Arrancou esta sexta-feira, 4 de Novembro, a 10ª edição do LEFFest. O Festival vai percorrer os concelhos de Lisboa e Cascais até ao dia 13. No dia 8, terça-feira, será apresentado o documentário “Uncle Howard” (2016) de Aaron Brookner, que marcou presença este ano nos Festivais de Cinema de Sundance e de Berlim.
É preciso gostar de fado, mas desengane-se quem pense que apenas vai ver e ouvir o fado da Mouraria, de Coimbra ou de Amália no mais recente espectáculo de Filipe La Féria, no Salão Preto e Prata do Casino Estoril. A imaginação do encenador foi mais longe do que uma mera reconstituição das raízes do fado.
Um elenco de cantores e actores, orquestra, um corpo de baile, acrobatas suspensos que dão corpo a “magnéticas” interpretações visuais e o vanguardismo técnico do Casino Estoril são os elementos que aos sons do fado fazem suceder as cenas a um ritmo cronologicamente veloz. Assim se transmitem os episódios e marcos da história do povo luso em simbiose com a canção nacional. Dos Descobrimentos, à contemporaneidade, passando pelo 25 de Abril, do genuíno folclore popular passando pelo tango, mostra-se ainda aquilo que influenciou o fado e o que o fado influenciou.
Os tributos aos grandes nomes do Fado desempenhados por Alexandra e Henrique Feist merecem destaque. Alexandra, depois de ser protagonista do musical Amália (galardoado com um Globo de Ouro como melhor espectáculo de 2000 e que esteve seis anos em cena), aparece deslumbrante reinterpretando a diva do Fado. Henrique Feist, considerado o Melhor Actor em 2009 pela Sociedade Portuguesa de Autores, é protagonista de uma interpretação verdadeiramente sentida, ao ponto de julgarmos que o fôlego de Henrique se esgotará. Mas não. É arrebatador.
Paulo Monteiro
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