandestina” porque politicamente incorrecta, está a ganhar mais força do que tinha no final da década de 70 e a década de 80.
Por isso o final da década de 70 e a década de 80, quando apareceu o flagelo da SIDA, que de início foi considerada a doença dos gays, é de facto muito interessante estudar e deixar documentado, para que nunca, mas mesmo nunca, mais se repita.
Contam com a minha colaboração, meramente verbal, pois não possuo nem fotos, nem filmes.”
Pedro Pereira
Esses titulos não levam a lado nenhum… Nem dão qualquer mérito…
Anónimo
O que o Sr. pretende fazer é o mesmo que “Gay sex in the 70s “; e We were here ” que são os melhores documentários gay sobre o que ele quer fazer, que existem.
O We were here ” é especificamente de São Francisco; o “Gay sex in the 70s ” é Nova Iorque.
Recomendo “para ontem” os dois, todos os gays o deviam ver! Filmes recomendo o The Normal Heart “!!!!!
Quanto ao tema novamente, tenho a certeza que o Sr. Antropólogo viu os documentários que referi, e acho muitíssimo bem que agora seja a vez de Lisboa.
Atenção… não caiam na fácil e típica história deprimente do gay português; o objectivo deve ser o de enaltecer e celebrar!
Se repararem nos documentários que citei vêm que há maneiras muito divertidas de falar de coisas muitíssimo sérias, nomeadamente a luta dos direitos LGBT , como e de que forma ocorriam os engates, os espaços nocturnos, as drogas (anos 80) e a epidemia HIV.
Acho que é um projecto com enorme potencial mas temo que acabe por ser um documentário deprimente na pensão estrelita e com caras pixilizadas , o típico.
Manel Mira
Emanuel, obrigado pela sua ideia. O projecto irá reflectir as preocupações e memórias dos participantes. Ser-me-ía muito importante, como menciona, incluir a perspectiva a que se refere sobre a crise de HIV/SIDA. Convido-o, bem como aos outros leitores da dezanove, a participar, entrando em contacto comigo através do email [email protected]
Manel Mira
Obrigado pelos comentários. Não desejo fazer uma cópia dos filmes que mencionou, embora já os tenha visto a todos.
O filme será um reflexo dos testemunhos que me derem e, portanto, não será suficientemente abrangente de todas as vivências, e por isso, não será totalmente representativo delas.
Pela mesma razão, o filme ganhará a sua própria dimensão, não contendo a priori uma intenção de celebração ou outra qualquer, ainda que, eu próprio, seja activista LGBT.
Ficaria muitíssimo agradecido, a quem, o Sr. incluido, queira despixilizar o seu rosto, para contar a sua própria experiência, através do email: [email protected]
Ben Nevins
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