O Senado da Florida aprovou na passada terça-feira, dia 8 de Março, um projecto de lei cunhado pelos seus críticos como “Don’t Say Gay” e que como o nome indica discrimina as pessoas LGBTQI+.
Estava na minha cidade natal de Boston quando ouvi as notícias do horrível ataque em Orlando que atingiu directamente 100 pessoas, entre feridos e mortos. Tinha aterrado horas antes no voo inaugural da TAP que liga Lisboa a Boston e estava à espera de ter dois dias bem passados entre amigos e família. Ao ver as imagens da CNN em Orlando, a minha alma estremeceu. Recordei imediatamente os eventos trágicos que ocorreram três anos antes, quando radicais incitados pelo ódio atacaram a Maratona de Boston em 2013, activando explosivos a poucos quarteirões da minha casa.
Esta manhã, na Assembleia da República foi aprovado por unanimidade o Voto de Condenação e Pesar n.º 100/XIII pelo atentado de Orlando, Estados Unidos da América, ocorrido a 12 de Junho.
Ouvia-se o murmurar constante das pessoas que se uniram por Orlando. Algumas centenas juntaram-se ontem à noite, 15 de Junho, junto à estátua de D. João I, na Praça da Figueira e demonstraram que Lisboa também é Orlando mas, sobretudo, que Lisboa é Gay, Lisboa é LGBTI.
Não é fácil escrever sobre um evento tão devastador. Um acto isolado de violência configura uma impossibilidade. A homofobia, a transfobia e demais expressões de violência matam quotidianamente, de muitas formas e de modo transversal.
Notícias sobre um tiroteio nunca são fáceis de engolir. Infelizmente começam a surpreender cada vez menos, tendo em conta a quantidade que temos visto este tipo de notícias aqui nos EUA nos últimos anos. Por isso, ao acordar no Domingo com as notícias de Orlando, a minha primeira reacção não foi de choque, mas de desilusão com a repetição da fórmula: acesso a armas de fogo, uma alma fraca e desestabilizada e ódio. Muito ódio.
O Vaticano reagiu na segunda-feira, 13 de Junho, ao tiroteio em massa mais mortífero de que há memória nos Estados Unidos, referindo-se ao mesmo, num comunicado oficial, como uma "manifestação de um loucura assassina e de um ódio sem sentido".
Os Estados Unidos sofreram ontem o pior assassínio em massa desde 11 de Setembro de 2001. E desta vez foi mais do que um acto de terror generalizado e indiscriminado. Foi também um crime de ódio específico, premeditado contra uma comunidade determinada.
Às duas da manhã (hora local) começava o massacre no Pulse Club, em Orlando (Florida). O ataque provocou 50 mortos e pelo menos 53 feridos. A polícia está a descrever o crime como um “acto de terrorismo interno”.
O Estado da Florida (EUA) legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo esta terça-feira. A Florida passou a ser o 36º estado norte-americano a reconhecer este tipo de união.