Utah e a bandeira «má»
O estado do Utah foi o primeiro a banir a bandeira arco-íris dos edifícios governamentais (medida entrará em vigor a 07 de Maio de 2025), divulgando uma pequena lista das bandeiras que serão permitidas, para além das duas óbvias, a dos EUA e a do próprio estado. Quem infringir a lei terá de pagar uma multa de 500 dólares por dia.
Este território em particular foi fundado por uma comunidade da religião mórmon e a 4 de Janeiro de 1896 tornou-se no 45.º estado norte-americano. Muito marcado pelo fundamentalismo religioso, tem pesadas «castigos» para os membros que se assumem como LGBTIQ+ e que insistam no «pecado». Num estado maioritariamente republicano, Donald Trump conquistou os votos de Utah nas presidenciais de 2024 e o estado alinha-se, assim, com as políticas trumpistas.
Gostaríamos de poder dizer que as bandeiras foram retiradas por já não serem necessárias, após termos atingido a plenitude do amor e da inclusão sem preconceitos, porém, estamos muito longe disso, pois assistimos ao pior retrocesso dos últimos vinte anos, principalmente numa democracia como a dos Estados Unidos que, pelos vistos, só faz filmes heróicos para inglês ver. Uma bandeira arco-íris hasteada manda um recado: «o vosso país está convosco, as leis protegem-vos e incluem-vos, não tenham receio, este é um lugar seguro. Não arredamos pé, não andamos para trás.»
Ora, a proibição levada a cabo pelo estado de Utah manda um recado no sentido contrário, marcando a sua posição, contrária aos direitos humanos das minorias que têm lutado para conseguirem alcançar a protecção e os direitos garantidos pelas leis civis. Por outro lado, deixam o caminho aberto para que outros estados, igualmente conservadores, sigam as suas pisadas.
Será que estão a ouvir o mesmo que eu? É o alarme repetitivo de um camião enorme a fazer marcha-atrás.
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Márcia Lima Soares
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