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O próximo dia 18 de Maio não será apenas mais uma data eleitoral. Será um marco. Um momento crucial em que seremos chamados a decidir o futuro do país, e com ele, o futuro das nossas vidas. Para a comunidade LGBTQIA+, para as mulheres, para as pessoas racializadas, com deficiência, imigrantes e tantas outras vozes historicamente silenciadas, o voto é mais do que um direito: é um instrumento vital de resistência, de afirmação e de esperança.

Nada nos foi dado. Tudo foi conquistado.
 
Cada direito que hoje usufruímos foi arrancado a uma história de silêncio, violência, exclusão. A possibilidade de dois homens ou duas mulheres se casarem legalmente, de adoptar uma criança, de alterar o seu nome e género no registo civil sem recorrer a diagnósticos psiquiátricos, não aconteceu por acaso. A descriminalização da interrupção voluntária da gravidez, a criminalização da violência doméstica, as cotas de género, os programas de combate à discriminação racial, tudo isso é fruto da luta colectiva. Lutas feitas de marchas, activismo, denúncias públicas, muitas vezes ignoradas ou ridicularizadas.
 
Hoje, olhamos para trás com orgulho do que conseguimos. Mas seria um erro achar que chegámos onde deveríamos. Ainda há tanto por fazer e há, sobretudo, muito a defender.
 
O perigo do retrocesso é real.
 
Vivemos tempos perigosos. Discursos de ódio e intolerância, que antes se escondiam nas entrelinhas, hoje são ditos em voz alta, normalizados, até aplaudidos. Há partidos que se candidatam para desmantelar direitos humanos. Que falam em “ideologia de género” como forma de atacar políticas de inclusão. Que negam o racismo estrutural, que atacam os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, que zombam das pessoas trans e não-binárias. E fazem isso com uma estratégia clara: desinformar, dividir e espalhar medo.
 
O voto, neste contexto, é uma arma de defesa. É um grito. É um escudo contra quem quer legislar em cima da nossa dor. É também uma ponte: entre o presente e o futuro que queremos construir.
 
O que ainda falta? Muito. E precisamos exigir.
 
Ainda vivemos num país onde pessoas LGBTQIA+ têm medo de andar de mãos dadas na rua. Onde pessoas trans enfrentam taxas brutais de desemprego, exclusão escolar e violência. Onde as mulheres continuam a ganhar menos, a ser as principais cuidadoras não-remuneradas, a viver com medo dentro da própria casa. Onde pessoas negras e ciganas são discriminadas no acesso à educação, à saúde, ao emprego, e alvo de violência policial que raramente é responsabilizada. Onde pessoas com deficiência enfrentam barreiras físicas e sociais todos os dias. Onde ser imigrante, sobretudo racializado, é ser tratado com desconfiança e racismo institucional.
 
Queremos mais. Queremos políticas públicas concretas que nos protejam, não apenas discursos. Queremos educação sexual e de cidadania nas escolas, centrada no respeito e na inclusão. Queremos representação política real, onde possamos ver corpos como os nossos a decidir leis. Queremos igualdade salarial e medidas eficazes de combate à violência de género. Queremos acesso universal à saúde mental. Queremos segurança no espaço público. Queremos um Estado que trate todas as vidas com igual dignidade.
 
Por isso, precisamos de votar. Com consciência. Com responsabilidade. Com amor.
 
É fácil sentir-se desiludido com a política. Muitos de nós já sentimos que os nossos votos “não mudam nada”. Mas a verdade é que mudar leva tempo, e desistir só entrega o poder àqueles que querem manter tudo como está, ou pior, querem destruir o que já temos. A abstenção, muitas vezes, é o que garante a eleição de quem quer silenciar-nos.
 
Votar não é um acto isolado. É colectivo. É um gesto que diz: eu importo. Eu estou aqui. Eu vou lutar pelo que é certo. E quando votamos de forma informada, comprometida, crítica, ajudamos a transformar o país. Talvez não de um dia para o outro , mas cada passo importa.
 
Por um futuro mais justo, mais seguro, mais diverso.
 
No dia 18 de maio, vota por ti. Mas também vota pelos que ainda não podem votar: jovem trans que precisam de protecção, mulheres que ainda morrem às mãos dos seus agressores, pessoas racializadas que nunca foram ouvidas, crianças queer que precisam de um mundo onde possam crescer sem medo.
 
Vota por quem veio antes de nós, e abriu caminho. Vota por quem vem depois, e merece mais. Vota pela liberdade, pela dignidade, pela igualdade. Vota para que a democracia não seja apenas uma palavra bonita, mas uma realidade sentida por todas as pessoas.
 
Votar é resistir. Votar é existir. E no dia 18 de Maio, existiremos com toda a força.
 
 
Diogo Martins

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