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Um olhar sobre a androginia

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O filósofo e pesquisador brasileiro Ali Prando explica que a androginia é uma identidade e expressão de género que está relacionada com uma mistura de particularidades que correspondem a masculinidade e a feminilidade, unidos num só corpo.

 

Dessa forma, o género com o qual uma determinada pessoa se identifica foge das definições “óbvias”, tornando-se mais complicado de o entender num primeiro olhar.
Quando o termo é empregado para falar sobre identidade de género, muitas vezes é confundido com outras definições, como a intersexualidade e a transgeneridade. Apesar de serem conceitos que dialogam entre si, não são necessariamente a mesma coisa.
“A intersexualidade diz respeito às características dos órgãos sexuais que não se encaixam nas noções binárias de masculino ou feminino. A transgeneridade funciona como um termo “guarda-chuva” para as identidades e expressões de género de pessoas que não se encaixam na binariedade de masculino e feminino”, disserta o filósofo.
A androginia é vista como uma maneira que vai além da neutralidade dos géneros. Trata-se de uma questão de ‘nuances’ e não de fusões, apesar dos géneros serem atribuídos às pessoas no nascimento de forma natural consoante o órgão sexual visível, sabe-se que existem formações pré-determinadas pela sociedade.
Essas definições tornam-se violentas por impor que determinadas pessoas sejam e hajam de determinada forma. “A androginia aparece como uma espécie de género invasor, mostrando que existem outras possibilidades de existência no mundo para além da heteronormatividade. O nosso corpo deve ser interpretado como um código aberto, um livro”, afirma Prando.
A androginia já foi usada como linguagem visual por grandes estrelas do século XX, apesar de algumas não se identificarem com a expressão como uma identidade de género. Madonna, David Bowie, Boy George, Prince, Grace Jones, Marlene Dietrich e Annie Lennox são alguns casos.
Destes exemplos, mais do que representar uma nova forma de ver o mundo, o filósofo defende que é função da arte apontar para novos mundos e maneiras de existência. “Esses artistas ajudam-nos a perceber diferentes usos dos corpos como eles estavam presos e limitados em coreografias sexuais e de género que não foram criadas por nós, mas pelo patriarcalismo com intenções de nos oprimir e nos fazer menos livres”, diz.
Há actualmente um impulsionamento da androginia na moda ou na cultura pop, seja em desfiles de moda, campanhas publicitárias ou em apresentações artísticas. Com isso, artistas como Billy Porter, King Princess, Harry Styles e Ruby Rose são vistos fotografados nas carpetes vermelhas ou em publicidade representando marcas de alta-costura feminina, por exemplo.
Existe ainda uma fantasia de uma sociedade utópica que não precisará mais fazer distinções de género e de orientações sexuais ou afectivas que nos leva à questão: - Pode o futuro ser andrógino? 


Pode o futuro ser andrógino? 

 

Esse desejo de eliminar as distinções de género é também uma corrente de pensamento de filósofos, activistas e pensadores de género. Para Ali Prando, a androginia pode apontar para uma nova óptica de se pensar o género, que visa tornar a binariedade num atributo sem importância.
Apesar de não ser possível prever como estes pensamentos, estas discussões e estas formas de ver cada indivíduo podem influenciar o futuro, compreender a androginia é um passo importante para garantir que pessoas andróginas possam entender e aceitar o corpo em que habitam.

 

Miguel Rodeia

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