Não foste ao Arraial Lisboa Pride? Aqui ficam os pontos principais sobre o que se passou no Terreiro do Paço.
1. Desta vez a organização acertou no cartaz – música, música e mais música para dançar. Um dos momentos mais animados do Arraial foi logo ao fim do dia com Hélio Morais em versão DJ, centenas ou alguns milhares de pessoas dançavam já no Terreiro do Paço. Há quem não acredite, mas entre as 19h e as 20h foi a melhor hora para chegar ao Arraial. Moullinex subiu a fasquia e Kátia Aveiro apresentou um espectáculo como o inevitável momento “ponham os braços no ar” para tirar uma selfie que afinal não é selfie (foto em destaque). É certo que a irmã de Cristiano Ronaldo assassinou várias músicas (vamos poupar a descrição do momento em que cantou fado) mas um verdadeiro arraial popular pede um concerto destes. A noite terminou já uns minutos depois das quatro da manhã, com Nuno Lopes, e a icónica “Canção do Engate”, de António Variações. Uma nota: Os ecrãs laterais deviam transmitir o que se está a passar em cima do palco como em qualquer concerto ou espectáculo.
2. Catarina Marcelino voltou a discursar num evento para o público LGBT de Lisboa. Na semana passada tinha sido a poucos metros, na Ribeira das Naus, no encerramento da Marcha do Orgulho LGBTI. Agora a Secretária de Estado da Igualdade apelou ao fim dos armários e ainda declarou: “Lisboa tem um presidente que trabalha todos os dias para sermos livres.” A referência não era a Marcelo Rebelo de Sousa, mas a Fernando Medina que, dois dias depois, ia apresentar a sua candidatura à Câmara de Lisboa. Na parte dos discursos foi ainda dada a palavra a dois (!!) presidentes de junta de freguesia e ao presidente da Câmara. A anfitriã Deborah Krystall pôs o público a gritar: “Falta o presidente ir ao Finalmente” e Medina lá deixou a primeira promessa eleitoral para o público gay: vai à histórica discoteca gay de Lisboa. Uma nota: a não ser para quem está colado ao palco, é impossível acompanhar os discursos porque o som é péssimo.
3. Há quem preste atenção a quais os bares e discotecas da noite LGBT de Lisboa que (não) marcam presença. Este ano, por exemplo, o único representante do Príncipe Real foi o Finalmente que assegurou um dos pontos altos da animação no palco, com o irrepreensível espectáculo “Ídolos Forever”. No entanto, talvez merecesse maior reflexão o porquê de tão poucas associações LGBTI estarem ao lado da ILGA neste evento. Em termos de bares apenas se via o habitual espaço da rede ex aequo. Da Boys Just Wanna Have Fun, presença habitual nos anos mais recentes, nem sinal. No espaço dedicado às associações só demos pela presença do Centro GIS, que veio de propósito de Matosinhos até Lisboa. O GAT e a Direcção-Geral de Saúde asseguraram, no recinto, a realização de testes ao VIH e vacinação contra a hepatite A.
4. Na última semana debateu-se bastante a associação de marcas e empresas ao movimento LGBT português. Não demos pela presença do BNP Paribas, mas no recinto a Coca-Cola andava a distribuir, gratuitamente, latas de Coca-Cola Zero. A Vodafone, na zona da Baixa/Restauradores, entregou fitas com as cores do arco-íris e o logo da marca. Mas não foi só. Outras marcas já perceberam a importância comercial do Arraial e associaram-se ao evento, como a JPVA, Mytaxi e Playstation.
5. As casas-de-banho continuam uma calamidade. São umas 20 casas de banho portáteis num evento que, segundo a organização, recebe 45 mil pessoas. Resultado, à medida que a hora avança, as filas chegam às três ou quatro dezenas de pessoas, enquanto outros e outras preferem urinar junto à estação fluvial do Terreiro do Paço, entre os carros ou virados para o Tejo. Um verdadeiro nojo.
Uma nota final para questões de segurança. Uma pessoa foi atropelada na noite de Sábado junto à Ribeira das Naus. Urge tornar a zona mais iluminada e com policiamento nas passadeiras.
12 Comentários
Mariana de Carvalho
Não fui, pelos motivos óbvios. #muitomaisdesigualdadeparacomosartistas
Mas do que me contaram e do que leio aqui, coincide tudinho.
Parabéns Dezanove, este é sem dúvida o melhor resumo de sempre.
Anónimo
Não fui ao arraial deste ano por ainda ter boa memória da miséria que foi no ano passado.
Pelo que li e ouvi, é uma pena que tenha corrido assim e é também isto que leva a que a comunidade esteja completamente em estilhaços e dividida.
Sendo uma festa, esperava ver (quase) todos os bares/discotecas lgbti(etc). Fiquei muito surpreendido por ver que até os rapazes do desporto já não marcam presença.
Não sei o que tem mais que acontecer para que a ilga chame toda gente e perceba o que se passa.
É triste ver uma festa marcada por quem não esteve…
Ana
Ai Portugal Portugal… que pequeninos somos
Anónimo
Tudo onde o Bloco de Esquerda descarrega a sua agenda politica, está condenado.
Enquanto numa marcha do orgulho se gritar “contra o capital”, estamos condenados a eventos em que se luta pelo protagonismo politico e não pelo que interessa.
Tudo o que seja católico ou do centro e da direita é, segundo o BE, para descartar e eliminar porque é nestes polos que está a massa critica e a escolaridade avançada.
O BE quer é ateus e analfabetos na marcha e no Arraial para impingir a sua pseudo ideologia e apelar ao voto.
Anónimo
O Arraial é da ILGA, que foi quem convidou o grupo do BNP Paribas.
BE não tem muito a ver com isto.
Anónimo
Com uma frase como “O BE quer é ateus e analfabetos” esse comentário não podia ser mais carregado de preconceito. Ainda por cima preconceito religioso, que deveria ser algo a que um site LGBT deveria opor-se. Porque é que o dezanove continua a aprovar este tipo de comentários? O dezanove não defende os interesses da comunidade LGBT!
Anónimo
Defender a comunidade LGBT e censurar comentarios que discorda??
Se n concorda com o que esse comentador disse, tem possibilidade de o desmentir, pena que nao o tenha feito.
Emigrado
Eu sou de Direita e devo dizer que isso acontece porque em Portugal a Direita nunca se comprometeu com o liberalismo. Sim, o liberalismo. No UK ha diversos grupos de LGBTs de Direita que fazem activismo. Voces conhecem algum grupo dentro do PSD ou do CDS que faca activismo LGBT? Eu nao. Em Espanha ja ha grupos desses no PP. Nos nao temos tradicao liberal e nem o CDS nem o PSD chegam aos calcanhares das Direitas de Espanha, Inglaterra, Holanda ou Franca. Sao provincianos, cinicos e manhosos. O unico partido que ha anos assumiu algumas causas como as liberdades das minorias ou o ambiente, verdade se diga, foi o BE. De resto, abomino a ideologia marxista que muita gente dentro do BE defende, mas nao sou faccioso e tenho de ser justo.
Anónimo
“Em Espanha ja ha grupos desses no PP.”
Ai há? Pois em Espanha até costumam cantar “não se vê as bichas dos PP”. Certamente o PP terá muita gente no armário (à semelhança do PSD e do CDS em Portugal). E isso não me choca. O que me choca sim é que lutem contra os seus próprios direitos. Não me esqueço que entre os políticos do PP o discurso de ódio é o prato do dia.
Anónimo
“entre os políticos do PP o discurso de ódio é o prato do dia”
Prova essa patetice.
Anónimo
Pateta é a sua cegueira.
http://www.elplural.com/2015/09/10/las-f
https://es.wikipedia.org/wiki/Matrimonio
Anónimo
Você sabe ler?