A comissão de toponímia do município propôs que o nome da mulher trans brutalmente assassinada há 18 anos fosse atribuído a uma rua que se localiza a menos de 500 metros do local onde ocorreu o crime.
Situada na freguesia do Bonfim, num novo arruamento que cruzará o complexo das Eirinhas (actualmente a ser edificado pela câmara municipal), a nova “Rua Gisberta Salce Júnior” – nome proposto pela comissão – será uma realidade muito em breve, respondendo a uma antiga reivindicação do movimento LGBTQIA+ da cidade.
A proposta será discutida em reunião na próxima segunda-feira e contará com a apoio do actual executivo. A notícia é avançada pelo próprio site da câmara municipal.
No próximo dia 23 de Fevereiro assinalam-se 18 anos do dia em que Gisberta foi encontrada sem vida no poço de um complexo imobiliário que ficou inacabado, e que era comummente conhecido como “Pão de Açúcar”. Desde o final do ano passado, e após mais de duas décadas ao abandono, essa estrutura de betão começou a ser demolida, para dar lugar a um novo projecto de inclui edifícios residenciais, de escritórios e um hotel.
Recorde-se que a sugestão de atribuição do nome de Gisberta a uma rua gerou polémica na própria Comissão de Toponímia, que inicialmente chumbou a proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda. Apenas quando se alterou a composição da comissão, houve votos suficientes para a aprovar. Ainda assim, a proposta teria de ficar em lista de espera, até ao momento em que surgisse um novo arruamento para baptizar. É essa etapa que agora se concretiza.
Pedro Leitão
3 Comentários
Samúdio Carrondo
Quando a Gisberta estava viva, em acentuado estado de degradação, os muitos “amigos” que tinha não lhe ligaram nenhuma.
Depois de morrer nas terríveis condições que todos sabemos, chamaram-lhe fraca e disseram que não valia nada, por se ter tornado toxicodependente (curioso é que não se atrevem a dizer o mesmo sobre os heteros cisgénero. Porque será?)
Agora virou nome de rua, para dar um ar moderno e progressista ao país e mostrar que as “associações lgbtqietc.” fazem maravilhas de ativismo.
Hipocrisia e falta de noção o rídiculo.
Anónimo
Gostava de lhe poder dar um abraço.
n
É isso. Os mesmos que lhe chamaram “travesti” enquanto denunciavam a “hipocrisia” dos outros. Os mesmos que diziam ser amigos enquanto abanavam a pomba em Paris, com a agulha ainda no braço.
Hipocrisia completa. Paz à alma dela, que a deixem em paz em vez de tentar ganhar protagonismo à custa da via crucis que a pobre da Gisberta teve de atravessar.