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Corria o ano de 2013, a discoteca Maria Lisboa já tinha fechado portas. Quem pretendia procurar um bar mais «friendly», na noite de S. Valentim, deambulava pelo Bairro Alto, se por acaso vivesse perto da capital. Dez anos depois, o cenário repete-se.

Para quem mora em cidades mais pequenas, o convívio existe quando se juntam amigues à volta de uma mesa, na casa de alguém ou num restaurante. Bebem-se uns copos, procura-se um romance temporário ou algo mais permanente, entre contactos e novas caras que surjam. Após o jantar, dirigem-se ao bar mais próximo, ouvem música, conversam, o olhar por cima do ombro, para confirmar que podem estar à vontade, que ninguém vai mandar «bocas» homofóbicas. Sair à noite, pelo menos uma vez por semana, é sagrado. Em 2013, geralmente, não haveria bebés para tomar conta e essa realidade parecia muito distante, apesar de ser desejada por algumas, contudo, a lei não lhes permitia pensar nisso. 

Kari e Andreia deram início à sua relação em 2016, curiosamente, no mesmo ano em que todas as mulheres passaram a poder aceder a técnicas de PMA (procriação medicamente assistida), em Portugal. A primeira não se imaginava numa relação com uma mulher, porém, a amizade extrapolou, o que, consequentemente, a levou a deixar a casa da família, para fugir a um ambiente insuportável, causado pela falta de aceitação.

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Num apartamento pequeno, na Marinha Grande, conjugaram as suas vidas e confirmaram que o seu encontro estava destinado, amadureceram juntas e perceberam que se completavam no respeitante à maternidade. Andreia sonhava em ser mãe, embora não pretendesse engravidar, Kari desejava esse papel e ambas optaram pela maternidade partilhada (método ROPA). Lea nasceu em Setembro de 2020, após uma segunda transferência de embrião, sendo o resultado final de uma união estável e feliz, o que se reflete na sua expressão adorável.

As duas receberam o apoio da família, para conseguirem suportar o tratamento na clínica privada Ferticentro, no Porto, evitando a fila de espera de dois anos que encontraram no Serviço Nacional de Saúde. Actualmente, enquanto aguardam o momento para transferir outro embrião e aumentar a família, sublinham a importância de se apostar nos centros públicos de PMA, de modo a que todas as mulheres tenham acesso às técnicas disponíveis e que consigam alcançar a maternidade.

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Hoje, continuam a juntar-se à mesa, com o seu grupo de amigas, duas estão grávidas, outra está a tentar engravidar e Lea espreita a pequena Vitória, deitada na sua alcofa, ambas esboçando sorrisos. Os bares continuam em festa, assumindo diferentes protagonistas, já raramente lá vão, substituindo as noitadas por concertos para bebés. A própria noite observa esta grande família que cresce, plena em cores, cento e vinte meses mais tarde.

Para seguir esta família arco-íris: @amotemais.k.a

 

Márcia Lima Soares