Celebração e luta: O Queer Fest 2021 regressa em Setembro
A edição de 2021 do Queer Fest já tem o seu programa anunciado para os dias 8, 9, 10 e 11 de Setembro na Casa Independente (Lisboa) e na SMUP (Parede, concelho de Cascais). A direcção artística e programação está a cargo de Rui Eduardo Paes e Maria do Mar.
Espelhando ainda os efeitos da pandemia, o festival de música, performance, literatura, artes plásticas e debate queer insiste, pela segunda vez (teve início em 2020) no seu propósito de reunir artistas e a comunidade LGBTQIA+ em vários dias de celebração e luta.
Para uma pessoa queer, viver é, muito especialmente, também lutar pelo seu lugar de presença, pelo seu lugar de fala e pelo seu lugar criativo, artístico, estético. Se no ano passado o significado político do Queer Fest foi enorme, por maior força de razão sê-lo-á ainda mais em 2021: organizar um evento cultural queer não poderia, nas presentes condições, ser um acto mais interventivo, de resistência, de protesto, de activismo.
A organização dá especial atenção à música, à performance, à literatura e às artes plásticas, mas não as toma como exclusivas. Preza-se a conversa, o debate de ideias, porque sem um pensamento queer partilhado não pode haver acção concertada. Todas as pessoas são bem-vindas a uma festa que celebra o direito a existirmos e a criarmos tal e qual o que/como somos e que vai fazer toda a diferença.
Consulta alguns destaques do programa aqui:
8 Setembro | Casa Independente
Debate “Queer Q? 1: Os Significados”: 18h00
Participantes: Andreia Coutinho, Kali, João Caçador. Moderação: Maribel M. Sobreira
O que queremos dizer quando utilizamos o termo “queer”?
Leituras: 21h00 com André Tecedeiro, Cláudia Jardim, João Vilhena, Raquel Smith-Cave, Madalena Ávila e Joana Neves e Rita Natálio.
Música: 23h00: Stravaganza Colorata com Maria do Mar (violeta) e David Campelo (flautas de bisel) propõem-se queerizar a música antiga e os seus formalismos concertantes por meio de um uso encenado, performativo e recodificado da imagética do Barroco e do Renascimento.
9 Setembro | Casa Independente
Debate “Queer Q? 2: As Lutas”: 18h00 Participantes: Joana Neves, representante do Projeto Educação LGBTI, Carmo G. Pereira. Moderação: Rui Eduardo Paes
Enquanto modo de ser e de estar e enquanto pensamento, a queerness é por si mesma uma práxis, implicando que, de algum modo, haja acção. Mas… com que formas de agir, com que “temas”, com que lutas?
Performance: 21h00:
Rafaela Jacinto: Teologia Queer. A história e a cultura das religiões servem à performer e actriz de Caldas da Rainha para equacionar a sua condição de mulher queer e feminista com a sua fé e a sua espiritualidade, de uma forma necessariamente muito intimista e pessoal.
Gaya de Medeiros: Coreógrafa, bailarina e performer que fez espectáculos como drag queen (com o nome Babaya) antes de iniciar o seu processo de transição de género e também passou pelo teatro, Gaya entende a dança como a narrativa do seu próprio corpo.
Música: 22h30 com Carincur e Érika Machado.
10 Setembro | Casa Independente
Música: 21h00: Frik.são, a lake by the mõõn e Neverknew
11 Setembro | SMUP
Mostra de arte queer com curadoria de Vítor Serrano
Performance / Leituras: 18h00 com Rezgate (Rezmorah & Gadutra)
Mário Afonso estreia no Queer Fest a sua nova obra: “Framework”.
Teresa Coutinho, responsável pela programação do Clube dos Poetas Vivos,
Música: 19h30 com Gael de Papel (Prémio Open Call Amoras Silvestres), Mara Nunes (que lançou “O Encontro”, canção sobre o amor lésbico. Do confinamento saiu o tema “I Do it Better”, sobre o mau que é termos relacionamentos tóxicos), Maria Bruxxxa (em que cada tema representa o que é ser uma mulher transgénero, lésbica e trabalhadora sexual num mundo machista, homofóbico, transfóbico e sexo-negativista), Sofia Queiroz Orê-Ibir (contrabaixista com actividade nas áreas do jazz, da improvisação e da música de cena, em especial no teatro), As Docinhas (banda de rock).
Extensões:
Ainda no âmbito do festival a 17 Setembro é a vez de Noporn actuar no NúcleoA70. A dupla formada por Liana Padilha e Lucas Freire constituem um «projecto de poesia electrónica para dançar», Noporn é conhecido nos dois lados do Atlântico por sucessos como “Baile das Peruas” e “Boca”, sendo hoje uma referência incontornável da nova cena electrónica brasileira.
Já a 19 Setembro no SMUP realiza-se o debate: “Queer Q? 3: Transfeminismos” (parceria Cultura no Muro - Queer Fest / Ciclo Sem Fim - Feminismo Interseccional). Participantes: Kali, Naím Naieem, representante da TransMissão e Aurora Pinho. Moderação: Carmo G. Pereira
Se o pensamento e a acção queer vieram reequacionar as teorias e práticas gay e lésbica, quando estas ameaçavam cair num essencialismo estagnante, a reflexão e o activismo especificamente trans deram depois mais fundamento à ambicionada fluidez das identidades sexuais e de género da queerness.
O Queer Fest é uma é uma co-produção da Cultura no Muro, Casa Independente e SMUP. Entrada diária custa 7 cuires, o passe geral 24 cuires. O banner e os cartazes são de Elena Hoch / Ilustraciones Zurdas. Sabe mais aqui.