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Um guia para o Queer Lisboa 2019

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O 20 anos da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa serão assinalados no festival Queer Lisboa, que decorre entre 20 e 28 de Setembro, no cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, com um total de 101 filmes de 36 países. Aqui fica o nosso guia.

 

Abertura

O Filme de Abertura será “Indianara” (2019), de Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa, a exibir na noite de 20 de Setembro. O documentário segue o impressionante percurso de luta e resistência (do impeachment de Dilma e presidência de Temer, à eleição de Bolsonaro, passando pelo assassinato de Marielle Franco) da activista transgénero Indianare Siqueira, uma mulher para quem o engajamento é sobretudo uma questão de amor, amizade e solidariedade.

 

Os filmes em competição

A Competição de Longas-Metragens conta com oito filmes. Em “And Then We Danced”, de Levan Akin, o mundo de Merab, bailarino no conservador Ensemble Nacional Georgiano, é subitamente abalado pela chegada do carismático Irakli, que se tornará simultaneamente seu rival e objeto de desejo. “Breve Historia del Planeta Verde”, de Santiago Loza, mergulha-nos na viagem transcendente e melancólica de Tania, uma mulher transgénero a quem foi legada uma importante missão. 

“Carmen y Lola”, de Arantxa Echevarría, interroga-se sobre a possibilidade de se quebrarem os ciclos geracionais que constrangem Carmen, uma jovem cigana madrilena que, ao conhecer Lola, começa a questionar o futuro que lhe fora traçado. “Greta”, de Armando Praça, que descreve os dias solitários de Pedro, interpretado por Marco Nanini, um enfermeiro gay de 70 anos, interrompidos pelo surgimento do fugitivo Jean, com quem estabelece uma relação de poder transformado em afectividade. 

“Las Hijas del Fuego”, de Albertina Carri, atravessa as paisagens do sul da Argentina numa viagem de poliamor onde duas amantes se cruzam com muitas outras mulheres, todas em encruzilhadas nas suas vidas. Em “Memories of my Body”, de Garin Nugroho, assistimos às descobertas de Juno, um menino sensível que vive numa aldeia de Java, que começa a compreender a sua própria identidade. De uma Nova Iorque fugaz e estratificada chega-nos “Port Authority”, de Danielle Lessovitz, onde Paul, recém chegado à cidade, conhece Wye, e a sua família afetiva. Em “Sócrates”, de Alexandre Moratto, um adolescente pobre que perde subitamente a sua mãe, procura sobreviver numa sociedade implacável, tentando alcançar a estabilidade e dignidade que constantemente lhe fogem.

 

A sessão de encerramento

O festival anunciou que o seu Filme de Encerramento será Skate Kitchen, de Crystal Moselle. Na sua primeira longa-metragem de ficção, a realizadora desenha uma história imbuída da cena skater feminina de Nova Iorque, em que Camille, uma adolescente introvertida, faz amizade com um grupo de raparigas skaters, chamado Skate Kitchen.

 

A exposição dos 20 anos

O Queer Lisboa apresenta a exposição 20 anos da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa, que estará patente no Cinema São Jorge, e que resulta do desafio público lançado com o objectivo de reunir um espólio vivo de fotografias inéditas e outros materiais relacionados com a história da Marcha. De arquivos de particulares e associativos, em papel, negativo ou digitais, esta é uma mostra fotográfica dedicada aos caminhos do movimento LGBTI.

 

Documentários obrigatórios

Fazem parte da competição de documentários oito títulos. A partir de mais de cem horas de vídeos caseiros, deixados pelo seu pai, Agustina Comedi fez “El Silencio Es un Cuerpo que Cae”, onde procura descobrir mais sobre a vida clandestina deste, a sua sexualidade e a sua atividade política. “Game Girls”, de Alina Skrzeszewska, apresenta-nos Teri e Tiahna, duas mulheres que tentam navegar o caótico mundo do bairro de Skid Row, em Los Angeles, mantendo a sua relação apesar das vontades inconciliáveis que começam a despertar em cada uma delas. “Irving Park”, de Panayotis Evangelidis, é a história de quatro homens gay sexagenários que moram juntos em Chicago, explorando um estilo de vida não convencional de relacionamentos mestre/escravo, formando uma família construída sobre a ideia de livre escolha e consentimento. 

Em “Man Made”, de T Cooper, seguimos as vidas de quatro homens transgénero que se preparam para competir na TransFitCon, a única competição totalmente trans-culturista do mundo, realizada em Atlanta. Um conto de detectives e fantasmas que desemboca em coming out story, “My War Hero Uncle”, de Shaked Goren, corre atrás do passado para dar sentido ao momento presente em que o realizador e a sua avó partilham o, por vezes, indizível. “Ni d'Ève ni d'Adam. Une Histoire Intersexe”, de Floriane Devigne, reflete sobre a forma como as pessoas intersexo procuram reapropriar os seus corpos e construir as suas identidades, enquanto questiona o que as nossas sociedades estão prontas para fazer em nome das normas sociais.

 Em “One Taxi Ride”, de Mak CK, o segredo que durante dez anos foi estrangulando Erick, e o foi mantendo em reclusão dentro da sua própria família, está finalmente pronto para ser enfrentado, de forma que, através da partilha, Erick possa reclamar o seu futuro. Depois, “Una Banda de Chicas”, Marilina Giménez, coloca várias questões: qual é o papel das mulheres na cena musical actual? O que acontece quando as mulheres fazem a música que escolhem? O que acontece quando os seus corpos no palco são sensuais e agressivos?

 

Análise à música portuguesa

Este ano, a seccção Queer Pop apresentará, nas suas duas primeiras sessões, um programa intitulado Portugal Hoje. A primeira sessão será dedicada a dois artistas portugueses que em 2019 estiveram destaque: Conan Osíris e Lena d’Água. Os documentários “Conan, O Rapaz do Futuro”, de Daniel Mota, e “Lena d’Água - Nunca Me Fui Embora”, de Hugo Manso e Nuno Galopim, são duas oportunidades para olhar o momento atravessado por dois músicos singulares: Conan Osíris e a sua ascensão depois de dois magníficos álbuns e a incontornável “Telemóveis”, e o regresso da icónica Lena d’Água, que este ano voltou aos originais com o muito feliz “Desalmadamente”.

Uma segunda sessão traz os telediscos recentes de alguns dos músicos portugueses do panorama actual que, no seu imaginário, mais têm vindo a explorar todo o espectro queer com humor e audácia, de Filipe Sambado a Capicua, de Moullinex a Luís Severo passando por Surma ou Isaura. Para finalizar o Queer Pop, há ainda uma terceira sessão dedicada ao Hip Hop que nos mostra o que de queer se tem feito nesse universo, muitas vezes considerado inconciliável com imagéticas LGBTI+. Princess Nokia, Mykki Blanco, Big Dipper, e Brooke Candy, são alguns dos artistas que provam a, cada vez maior, permeabilidade deste género musical e reclamam neste a sua presença.

 

O anúncio do festival

Fica a conhecer o spot do festival, criado pela agência Coming Soon. Trata-se do filme “Aunties”, que destaca o vocabulário próprio da comunidade LGBTI.