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Quando olhamos para uma família de gotas de água, que reflectem os raios de sol que as atravessam, vemos o arco-íris. Conheço bocas que o chamam de arco-da-aliança, arco-celeste ou até o arco-da-velha. Na semana passada, reparei numa montra de uma loja decorada com vários produtos pintados de arco-íris. A loja com a vaca à porta.

Esta semana, os meus olhos foram surpreendidos, por outras cores. Entrei. Ao passear-me dentro de prateleiras e gavetas, encontrei em moradas diferentes, alguns desses produtos. Uma garrafa. Um caderno. Uma massajador para as costas. Decidi comprar o caderno, para que os meus dedos escrevam sobre este tema. Enquanto uma das minhas mãos fazia o pagamento, a minha boca aproveitou o momento para satisfazer algumas curiosidades. Falei com uma pessoa especial na loja, que me explicou que são produtos que a habitam o ano inteiro. Eu estou a falar do conceito de rainbow washing. Disse eu. O arco-íris deste caderno é o símbolo da comunidade LGBTQIA+. Sim, eu percebi. Apesar de no crachá com o seu nome, a forma do arco-íris estar associada ao “vai correr tudo bem”, aquando da recente pandemia que escondeu todos em casa. Rimos. Eu creio que existem muitas empresas que no mês do orgulho gay, o qual pretende relembrar a defesa da igualdade de direitos por parte da comunidade, quase que se aproveitam deste símbolo de forma consumista, parecendo que são inclusivos. E no resto ano voltam a esquecer-se, até ao próximo Junho. O sorriso dela explica-me que a empresa tem uma política de inclusão e não de rainbow washing. O que acontece, por vezes, é que como este tipo de produtos têm efectivamente muita procura, esgotam rapidamente. O que leva a parecer que foi uma campanha sazonal. O exemplo são as meias. Chegam a esgotar em todas as lojas, inclusive no site. A verdade é que sempre que os produtos arco-íris são colocados na montra, esgotam. Tentei perceber quem são os compradores que fazem esgotar estas montras e percebi que existe um leque diversificado de clientes. Não são somente compradores da comunidade, mas também aliados, alguém que pretende oferecer um presente, ou até mesmo alguém que simplesmente gostou, porque sim. Motivo este, que serve para a compra de tanto outro tipo de produtos. Confesso que tive curiosidade em perceber qual a reacção dos não compradores destes produtos, ao facto de eles estarem expostos. A simpatia desta moça, mostrou-me que nunca sentiu qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Começa a existir uma aceitação e normalização da bandeira. Até porque temos de começar a abrir as mentes. E não interferir na vida dos outros. Disse. Conversámos ainda, sobre o crescimento do ultra conservadorismo, e que é importante defender os direitos de igualdade, nomeadamente também os direitos da mulher. A esperança nos seus olhos, respondeu-me que somos nós que preparamos o futuro. Todas as nossas acções de hoje, podem determinar o futuro das próximas gerações. Disse. As minhas mãos guardaram o meu caderno na mochila e a minha boca libertou um arco-íris em forma invertida. O rainbow washing é uma preocupação minha. Receio que seja por vezes, possa ser uma espécie de máscara de Veneza. Mas, depois desta conversa, existe uma cor na bandeira que me deu esperança. Vou continuar a olhar para as famílias de gotas e para os raios de sol. E seja qual for o seu nome, acredito que essa luz vai continuar a reflectir na bandeira que erguemos. 

 

Peter Pina

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