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Quando apagará / acenderá a luz?

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Sabe-se, que o arco-íris, consiste num fenômeno óptico, toda pessoa tem uma vista particular das cores, idem um filme pelo telão do cinema, no caso o novo documentário do cineasta e jornalista Lufe Steffen de nome Uma Breve História da Impressa LGBT+ no Brasil (2024). Do meio da comunidade, conhecida inicialmente gay, o símbolo do arco-íris popularizou na cidade de São Francisco, entre as libertações que ocorriam nos Estados Unidos do século passado, influenciando solos tropicais – o grupo mundial em estrutura precisava de uma bandeira, um símbolo, que trouxesse e associasse ao orgulho, ao invés de apenas dores.

 

Tarimbado em seus ofícios, Lufe Steffen faz com orgulho cinema desde os anos noventa, produz curtas e longas, escreve reportagens e textos na própria mídia de sigla LGBTQIA+, realiza telejornalismo segmentado, logo conhecedor dos bastidores. Em Uma Breve História da Impressa LGBT+ no Brasil, o recorte inicia no frisson do jornalismo nanico das décadas de sessenta e setenta, embora haja teorias que nos anos cinquenta existiam publicações sumidas. Elaborando e propagando das calças bocas de sino às discotecas, nas cidades e polos do Rio de Janeiro e São Paulo, produções marcantes da anterior pena velada do escritor e jornalista João do Rio, a respeito das vivências gays.

A própria comunidade brasileira entendia seus dissabores e sabores, assim surgem naqueles anos de chumbo dos anos setenta, publicações decisivas na origem ao passo que na história, como O Snob, Chanacomchana, Xerereca e o badalado Lampião da Esquina. Escritor e jornalista, habitué de narrativas ousadas, portanto Lufe Steffen apurou outras publicações oitentistas de cunho erótico e pornográfico, trazendo depoimentos fundamentais para raciocínio da multiplicidade de representações do arco-íris no Brasil; com manequins quentíssimos, as revistas Rose e CoverBoy.

Em sequência, o documentário Uma Breve História da Impressa LGBT+ no Brasil chega aos anos noventa, ou seja a grande era das revistas brasileiras do arco-íris, nomes conhecidos aparecem, o sucesso econômico e jornalístico G Magazine, de projeto editorial primoroso a revista SuiGeneris e Ok Magazine de flerte com a cultura queer. De boletins informativos, as revistas lésbicas também marcam espaço noventista, igual Um outro olhar e Feme que mantinha correspondência com a portuguesa Organa Magazine. No que aponta ao jornalismo dos anos dois mil, em que a indústria do papel perde fôlego pela internet, na fase dos sites como Mix Brasil/ A Capa (primeiro contato informativo de quem vos escreve) e Guia Gay.     

Com perícia, Lufe Steffen e depoimentos comentam de veículos recentes – do jornalismo de guerrilha das universidades – das revistas Sobre elas, Alternativa L, Tia Concha, Geni (aliás acompanhava cada sessão quem vos escreve); e das redes sociais, visto que o emblemático canal Põe na Roda (de novo marcou e letrou quem vos escreve). Os minutos derradeiros do filme documental, acontecem um misto de emoções e informações, jornalistas e artistas que já partiram, um receio nas entrevistas da comunidade está menos antenada em contrapartida bombardeada com incontáveis excessos. Apesar de todo panorama brasileiro, a última cena é pungente e otimista, a dúvida permanece nesses tempos de tamanhas incertezas: quando apagará/ acenderá a luz?

O documentário Uma Breve História da Imprensa LGBT+ no Brasil teve exibição no 32º Festival Mix Brasil, na cidade de São Paulo, que ocorreu de 13 a 24 de novembro deste ano. 

 

 

Diogo Mendes, no Brasil.

Diogo Mendes* é escritor e jornalista. Colabora para mídia brasileira e portuguesa. Tem lançado o livro de poemas, “emboloração”(2020) pela editora Chiado Books.