A noite gay na capital de Portugal tem sofrido grandes alterações ao longo dos anos. Apesar da mudança, tanto na noite como na sociedade, ainda existe muito preconceito e muitos tabus em torno do que é realmente a noite gay.
Em conversa com três responsáveis por locais conhecidos na noite lisboeta, fomos descobrir realmente o que é a noite gay na capital e quem a costuma frequentar. Afinal os heterossexuais até são clientes mais frequentes do que se pensa nestes espaços nocturnos.
“Os heteros que frequentam os sítios gays são aqueles que estão muito bem resolvidos com a sua sexualidade”
São 22h e o Bairro Alto ainda se encontra calmo. Em plena Rua da Rosa, no número 159, abre-se uma porta para dar início à noite. Aqui podemos encontrar um espaço recente por estas ruas, ideal para beber um copo ou dois, mas com um nome bastante conhecido. O Pride tenta fugir um pouco àquilo que é associado à noite gay por grande parte das pessoas, tendo um conceito “mais abrangente, mais friendly. Não é um bar gay, hetero friendly, ou um bar hetero, gay friendly, ficamos aqui numa mistura”, explica Jorge Gomes, gerente do Grupo Pride.
“Todas as pessoas que se respeitem e que respeitam os outros são bem-vindas, no entanto, os extremistas que não tenham respeito pelos outros, serão convidados a sair”. O local é acolhedor, com as luzes em meio tom, música não muito alta para que se possa conversar, sentar e descontrair um pouco, isto comparando com outros bares em redor. Já com alguns anos de trabalho na noite gay, Jorge admite que, na capital, a noite encontra-se demasiado segmentada e que isso pode acabar por contribuir para a criação de estereótipos por parte de quem nunca frequentou a noite gay. “Dentro do mundo gay existem ‘guetos’, ou seja, bares só para ‘bears’, só para lésbicas, só para ‘boys next door’ e nós não gostamos de segmentar. Se a sociedade fosse diferente, se calhar nem precisávamos de ter um bar gay, tínhamos apenas um bar onde todos eram bem-vindos.”
Jorge Gomes costuma receber muitos clientes heterossexuais, mas sabe que são uma minoria, uma vez que “Os heteros que frequentam os sítios gays são aqueles que estão muito bem resolvidos com a sua sexualidade e que gostam de sair para beber uns copos e divertir-se sem serem perturbados. Normalmente nos sítios gays conseguem-se divertir sem andarem à bulha, enquanto que nos sítios heteros, com o álcool e os ciúmes porque vão com a namorada, acabam por ter sempre confusões”, conta Jorge entre gargalhadas. O mal dos estereótipos criados em torno da noite gay é que “a realidade de uns não é a dos outros”.
Jorge considera que “os bares gays, infelizmente, são um mal necessário. Se eu for a um restaurante, dito ‘normal’, e beijar o meu marido na boca toda a gente fica a olhar para mim, até já fui convidado a sair de uma discoteca por beijar o meu marido.” Quando confrontado com uma das visões existentes sobre a noite gay, que esta serve maioritariamente para a procura de um parceiro sexual, com base na sua experiência pessoal, Jorge não considera que “seja aquele ponto de engate de, ‘vamos àquele bar porque vou engatar lá alguém’. Não! Vamos àquele bar porque eu vou-me sentir à vontade, sem que olhem para mim de lado. Se for a um lugar considerado mais hetero, se começar a dançar com as mãos no ar e a mexer-me mais, se calhar vou ter metade da pista a olhar para mim e a dizer, ‘à boca pequena’, olha, aquela bichinha, pensa que está em casa, ou pensa que está no Trumps ou pensa que está onde?” conclui a rir da situação.
Depois de alguns copos e de uma troca de palavras com os amigos, chega a hora de procurar um sítio que fique aberto pela noite fora. A zona mais conhecida para encontrar um local destes, em Lisboa, é o Príncipe Real, zona onde se concentra em maior número a noite gay. Aqui, as opções são muitas. Optámos por uma das mais conhecidas discotecas gay, o Trumps, e por um espaço mais pequeno, mas de renome devido aos espetáculos de transformismo que oferece todas as noites, o Finalmente.
“Todos os fins-de-semana temos muito público heterossexual”
Com um grande nome na noite gay nacional e internacional, a discoteca Trumps encontra-se ao cimo da Rua da Imprensa Nacional. Com um grande T à porta, é fácil dar com o local, que conta, logo à entrada, com um pequeno bar à disposição dos clientes, e com duas salas no piso inferior, uma de música house e outra de música pop. A discoteca Trumps afirma-se como ‘hetero friendly’ portanto “quer dizer que está aberto a toda a gente, não olhando a género ou sexualidade”, explica Marco Mercier, director geral do Trumps, acrescentando que “todos os fins-de-semana temos muito público heterossexual no Trumps”.
A seu ver o sempre sorridente Marco Mercier considera que a noite gay em Lisboa está a crescer cada vez mais. Neste estabelecimento, a boa disposição é frequente e o trabalho até acaba por ser mais fácil se for levado assim. Durante a entrevista, alguns risos e brincadeiras foram ouvidos, o que comprova que o trabalho na noite gay até pode ser divertido. Assemelhando-se ao que qualquer discoteca produz, o T (como é conhecida a discoteca por quem a frequenta) recebe semanalmente um DJ convidado que pode vir de qualquer parte da Europa para proporcionar novas vivências aos clientes. Através do que vivencia no estabelecimento, Marco não considera que esteja apenas na mentalidade das pessoas o facto de a noite gay ser um local mais virado para o engate, até porque “se disser que é só a mentalidade das pessoas então estaria a mentir, não é?” pergunta Marco. O mesmo responsável prossegue: “Oferecemos diversão, não oferecemos nada que leve a que esse preconceito continue a viver e que esteja tão presente na cabeça das pessoas”. O também coreógrafo explica que em qualquer lugar de saída nocturna se podem conhecer pessoas. Apesar do mercado da noite estar dividido em duas partes (sexual e divertimento), Marco garante que “o Trumps se foca apenas na parte do divertimento”. Apesar de os locais nocturnos mais direccionados à comunidade LGBT serem bastante frequentados, não implica que sejam uma das causas que levam as pessoas a assumirem-se como homossexuais, “as discotecas LGBT funcionam um pouco como iniciação, para que a pessoa conheça pessoas como ela [com a mesma orientação sexual], mas também para reunir grupos de amigos que se encontram ao fim-de-semana”, afirma Marco Mercier. No entanto, Marco não considera que exista algum tipo de relação entre os espaços da noite gay e o ‘coming out’ [assumir publicamente a orientação sexual] que se tem verificado, em maior número, nos últimos anos.
Sendo a comunidade gay mais pequena, os clientes de qualquer estabelecimento acabam por se tornar frequentes, portanto é necessário diversificar e fazer novas apostas. O Trumps conta por isso com diversas noites temáticas: “Acabamos por ter uma quantidade de clientes que são regulares e a quem temos de oferecer coisas novas.” Marco está convicto que todas as noites o Trumps recebe clientes heterossexuais, aliás “é um bocadinho por moda. Lembro-me que há uns anos tínhamos uma sexta-feira com muito, muito, muito público heterossexual mesmo”.
“Desde início que o Finalmente esteve direcionado ao público gay”
Também situado no Príncipe Real, na esquina da Rua da Palmeira, deparamo-nos com o Finalmente Club, conhecido entre heterossexuais e homossexuais como a discoteca do show de transformismo. No entanto, nem sempre foi assim. Quem o diz é Fernando Santos. Apesar de não ser um nome muito conhecido, garante que o seu nome artístico será muito mais conhecido na noite gay. Fernando é a pessoa que interpreta a personagem Deborah Krystal, artista do Finalmente. Um nome que muitos conhecem no mundo do transformismo e mesmo fora dele. “O Finalmente começou como um pequeno espaço, um café com algumas mesas, o bar, e claro, com os shows para que fosse algo diferente do que havia na altura, uma vez que já estamos abertos há quase 40 anos.” Depois de começar a ganhar fama e a encher todas as noites, houve a necessidade de retirar mesas e afins para que coubesse o maior número de pessoas possível. O Finalmente nem sempre teve o mesmo aspecto, mas desde o início esteve direccionado para o público gay. No entanto, qualquer heterossexual é bem-vindo a este espaço muito procurado pelo entretenimento oferecido com o show de transformismo.
O Finalmente já recebeu diversos nomes internacionais, “já passou por aqui tudo, todos os grandes nomes no mundo dos shows travestis já actuaram aqui, assim como poetas, cantores, bailarinos e até a Katy Perry.” Katy Perry esteve no Finalmente em 2011 quando passou por Portugal na sua tour. Sendo Katy uma das artistas muito ouvidas na noite gay, o facto de esta ter aparecido no Finalmente para se divertir foi notícia por todo o lado. Aos olhos de Deborah, quem diz que a noite gay é para o engate “é por pura ignorância ou falta de conhecimento! Aliás, até recomendo que saiam e venham experimentar, porque estão muito enganados (risos)”. E, de facto, experimentar algo é a melhor maneira de conhecer verdadeiramente o conceito. Deborah acrescenta que muitos heterossexuais dos que passam por aqui como clientes “até se calhar pensam ’então mas se a minha amiga vai ali, o meu amigo vai ali, porque é que eu não devo ir também? O que é que me pode acontecer de tão mau?’ e pronto. Digo mais! Muitos deles até acabam por conseguir uma rapariga mais facilmente aqui, porque elas entram a pensar que são todos gays e ficam mais soltas e divertidas, do que aí pela rua”. Deborah garante que muitos clientes heterossexuais acabam por entrar simplesmente para verem o show de transformismo.
Para Deborah, locais dedicados à comunidade LGBT são importantes para a sociedade, porque além de ir criando alguns hábitos novos na vida das pessoas, servem também para que “as pessoas estejam à vontade, para que possam divertir-se e soltar-se, ser aquilo que realmente os deixa felizes. Até aqueles que ainda não sabem bem o que querem [em relação à sua orientação sexual], é importante terem estes locais para virem (risos).” Deborah Krystall considera que as pessoas, apesar de todas as mudanças já feitas referentes aos direitos da comunidade LGBT, “ainda estão muito fechadas ao assunto”, dando o exemplo das demonstrações de afecto em público “É impensável estar um grupo de amigos, com um ou mais casais lá, e dois estarem aos beijos porque vai incomodar todos os que estão em redor.” Muitas das vezes esses preconceitos estão apenas na cabeça das pessoas e, quem sabe, se ao experimentarem um pouco do que é oferecido na noite não passam a aceitar melhor. “
Deborah confidencia-nos um episódio “Um amigo meu de Santarém disse-me que tinha adorado o show e que queria imenso levar-nos a actuar lá, mas sem certezas quanto à reacção. Santarém, um sitio mais pacato, onde a maioria dos clientes eram daqueles que agarram os touros, agricultores de lá, pronto assim mais… não é?” diz-nos com uma certa graça na voz. E prossegue: “Eu disse-lhe, ‘então fazemos assim, nós vamos lá. Não tens de pagar, nós vamos. Se correr mal, saímos, se não correr mal logo se vê’. Conclusão, o difícil foi depois sair de lá, porque eles adoraram tudo, as mulheres que nós criámos, o glamour do show, as penas, tudo” relembra encantada.
Apesar de ser um club que abre portas a todos, inicialmente não foi assim. “Se não queremos que sejam preconceituosos connosco então também não podíamos ser preconceituosos com eles”. O anterior proprietário do Finalmente não permitia a entrada de raparigas no local, “vinham aqui bater à porta e ele dava-lhes com ela na cara, depois de lhes explicar, da maneira mais rude possível, o que este clube era para que elas e não sentissem qualquer vontade de querer cá entrar.” Claro que esta proibição teve de ser mudada, até porque não deixavam de ser clientes que a casa podia ganhar. Com a vantagem de estar aberto todos os dias, o Finalmente consegue atrair um grande número de pessoas com o show de transformismo que ocorre todos os dias. De destacar que, todas as segundas-feiras o palco do Finalmente dá lugar a novas pessoas que queiram actuar, desde travestis a raparigas comuns, todos podem ter a oportunidade.
A noite gay será sempre um tema controverso na sociedade. A diversidade é imensa, portanto convém saber lidar com diversos feitios e diversos géneros para que a noite corra da melhor maneira. A ideia que a sociedade, que nunca frequentou a noite gay, tem da mesma é errada, como nos garantem Jorge Gomes, Marco Mercier e Deborah Krystall. Se há algo que é garantido é que a noite gay é das noites mais animadas que Lisboa pode oferecer a qualquer pessoa que esteja disposta a conhecer.
Pride Bairro Alto
Rua da Rosa 159,
1200-383, Lisboa
Horário:
Quartas e Quintas – 22h às 02h
Sextas e Sábados – 22h às 03h
Domingos – 22h às 00h
Trumps
Rua da Imprensa Nacional 104,
1250- 127, Lisboa
Horário:
Sextas, Sábados e vésperas de Feriado – 23:45h às 06h
Finalmente Club
Rua da Palmeira 38,
1200-313, Lisboa
Horário:
Todos os dias – 00h às 6h
Reportagem: Miguel Rodrigues
34 Comentários
Anónimo
“Os heteros que frequentam os sítios gays são aqueles que estão muito bem resolvidos com a sua sexualidade”
A este senhor eu tenho a dizer o seguinte: a homofobia institucionalizada é causada na sua maioria por heterossexuais. Se os heterossexuais “bem resolvidos” fossem tão pró-LGBT como alega, não haveria homofobia institucionalizada, pelo que também não haveria gays “não resolvidos” a reproduzir homofobia.
João
Estou a tentar digerir mas confesso que estou com muita dificuldade para entender como o dono de um bar gay diz isto:
“Jorge considera que “os bares gays, infelizmente, são um mal necessário”
Muito mau e sobretudo muito estranho e contraditório.
L. Salgueiro
n sei q audiência tem o dezanove mas sei q c este discurso o gerente da pride arrisca-se a perder um cliente p cada pessoa q o ler
felizmente frequento a noite hetero senão ficava a saber pelo gerente da pride q o ppl hetero passa as noites a andar à bullha p causa do alcool e dos ciumes pq vão com as namoradas
e esta é só uma de muitas tiradas
Senhor Anónimo
Este Jorge Gomes não é o tipo que disse à Time Out que a Pride Conde Redondo era a maior novidade da noite gay nas últimas décadas?
Este Jorge Gomes não é o tipo que disse à Time Out que em termos de discotecas nada se renovou muito nos últimos 30 anos em Lisboa?
A Pride Conde Redondo não foi a discoteca que faliu em 3 meses e se constituiu assim como o maior fail de sempre da noite gay Portuguesa?
Se é, fico preocupado porque não entendo qual a credibilidade que tem para lançar umas postas de chicharro sobre a noite gay Lisboeta.
Ben Nevins
Eu ? . . . Não sou . . . Não . . Vim com . . Com a minha amiga . . Onde está ela ? . . .
Ben Nevins
EU ? ! . . . Não ! . . . Vim só ver se via a Cate Perri ! . . .
Anónimo
Em que planeta vive este Jorge Gomes para dizer que a noite gay se encontra demasiado segmentada e depois aponta consequências que no minimo não fazem qualquer sentido?
A comunidade heterossexual não tem discotecas e bares de House? de Metal? de Hard? para Emos? para pessoal do Anime? para danças de salão? etc, etc, etc
Ah e já agora, os heteros que frequentam regularmente sitios gay, não são tão hetero como isso.
Não se pode dar o microfone a qualquer um…
João Miguel Gomes Delgado
Como frequentador habitual noite gay na capital, não me identifico nada o discurso do gerente da pride, sobre a noite gay é muito mau e não corresponde a realidade que eu vivo
“Dentro do mundo gay existem ‘guetos’, ou seja, bares só para ‘bears’, só para lésbicas, só para ‘boys next door’ e nós não gostamos de segmentar. Se a sociedade fosse diferente, se calhar nem precisávamos de ter um bar gay, tínhamos apenas um bar onde todos eram bem-vindos.”
Não existem guetos nenhuns, simplesmente e população LGBT é muito diversa com uma grande diversidade de pessoas, pelo que é perfeitamente natural exista uma grande variedade de espaços virados para os vários tipos de públicos, e com vários tipos de ambiente, é perfeitamente natural que as pessoas procurem espaços com ambiente com que se identifiquem e frequentados por pessoas com que se identifiquem também. Isto acontece não só na noite gay, como na noite em geral, basta ver a grande diversidade de estabelecimentos que existem com uma grande diversidade de ambiente. Não acho que isto seija uma coisa negativa, muito pelo contrario, acho extramente positivo aver esta diversidade, de forma a que cada pessoa consiga encontrar um ambiente com que se identifique e se possa divertir
Chamar de guetos aos outros estabelecimentos, é uma falta de respeito, não só para quem trabalha neles, como para os clientes que os frequentam
“Os heteros que frequentam os sítios gays são aqueles que estão muito bem resolvidos com a sua sexualidade e que gostam de sair para beber uns copos e divertir-se sem serem perturbados. Normalmente nos sítios gays conseguem-se divertir sem andarem à bulha, enquanto que nos sítios heteros, com o álcool e os ciúmes porque vão com a namorada, acabam por ter sempre confusões”
Esta frase também é muito infelis, do que tenho conhecimentos não vejo nada os hetros irem para a noite hetro para irem para criar confusões por causa do álcool e das namoradas. É tipo de discurso é preconceituoso e fica muito mal
“os bares gays, infelizmente, são um mal necessário”
Não veijo mal nenhum nos estabelecimentos virados para o publico gay, muito pelo contrario é uma coisa muito positivas e natural que este excitam, é perfeitamente natural que por exemplo, os rapazes gay quiram ir divertir-se e passar uma boa noite para sitios que seija frequentados e/ou dirigido para o publico gay masculinos, tal como é perfeitamente natural os rapazes hetros ir para sitios que seijam frequentado por raparigas. Mesmo nos países onde a homossexualidade é mais aceite estes espaço existem, e até exitem com mais força e com mais oferta, portanto, não acho mal nenhum que excitam espaço dirigidos ao público lgbt, e até acho que a média que a homossexualidade passa a ser mais aceite esses mesmo espaço vão aumentar, uma vez que isto passa a ser uma coisa mais natural. Pessoalmente até gostava que houve mais e com mais gente
Anónimo
#NotAllHeteros
Rodrigo Lapa
Tanto Fernando Santos como Mercier têm respostas coerentes e sensatas e contribuem para esclarecer e informar. Já o senhor do Pride, além de incoerente e de conhecer muito mal o metier tanto gay como hetero de Lisboa, está claramente no ramo de negócio errado.
Não percebo porque está o Pride neste lote com 2 grandes casas da noite gay Lisboeta, quando ficaram de fora outras opções óbvias e com importância e relevo indiscutivelmente superior.
O Alucinado
Uma coisa é o que o tipo da Pride diz, outra é a realidade.
É uma visão* completamente distorcida da noite LGBT e ainda pior da noite hetero.
*Imagem que se julga ver, geralmente em sonhos ou por efeito de uma alucinação.
Anónimo
“O Pride tenta fugir um pouco àquilo que é associado à noite gay por grande parte das pessoas, tendo um conceito “mais abrangente, mais friendly. Não é um bar gay, hetero friendly, ou um bar hetero, gay friendly, ficamos aqui numa mistura”, explica Jorge Gomes, gerente do Grupo Pride”
PRICELESS!!!!
Se não lê-se não acreditava.
Ano Nimo
“Os heteros que frequentam os sítios gays são aqueles que estão muito bem resolvidos com a sua sexualidade”
A este senhor eu tenho a dizer o seguinte: a homofobia institucionalizada é causada na sua maioria por heterossexuais.
O que foi dito foi que os heterosexuais QUE FREQUENTAM os sítios gays estão bem resolvidos com a sua sexualidade… e concordo, afinal se frequentam sítios gays é porque devem ter amigos gays e porque não se importam de serem vistos a frequentar sítios com gays. Se todos os hetero fossem como os hetero que frequentam os lugares gay, haveria bem menos homofobia….
João Delgado
É mesmo
Ainda para mais vindo de um espaço com o nome “PRIDE”, que vai para as revista como a time out a promover o “Orgulho” e que promove da maneira que promove nas rede sociais
Até parasse que tem vergonha de ser um espaço virado para um publico LGBT e tem também vergonha do “meio LGBT”…
Não se percebe de onde vem o nome PRIDE para o estabelecimento
Anónimo
Há 1 erro de casting neste artigo.
Nem o bar Pride e muito menos o seu gerente deviam aqui estar. Não faz sentido estarem nem o que ele diz da diversão nocturna hetero e gay.
A dos heteros só andarem à bulha é muito odd.
Nuno
Bem, começando a subir desde a baixa, veem-se de tudo, rua da rosa a noite também, príncipe real e trumps igualmente. Simples, vejo mais gays no lux, mais e outros locais do que propriamente no trumps. Moro perto e vejo mais heterossexuais a entrarem no trumps e saírem de lá aos beijos com outros homens do que via há uns anos. Agora heterossexuais resolvidos??? É uma raça em vias de extinção. No trumps assisti, ao filho aos beijos a um rapaz, entretanto entra o pai dele que diz ter ido buscar o filho que não devia estar ali e, que nem resolvido que é este pai, a certa altura estava o pai totalmente bichona a falar à tiazorra aos beijos com outro homem e o filho lá continuava na marmelada. Bem, os heterossexuais tem tarifa bi horária, até as 22h são machões e até as 8h são virados. Perceberam bem, não são resolvidos, são sim virados. E tenho dito!
Anónimo
“O que foi dito foi que os heterosexuais QUE FREQUENTAM os sítios gays estão bem resolvidos com a sua sexualidade… e concordo, afinal se frequentam sítios gays é porque devem ter amigos gays e porque não se importam de serem vistos a frequentar sítios com gays.”
Falso. Há pessoas que se identificam como heterossexuais mas estão na dúvida ou têm curiosidade em experimentar relações homossexuais. Ir a bares LGBT não tem a ver com estar ou não “bem resolvido” com a própria orientação sexual. Agradecia que parasse de tentar apagar as experiências de pessoas com uma orientação sexual fluída e que não as pusesse no mesmo barco que pessoas homofóbicas.
“Se todos os hetero fossem como os hetero que frequentam os lugares gay, haveria bem menos homofobia….”
Tipo os neonazis ucranianos que invadem bares LGBT?
Anónimo
Meta mais tabaco nisso.
João Miguel Gomes Delgado
” Moro perto e vejo mais heterossexuais a entrarem no trumps e saírem de lá aos beijos com outros homens do que via há uns anos”
A questão que se colocá : Serão mesmo heterossexuais?
É que ainda existe muito homossexuais dentro dos armários e cada com “vida duplas”, algumas das vezes até se andam a enganar a eles próprios, e essas pessoas andam se a aventurar mais pela noite gay, porque conseguem estar em relativa segurança e expressarem esse seu “outro lado”, e se forem apanhados, conseguem facilmente arranjar uma desculpa qualquer.
Também acho que há pessoal que tem “tarifa bi horária, até as 22h são machões e até as 8h são virados” porque ainda estão muito dentro do armário e muitas das vezes não querem assumir para eles próprio aquilo que são.
É um bocado a conversa, o que a acontece na noite, fica na noite, nada disto existiu, nada disto aconteceu
Outra questão é: o que é ser heterossexual, é que vezes muitos heterossexuais que gostam de curtir com pessoas do mesmo sexo, mas que se continuam assumir como hetros.
São forma diferentes de interpretar a orientação sexual, por boas e/ou mas rasões(no caso de usarem isso para se reprimirem e para fugirem de aquilo que são)
Nuno
Caríssimo
Em resposta ao seu comentário, como lhe disse, moro perto e não critiquei nada. Antes de mais não são “hetros” mas sim heteros. Comentei porque conheço alguns e sei quem são. Foi apenas um olhar construtivo. Alguns até as próprias mulheres e filhos sabem.
Há um ponto assente, à noite é bem mais fácil andar de mão dada e aos beijos do que de dia.
Mas as mentalidades moldam-se. Os mais novos são mais abertos mas retraídos. Os mais velhos aceitam muito melhor. Agora digo-vos, eu tenho ou um sensor ou um radar dentro de mim, e 90% das pessoas que se cruzam por mim diariamente são ou já tiveram pelo menos uma relação homossexual.
Todos temos o direito de amar e ser amados, apenas somos mais abertos ou não, extro ou introvertidos, mais ou menos reservados e ou tímidos. Uns gostam de se demonstrar mais bichas, outros não. E deixem-se de preconceitos. Lembrem-se, “todos temos direito a amar!”
João Miguel Gomes Delgado
Eu não vi o seu cometário como critica, quando respondi também foi para dar a minha o meu ponto de vista, também de uma forma construtiva…
Anónimo
Pelos vistos pessoas da comunidade (L)GGG não têm qualquer problema em apagar as experiências de pessoas indecisas em relação à sua orientação sexual (pelo caminho esquecendo-se também da existência da bissexualidade), colocando-as no mesmo saco que os heteros homofóbicos que alegadamente não estão bem resolvidos (por isso é que os pais homofóbicos que expulsam filhos de casa não são heteros nem nada do género). Mas se alguém sugere que há pancadaria em discotecas “hetero” (o que até é verdade, embora obviamente os heteros “bem comportados” sejam a maioria), aí a comunidade (L)GGG aparece bastante indignada a queixar-se de supostas generalizações e supostos preconceitos contra pessoas heterossexuais.
Isto já parece as organizações (L)GGG americanas que cada vez que se referem a elas próprias têm necessidade de mencionar os “allies” como se devêssemos dar rebuçados às pessoas simplesmente por serem seres humanos minimamente decentes.
Anónimo
Concordo que não tem que ser sinal de que estão bem resolvidos com a sua sexualidade, podem estar ou não estar.
Mas e se tiverem duvidas se são heterosexuais ou não, qual é o problema?
Podem ser heterosexuais, bisexuais ou homosexuais no armário, para mim isso é indiferente, o que são é pessoas que convivem com gays e frequentam os mesmos espaços, mostrando por isso mais abertura de espírito e menos tacanhez do que a população em geral.
E se alguns tiverem dúvidas ou forem gay ou bi, outros existirão que serão hetero.
Eu gostava de ver mais hetero a misturarem-se na cena gay, seja porque vem acompanhar um amigo ou porque tem curiosidade…
Anónimo
ó senhora Junos, deixe lá isso, não se enerve
Sr. Algarvio
Para sermos honestos se não fosse o senhor Jorge não haveria nada de noite gay no Algarve, mas por outro lado e paradoxalmente é muito por causa de empresários assim que a noite gay algarvia nunca vingou nem vingará, a não ser que um espanhol, inglês, americano ou holandês com dinheiro, nome e «know-how» se lembre um dia de investir por cá, pode ser que com a crise dos refugiados desistam das ilhas gregas e tentem a sua sorte na costa portuguesa.
Nos últimos 20 anos abriram e fecharam várias casas no Algarve, todas tinha algo em comum, usaram e abusaram do travestismo. O cliente com mais formação e dinheiro fugia a sete pés desses locais, vistos como locais mal frequentados e de má fama, e optava pela noite hetero ou pelas idas ocasionais à noite gay andaluza ou lisboeta.
O travestismo na noite algarvia foi o maior fail de sempre da noite gay portuguesa e foi um dos factores que levou à falência quase todas as casas gay que abriram na região, e a lista é extensa.
Anónimo
“a não ser que um espanhol, inglês, americano ou holandês com dinheiro, nome e «know-how» se lembre um dia de investir por cá”
Sim, acreditem na mão invisível do mercado que isso resulta mesmo bem. #sqn
Sr. Algarvio
Oh homem não seja fanático com a política. Quer o quê, que uma câmara abra uma discoteca gay? Looool Depois quando houver buracos por má gestão como sucede sempre nestes casos o Zé Tuga paga.
As coisas são como são, não comente se não conhece. Você por acaso é algarvio? Conhece a realidade da noite gay? Já trabalhou no Algarve? Já teve um negócio e pagou salário no Algarve? Não fale do que não sabe.
Anónimo
Que o transformismo deu cabo da noite gay Algarvia, é verdade, e e-o tanto que o próprio Gomes o descarta em Albufeira e na melhor das hipóteses há travestis uma vez por mês. O Loft em Portimão, tem ido pelo mesmo caminho e desde que Jorge saiu, tem subido. O Loft tem subido também porque não usa a mentira na promoção e não é quezilento com dezenas de posts por dia e nem usa uma foto de um dia melhor para ilustrar o que se passou na noite falhada anterior e a repete durante meses.
Neste momento, o panorama gay Algarvio é este: 2 casas e a de Albufeira fechou no fim do ano e ainda não abriu.
A noite hetero Algarvia passou por inúmeras fases e modas mas as casas gay apresentaram durante anos a fio as mesmas caras a fazer shows de playback. Era o circuito das travecas em que os nomes se alternavam regularmente e religiosamente para dar para “todas”.
Não é verdade que o Algarve deva alguma coisa a Gomes, antes pelo contrário. Quando a Pride aparece em locais onde já existe algo gay, o que existe rapidamente encerra e depois acaba por falir ela própria. Aconteceu sempre. Em Albufeira matou o Boémio, o Dreams e o Fame e acabou por se matar. Em Vilamoura, como não havia mais casas gay, rapidamente fechou. Em Portimão matou o Boémio e a cidade só não ficou sem um spot gay porque alguém pegou no conceito e mudou-o completamente.
Anónimo
Criticar a excessiva desregulação do mercado é fanatismo? Não largue a droga que não é preciso…
Anónimo
“Que o transformismo deu cabo da noite gay Algarvia”
Se isso é verdade, então não havia noite gay algarvia de todo em primeiro lugar.
Sr. Algarvio
Mas o que tem a ver a desregulação do mercado ou a mão invisível do Adam Smith com o que se está a falar aqui? Largue mas é o você a droga.
Irra, aparece com cada um.
Marco
Não é preciso transformismo para existir noite gay.
Nem todos os gays gostam de transformismo. Eu por exemplo não gosto.
E atenção não estou a dizer que sou contra nem que é mau, estou só a dizer que não gosto assim como não gosto de sushi ou de musica reggaeton, outros gostam e estao no direito deles.
Agora eu não gosto de sushi logo não vou a restaurantes de sushi, nem a bares com música reggaeton, nem a noites de transformismo.
A excessiva generalização errada de que “os gays gostam de transformismo” é que está na base do problema, é que se alguns gostam, muitos existirão que não gostam, e se todos os fins de semana se repete as mesmas coisas quem não gosta muda de sítio nem que isso implique ir pra mais longe ou para bares hetero.
André
É um mal necessário porque vivemos numa sociedade preconceituosa. Ele tem razão. Se toda a gente nos aceitasse como iguais, sem preconceito, não haveria necessidade de haver bares gays, porque todos os bares haveria mistura de gentes sem tabus nem fobias.
Amigo
Sempre digo hetéro é utopia e, para muitos homens se “soltarem” basta a gente tratar com carinho e atenção, situações que nem precisa paquerar! Já fui com amigo ou conhecido, muitas vezes, em saunas que eram tidas como para ambos os sexos, faziamos um “aquecimento” no carro e depois, iamos a espaços reservados na sauna e tinhamos “intimidades”! Voltávamos ao carro e vinhamos embora no “status” amigos! Ao me deixar em casa, ai dávamos um beijo de despedida!