Uma equipa de cientistas da Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), em Madrid descobriu que existem diferenças nos cérebros de pessoas transexuais. Com esta descoberta, os investigadores esperam ajudar na identificação de pessoas transexuais desde cedo para que haja mais opções de acompanhamento, nomeadamente no atraso dos primeiros sinais da puberdade. Para este estudo foram utilizados tomografias dos cérebros de 18 homens que ainda não começaram o tratamento hormonal comparados com os de 24 homens e 19 mulheres.
Os resultados mostraram que a matéria branca de homens transexuais – que nasceram biologicamente do sexo feminino mas vivem como homem – se encontrava no mesmo sítio que os cérebros masculinos. Esta é a primeira vez que se apresentam provas de o cérebro de homens transexuais é masculinizado.
Noutro estudo, comparou-se os cérebros de 18 mulheres – consideradas biologicamente homens à nascença – com os de 19 homens e 19 mulheres. Os resultados revelaram que a matéria branca das mulheres transexuais se encontra no meio entre o típico cérebro masculino e feminino. Antonio Guillamon, que encabeça esta equipa de investigação, considerou que “os cérebros destas pessoas não estão completamente masculinizados ou efeminados, mas mesmo assim sentem-se mulheres”.
O estudo foi publicado na edição de Fevereiro do Journal of Psychiatric Research.
5 Comentários
tiago
Estudo falso. Nem tudo o que se “apanha” no google é notícia ò 19!
dezanove
Caro Tiago, a acusação que faz à equipa técnica que dirigiu este estudo é bastante grave. Pedíamos por isso, que conduzisse a sua acusação ao Journal of Psychiatric Research, assim como os locais onde trabalham os cientistas que conduziram o estudo supra-referido: Departamento de Psicobiología (UNED), Departamento de Psiquiatría y Psicobiología Clínica (Universidad de Barcelona), Unidad de Identidad de Género /Hospital Clinic, Universidad de Barcelona), Clinical Institute of Neuroscience (Hospital Clinic i Provincial, Barcelona), Departamento de Psicología Social y de las Organizaciones (UNED) e Institute of Biomedical Research August Pi i Sunyer (IDIBAPS).
Bernardo
Independentemente da veracidade do artigo em questão, eu acho que a abordagem a este género de estudos deveria ser diferente (ou seja, mais preocupante). É necessário relembrar dezanove que os avanços científicos sobre o facto biológico/psíquico da homossexualidade/bissexualidade/transsex ualidade sempre foram encarados (em particular no inicio do séc. XX) como uma tentativa de rectificar o “problema”. Isto conduz-nos ao chamado darwinismo social, que os ditos “normais” apresentam características diferentes dos “desviantes”. Por esse motivo, por mais que sejam “boas” as intenções como detectar as massas para um melhor acompanhamento, não podemos ser ingenues ao ponto de considerar que esta investigação não comporta riscos. Com os melhores cumprimentos e continuação de um bom trabalho.
Fernando André Rosa
Idependentememnte dos resultados deste estudo, não se pode justificar de algum modo que a identidade de género seja defenida pela medicina. Não se pode esperar que sejam os médicos a decidir quem eu sou, o género que adopto, a orientação sexual ou a identidade de género. É uma questão que cabe à própria pessoa decidir. Certamente existirão pessoas transsexuais que não apresentam manchas brancas na tomografica computorizada, e é um risco enorme classificalas por ai.
O problema do Dezanove, não é divulgar o estudo, e apenas defende-lo como aparentemente o faz, é limita-lo ao que poderia ser um bom trabalho jornalistico, ou seja, pegar nele e tentar ouvir as contradições e críticas, nomeadamente as que têm pessoas transsexuais a dizer sobre isto. Ou umas leituras de qualquer teoria queer que remete obviamente a identidade de género para uma construção social (e também são estudos). Bem como classificar o que é um transexual, que nem sempre está ligado a papéis de genero binários entre masculino e feminino.
Continuação de boas postas!
Hailey
Concordo plenamente com Fernando. Ademais, a matéria acrítica e a pesquisa é um desserviço aos esforços de coletivos trans* que procuram despatologizar e despisiquiatrizar as identidades trans* (e, com a nova revisão do DSM, do próprio gênero em si). Qualquer leitor de T.Queer básico saberia que tomar a categoria de sexo como pré-discursiva – que é o que o estudo faz – é uma grande perigo para a credibilidade cientifica, porque está impregnada de ideologia. Esse estudo é o Kaspar Hauser dessa década…rs