Ao dezanove.pt Jefferson contou que tudo aconteceu no bar Titanic Sur Le Mer quando Luís tentou voltar a entrar no bar para ir à casa de banho. Passava das três da manhã e em vez de um "não pode entrar" começaram as agressões. A um empurrão seguiu-se mais violência física. Começaram os socos. Jefferson que ainda se encontrava dentro do bar começou a ouvir distúrbios, quando percebeu que era do seu namorado que se tratava começou a tentar desviar as atenções atirando pedras contra uma janela e correndo noutra direcção. Encurralado acabou por se atirar ao rio, perdendo vários dos seus pertences, inclusive a identificação.  

Jefferson diz ao dezanove.pt que não consegue perceber este grau de violência que se gerou repentinamente e que nada fazia prever o que aconteceu. Diz não querer acreditar em razões de xenofobia, racismo ou homofobia. Jefferson disse também não conseguir perceber a insistência da polícia na sua identificação quando era óbvio que após mergulhar no rio e ter sido atacado poderia não ter a sua identificação consigo, mas que apenas isso lhe estava a ser exigido a si e não a todos os agressores ali presentes. Jefferson desmente serem turistas ou estarem ilegais em Portugal como alguns tentam insinuar e veicular. Ambos vivem, trabalham e estudam cá. "Há muito tempo e nada justifica esta violência". 

Apesar da barbárie ser bem visível na opinião de Jefferson a polícia não procedeu bem. O único que aconteceu com a chegada da PSP foi a violência física ter terminado. Mas já era tarde. Jefferson estava com o rosto desfigurado. Os funcionários do Titanic já lhe tinham partido o nariz. Luís estava com hematomas em todo o corpo. A queixa apresentada na esquadra do Bairro Alto não foi tratada da forma como Jefferson quis e considera que deveria ter sido efectuada. "Ficaram elementos por preencher", segundo o próprio. Ambos se considerame vítimas de violência e que gostariam que, no boletim de ocorrência, constasse o tratamento inadequado que receberam por parte dos polícias. Jefferson conta que quem registou a queixa recusou a fazer essa anotação alegando que o caso se viraria contra eles, que seriam mal vistos. “Sentimos desprotegidos por quem nos deveria proteger" diz Jefferson.

Ao mesmo tempo Jefferson explica que as imagens divulgadas da noite dos incidentes foram notoriamente editadas. O brasileiro mostra-se revoltado com a situação e exige o acesso às imagens integrais como meio de prova. "Queremos justiça!"

Depois deste caso ter vindo a público, o casal tem vindo a saber relatos de outros casos de violência ocorridos na noite em Lisboa. O casal confessa estar este momento a sofrer represálias e afastou-se da capital para tentar descansar depois deste episódio traumático.

Se fores vítima de alguma situação de violência contacta as autoridades através do 112 e as associações LGBTI existentes no país.