“Ele nunca teve mulher, ou homem. Acho que era mais ou menos óbvia a natureza homossexual, mas não existe uma foto, um depoimento, nada que o explicite.” A frase é do brasileiro João Paulo Cavalcanti Filho, autor do livro “Fernando Pessoa- Uma Quase-Autobiografia”, que acaba de ser editado em Portugal pela Porto Editora.
“Quem sabe se hoje, com outros padrões morais, fosse diferente. No entanto, ele tinha vários amigos homossexuais assumidos e publicou com dinheiro dele, na Olissipo, livros de dois: o Raul Leal e o António Botto”, detalhou o investigador numa entrevista ao semanário Sol. Este livro, com quase 700 páginas, acaba de receber o Prémio Bienal de Brasília.
Já antes, noutra entrevista ao jornal brasileiro O Globo, o autor tinha sido mais directo a abordar a questão da homossexualidade de Fernando Pessoa. “Essa tendência [homossexual] atravessa os heterónimos, sobretudo Álvaro de Campos, que era assumidamente gay. Acredito que se ele vivesse nos dias de hoje talvez se assumisse”, disse então. “Ele tinha um amigo, António Botto, que era homossexual assumido, apesar de casado. Ele contava ter ficado assustado com o tamanho do pénis de Pessoa, que seria muito pequeno. Não tenho como provar, mas minha explicação é que por isso o poeta não tinha coragem de se expor perante as mulheres”, detalhou.
9 Comentários
Santofer
Este livro e’ irresponsável e igno’bil.
Fernando Pessoa era um monge, um homem santo, que fez da cidade de Lisboa o seu mosteiro, vivendo entre os homens e amando-os como mandou outro grande Homem, Jesus Cristo, em um outro tempo e outro espaco.
So’ uma mente mesquinha e doentia era capaz de fazer as afirmações desse livro.
Acordem e combatam esse autor maldito J.P.Cavalcanti ) e joguem esse livro para o lixo.
Murilo
Olha… sem ofensas, mas afirmar que Pessoa era tão religioso assim beira a ignorância…
Que é que tinha demais, o homem ser homossexual? Nada, absolutamente nada, muda a genialidade de sua obra, e da obra de seus heterônimos, fossem quem fossem e como fossem!
Santofer
Murilo,
Você está enganado. Não é ignorância, não. Eu conheço muitíssimo bem Fernando Pessoa e garanto que ele era um Mestre espiritual, com uma poderosa intuição do divino, tendo contatos transcendentais com os Mestres da Grande Fraternidade Branca, como Jesus Cristo, Buda, El Morya, etc.. Ele não era religioso no sentido exotérico do termo, tendo-se afastado da religião tradicional, de toda a igreja organizada, de que desconfia por lhe parecer que mais distancia do que aproxima da Verdade, por ele sempre procurada por uma via pessoal, por um esforço solitário, por um Calvário interior.
Quanto à sua questão da homossexualidade, é o próprio Cavalcanti que responde (não leu logo no inicio deste artigo?): “”Ele nunca teve mulher, ou homem …”.
Fernando Pessoa não era nada do que José Paulo Cavalcanti Filho anda por aí a propalar e escreveu no seu livro. Quando ele diz “Pessoa não tinha imaginação”, porque alguns dos personagens dos seus poemas têm o nome de pessoas que existiram na vida real, está cometendo o maior erro de interpretação. As pessoas com esses nomes nada têm a ver com as características das personagens da sua obra literária, poderemos até considerar simpático FP ter usado os nomes deles, como uma homenagem. Também dizer que “tinha natureza homossexual”, que não conseguiu provar, é uma cretinice, uma vez que Pessoa era um Mestre Espiritual, um Ser santificado e puro, que morreu virgem. Julgo que o autor José Paulo Cavalcanti Filho andou procurando as possíveis mazelas de Fernando Pessoa para pôr a nu aquilo que é impossível num homem incorruptível, como mostrou o seu corpo quando passados 50 anos se manteve intacto, após ser exumado.
Se ele tivesse sido católico estaria já beatificado e tornado santo.
Suso Moinhos
Após o comentário de cima, fiquei sem palavras. Apenas recomendaria ao autor a leitura do poema “Daisy”:
http://arquivopessoa.net/textos/4390
Saudações da Galiza.
Anónimo
Não é um poema “Daisy”, de Álvaro de Campos que vai ditar a sexualidade de Fernando Pessoa; ele também tinha outro heterónimo: Maria José e tantos outros menos conhecidos. isso não é importante em relação à sua obra. O que Fernando Pessoa era, era um iluminado e um místico, alguém muito especial que criou uma obra envolta em mistérios que até hoje perduram. O grave da questão é certos “escritores” levarem a especulações denegrindo-lhe a memoria, como a falta de imaginação, etc. e ganharem prémios com isso… Marta Moita
Anónimo
Sinceramente estas tentativas de espremer ao máximo a vida e obra de certos autores constantemente badalados, como é o caso do cânone português, Fernando Pessoa, chega a ser no mínimo irritante, especialmente para quem estuda literatura. Caso não se saiba, não tem de haver uma relação intrínseca entre a vida e obra do autor, embora toda a gente queira fazer sempre fazer essa associação. No entanto toda a gente se esquece que fazer isto com Fernando Pessoa é particularmente perigoso tendo em conta a dinâmica heteronímica – onde falamos de entidades que não existem fisicamente mas que, literariamente, têm vida e obra que os distingue (tanto do ortónimo como dos outros heteónimos) e que os personifica. Fernando Pessoa conta com perto de cem heterónimos, todos eles distintos uns dos outros, logo assumir a sua homossexualidade com base num poema de Campos é completamente inviável. Caeiro era homem do campo, Reis era pagão e médico, Campos engenheiro e, quem sabe, homossexual. Nós não sabemos ao certo o que foi Pessoa, é impossível sabermos, mas sabemos que, ele próprio, não foi nada disto. Além disto, devo dizer-vos que foi conhecida pelo menos uma mulher a Fernando Pessoa, que o acompanhou ao longo de toda a sua vida, de nome Ofélia Queirós, cujas cartas de amor se encontram publicadas. De facto, se Fernando Pessoa tivesse sido homossexual, isso não mudaria em nada o trabalho que ele deixou, penso simplesmente que esta questão não faz grande sentido e nunca foi propriamente levantada pelo meio que frequento.
Ernani Garcia Lino dos Santos
Não importa nem um pouco se Fernando Pessoa era gay ou não. Isso não tem nenhuma importância… o que importa é o Sr. João Paulo Cavalcanti Filho afirmar que o maior gênio da literatura portuguesa “não tinha criatividade nenhuma”. A frase em si me faz revirar o estômago de tão absurda. É tão angustiante quanto ver um peixe cometendo suicídio tentando andar em terra firme..
O que foi que ele (Cavalcanti Filho) fez? Encontrou pontos de apoio entre o que foi vivido e o que foi escrito? O que Cavalcanti Filho esperava que ele fizesse? Poemas de linguagem inutilmente rebuscada ou o quê?
Não me leve a mal, eu vou comprar o livro… deve haver algo aí de bom se você se esforçou tanto para escrevê-lo. Mas que menosprezar a criatividade de Fernando Pessoa, por ele não ter encarnado um exu africano sem lógica nenhuma em relação ao meio em que foi criado, que isso beira a heresia não pode ser relevado.
Jose Silva
Eu até posso acreditar que o Fernando Pessoa Ortónimo não era homossexual, já o mesmo não posso dizer dos seus heterónimos. Quanto à sua “santidade” basta ler os poemas em que fala mal – eufemismo meu – de Deus, da religião, da Igreja Católica. Todos os textos estão de livre acesso na sua Obra Édita gerida pela Casa Pessoa. Quanto à incorruptibilidade do corpo dele – sendo verdadeira – deve-se ao grande emborcamento diário do mesmo.
Maria Teresa
Muita ignorância sim. O poeta era agnostico porque a biblia condena os homossexuais. Uma coisa é ser espiritual e outra é ser religioso. Esto de acordo com o Sr Murilo a sua inclinação sexual nada tem a ver com a sua genialidade!