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Cadernos Italianos de Eduardo Pitta

cadernos italianos eduardo pitta

Poeta, escritor e ensaísta português, Eduardo Pitta, recentemente falecido, o autor de Persona, 2000, Cidade Proibida, 2007 e Devastação (2021), era também um viajante culto, apaixonado por História, Arquitectura, as artes no geral e a gastronomia em particular. Exemplo do seu refinado gosto e olhar atento à beleza das  pequenas coisas é este livro: Cadernos Italianos, um diário de memórias das suas viagens à histórica capital italiana, Roma, e à sempre romântica cidade dos canais, Veneza.  

Com um prefácio atento e diligente de Pedro Mexia, esta obra mostra elevar-se à vulgaridade dos  textos de viagens sem com isso, a meu ver, deixar escapar os destinos obrigatórios, os hotéis,  restaurantes, museus, monumentos e experiências obrigatórias que rendem o número suficiente de interações online para atestar o propósito da viagem a qualquer turista hodierno. Todavia, é através  de um discurso culto e refinado que Pitta nos convida a viajar sem sairmos do lugar. 

Entre os caminhos percorridos diante pontes, canais e vaporettos, Pitta conduz-nos ao que Veneza  tem de melhor e pior. Do esplendor do settecento veneziano à irreverência dos modernos o autor  não deixa escapar nada. Nem mesmo aos magotes de turistas que chegam todos os dias à famosa Piazza San Marco contribuindo para o atolamento de embarcações e de cruzeiros no Grande Canal,  ou do preço inflacionado pelo comércio e restauração, Pitta dá-nos conta de todos os detalhes  daquele que outrora fora um destino de sonhos. Também Roma, o museu ao ar livre, é alvo do olhar  atento e rebuscado de Pitta. Por duas vezes o autor visita a capital italiana e por duas vezes mostra encontrar novo gozo e gáudio, especialmente quando a sua companhia é o seu marido, Jorge.  

Ao contrário de outras obras do autor, das já mencionadas ficções, este não é um livro que procure  espelhar o universo da cultura homossexual. É antes um diário de viagem que reúne os amores e  alegrias do autor: o prazer da escrita, o fascínio da arte, o amor e intimidade com o seu companheiro. Um livro que cheira, canta e vive a cultura italiana. 

 

ISBN: 978-989-671-146-7

Editor: Tinta da China

Páginas: 104 

 

Daniel Santos Morais é mestre em Sociologia pela Universidade de Coimbra. Feminista, LGBTQIA+, activista pelos Direitos Humanos. Partilha a sua vida entre Coimbra e Viseu. É administrador do site Leituras Queer.