Trump ganhou. E agora?
Após uma campanha eleitoral extremamente renhida e classificada como a mais cara na história das eleições gerais americanas, Trump saiu vitorioso. Os resultados destas eleições presidenciais marcam a primeira vez, desde 1892, que os Estados Unidos da América elegem um presidente sem servir termos consecutivos.
Trump não é nenhum desconhecido. O seu discurso controverso e as suas frases virais asseguraram-lhe um nível de fama sem precedentes para um presidente americano. Tal como as campanhas anteriores, esta não falhou em ser incendiária. Desde a tentativa falhada de assassinato do candidato, aos comentários racistas sobre migrantes, e ao envolvimento de celebridades e empresas nas campanhas.
Apesar da campanha atribulada e de estar no centro de diversas controvérsias jurídicas alarmantes, Trump conseguiu assegurar a presidência e destronar os democratas, pelo que se antecipa que, subsequentemente, irá romper com diversas estratégias políticas da presente administração de Biden.
Entre os tópicos de maior divisão política destas eleições temos o aborto, a economia, a imigração, o conflito no Médio Oriente e a guerra na Ucrânia.
Aborto
A opinião de Trump sobre o aborto oscilou durante esta campanha, acabando por decidir em colocar a responsabilidade sobre este tema nos diferentes estados e rejeitando uma lei uniforme para o país. O candidato republicano disse ser a favor de exceções em casos como violação, incesto ou risco de vida para a mãe. Trump propagou falsa informação sobre as propostas democratas, nomeadamente dizendo que os seus rivais apoiam o aborto em fase avançada da gravidez.
Economia
Como seria de esperar de um empresário, Donald Trump quer diminuir impostos e impulsionar a economia americana através da crescente desregulamentação da economia. Sugere ainda aumentar taxas sobre as importações chinesas e europeias.
Imigração
Mantém-se como um dos baluartes da campanha do candidato republicano e deu azo a diversos comentários racistas durante estas eleições. Trump quer apreender e deportar de imediato quaisquer imigrantes ilegais que chegam ao país. Ainda, prometeu a pena de morte para imigrantes que matem cidadãos americanos e pôr fim à cidadania por direito de nascimento de filhos de imigrantes ilegais, entre outras promessas eleitorais. É de notar que, apesar das promessas feitas em 2016 durante a sua primeira campanha e de ter estado no poder durante 4 anos, a muralha que prometera estender na fronteira com o México nunca foi terminada.
Conflito no Médio Oriente
A posição de Donald Trump quanto a este conflito tem sido de apoio a Israel e à Arábia Saudita e confrontacional com o Irão, querendo contribuir para negociar um acordo de paz e derrotar grupos terroristas associados ao Estado Islâmico. Em 2017, Trump surpreendeu muitos na esfera internacional ao reconhecer Jerusalém como a capital de Israel; desde então, acentuou o favorecimento a Israel no conflito israelo-palestiniano.
Guerra na Ucrânia
Trump diz ser capaz de acabar o conflito em um só dia, mas talvez em detrimento da Ucrânia. O candidato republicano demonstrou admirar Putin várias vezes e indicou ter apetite para reduzir o apoio a Zelensky, embora não tenha dado indícios de lhe pôr fim. O recém-eleito presidente também se comprometeu a rever o papel dos Estados Unidos da América na OTAN e expressou considerar a saída do seu país do tratado de defesa transatlântico.
A vitória de Trump nesta eleição projeta um futuro de profundas transformações políticas e sociais para os Estados Unidos e, possivelmente, para o cenário global. Com uma postura marcadamente diferente do governo Biden, a presidência de Trump é antecipada como uma fase de reestruturação de políticas domésticas e relações internacionais. Internamente, temas polémicos como a imigração e o aborto prometem continuar a dividir a sociedade americana, enquanto a economia deve ser fortemente influenciada pela sua agenda de desregulamentação e protecionismo comercial.
Globalmente, a abordagem de Trump poderá gerar novas dinâmicas e desafios, especialmente na relação com a OTAN, a guerra na Ucrânia e as tensões no Médio Oriente. Resta saber como os Estados Unidos, sob uma liderança polarizadora e controversa, irão equilibrar estas prioridades internas e externas, e de que forma o país e o mundo responderão às estratégias que estão para vir.
Alice Santos