Em meados de Outubro, surgiu, por parte de alguns alunos, a iniciativa de criar um núcleo de alunos LGBT+ dentro do Instituto Superior Técnico (IST), com o objectivo de proporcionar um espaço seguro a quem se sentir desconfortável com a sua sexualidade ou identidade de género, mas, também, de promover debates e mostras de cultura queer. O grupo constituiu-se formalmente no passado dia 5 de Dezembro sob forma de secção autónoma da Associação de Estudantes do IST, naquilo que constitui um passo histórico para o movimento associativo estudantil em Portugal.
Na altura em que a iniciativa foi comunicada no Facebook, geraram-se mais de mil comentários, grande parte deles demonstravam desconforto e desconhecimento do público universitário sobre esta temática.
Em forma de resposta às dezenas de comentários escritos por alunos universitários em que estava patente homofobia, desconhecimento e gozo, Rui Manuel Silva – actual vice-presidente do QueerIST, escreveu:
“Cada um dos comentários acima apenas legitima a necessidade de existência do grupo. Estive presente na reunião. Não havia espaço na sala para acolher mais gente. Acho que a iniciativa, só por ter existido, já era louvável, mas este dado apenas veio a corroborar isso mesmo. Um obrigado a todos”.
Clara Pereira, estudante de 5º ano de Engenharia Física é a Presidente, Rui Manuel Silva, estudante de 4º ano de Engenharia e Gestão Industrial, é o Vice-Presidente de uma Direcção que é ainda composta por mais 5 pessoas. Ao longo do ano o grupo QueerIST pretende dinamizar um vasto leque de actividades regulares que vão desde tertúlias, a sessões de cinema, participação em eventos e parcerias. Tudo em prol da visibilidade dos estudantes LGBT+ e para que se sensibilize e promova a integração de todos por aceitação e não por omissão.
Em comunicado enviado ao dezanove.pt pode ainda ler-se: “Esta Secção Autónoma destina-se não apenas a pessoas pertencentes a uma minoria sexual ou de género, mas a todos os estudantes do IST promovendo um corpo estudantil mais culto, unido e inclusivo. Em suma, acreditamos que podemos contribuir para o enriquecimento de toda a comunidade académica do IST, acrescentando em conhecimento e informação e dando visibilidade a questões que consideramos descuradas.”
6 Comentários
Anónimo
ótima iniciativa. fazem falta em todasas faculdades.
johnny
É bom ver os estudantes do IST do presente na senda dos seus antecessores de há mais de 40 anos, a colocarem-se linha da frente das transformações sociais. Parabéns e muita força!
Anónimo
É mesmo bem-vindo este activismo no Técnico. Moro perto e, por ocasião das praxes, são muitas (e torpes) as palavras de ordem homofóbicas que uns tiranetes grunhos obrigam os caloiros a gritar. (Os comentários feitos a respeito desta iniciativa não me surpreendem: fazem parte de uma cultura agressora de jovens que se auto-desconhecem, e transferem para outrem o seu auto-desconforto psicossexual.)
João Delgado
Esses cânticos não são exclusivos do IST
Estudei a 3 anos no ISEL e nas praxes era muito habitual haver esse tipo de cânticos, inclusive dentro do campus e dos edifícios do politécnico.
Ainda fiz queixa tanto na instituição, como na inspecção geral do ensino superior, mas houve um consentimento por parte de instituição, por considerar que os cânticos não era digeridos a uma pessoa ou a um grupo de pessoas em especifico.
É muito bom ver grupos e iniciativas como estas, pois podem ser muito importantes não só para apoiar os alunos, como ajudar a mudar a mentalidade da sociadade
Ex-aluno do IST
Como antigo aluno do IST, dá-me vergonha ter estudado numa instituição cheia de escumalha homofóbica. De que servem as médias de entrada de 19 em Engenharia Aeroespacial se muitos alunos revelam não possuir qualquer sentido crítico?
O meu agradecimento àqueles que combatem a homofobia no IST e fundaram o QueerIST.
Anónimo
Infelizmente o Técnico está cheio de escumalha misógina e homofóbica. É este tipo de gente a quem as empresas querem dar emprego?