As palavras têm poder. A força de uma palavra provoca um murro no estômago. As palavras que não conhecemos são vazias. Ecoam como uma folha branca de papel em nós. Ele tropeçava em palavras. Tropeçava em palavras que desconhecia. O desenho das letras era-lhe familiar.
Vencedor do The 2020 Booker Price, considerado um dos melhores livros de 2021 pelo British Book Awards, o primeiro romance de Douglas Stuart, obra que lhe tomara 10 anos de escrita, conta-nos ao longo de 500 velozes páginas uma história de heroísmo e de amor num meio marcado pela miséria, pelo machismo e homofobia. O retrato da infância de Shuggie Bain, na Glasgow dos anos 1980 e 1990, é uma projecção das experiências de Douglas Stuart na sua cidade natal assim como de uma infância negligenciada pelo alcoolismo da mãe e o abandono do pai.
“As injúrias acompanhavam os socos, e o meu silêncio, sempre. Paneleiro, bicha, rabeca, maricas, panasca, roto, larilas… ou o homossexual, o gay. Às vezes cruzávamo-nos nas escadas a abarrotar de estudantes, ou noutro sítio, no meio do pátio. Não me podiam bater à vista de todos, não eram assim tão estúpidos, poderiam ser expulsos.”
Com roupas femininas e barba, o projeto WQueer quer mostrar o som da favela no Brasil.
Durante o dia, Wallace Terra (31 anos) trabalha como assessor de planejamento na prefeitura municipal da cidade de Niterói, município do Rio de Janeiro, a noite ele dá vida ao projeto musical WQueer.