LGBTIQ+s na Ucrânia. E agora?
A Ucrânia vive um momento turbulento e tenso num cenário de guerra no seu território soberano por parte das forças militares invasoras russas. Esta situação de agressão militar criou um estado de caos total neste país europeu e criou uma nova vaga de refugiados na Europa. E como vivem as pessoas LGBTI+ este momento?
O dezanove.pt está em contacto com o jovem Yura Dvizhon, actualmente a viver em Lviv, uma cidade no oeste da Ucrânia e que até agora conseguiu escapar ao pior da guerra. Yura está envolvido no projecto UKRAINEPRIDE (oficialmente registada na Ucrânia) que luta pela igualdade LGBTIQ+ na Ucrânia. Uma questão em aberto e com um ameaçador ponto de interrogação pela incerteza de qual será o desfecho do que assistimos diariamente e à distância. Se o presidente russo Vladymir Putin conseguir perpetrar o seu plano e tomar controlo da Ucrânia, é mais do que provável que isso vá comprometer todo o movimento de igualdade LGBTIQ+ na Ucrânia dado que, no seu próprio país, a Rússia, despreza os Direitos Humanos.
A UKRAINEPRIDE realizou um documentário recentemente de forma espontânea quando organizou uma festa em frente ao Gabinete do Presidente da Ucrânia em Kyiv (versão ucraniana da palavra Kiev). Mais informação abaixo.
Nesta fase de incerteza, várias associações LGBTIQ+ estão a pedir apoio pela sua própria sobrevivência. Se puderes doar nem que seja pouco, faz toda a diferença e ajuda a sobrevivência de pessoas LGBTIQ+ na Ucrânia. Mais informação abaixo:
Informação divulgada pelo grupo UKRAINEPRIDE:
Como um país pós-soviético, que conquistou a independência de um regime totalitário há apenas 30 anos, e estando em contínuo estado de guerra nos últimos 8 anos, a Ucrânia é um fenómeno cultural e geográfico único. Nos últimos anos tornou-se um dos países europeus mais populares para o turismo para jovens queer e progressistas em geral. Hoje, Kyiv é reconhecida como uma capital queer da Europa e é um modelo de defesa e luta pelos direitos destas pessoas.
Queremos mostrar a mudança progressiva na Ucrânia moderna que ocorreu após a Revolução da Dignidade. Através do nosso filme queremos revelar os processos socioculturais e políticos que moldam a juventude ucraniana moderna, os seus valores e métodos que usam para chamar a atenção das autoridades e da sociedade para as questões prementes de direitos humanos na Ucrânia. A nossa maior motivação advém de também fazermos parte desse processo.
UKRAINEPRIDE: o espírito de liberdade é o caminho da democracia.
Este filme não é apenas sobre uma organização pública que está a tentar tornar as pessoas LGBTQIA visíveis e membros de igual direito na sociedade. Este filme é sobre a juventude ucraniana moderna em geral, que não mais divide mais a sociedade entre hetero ou homossexual, mas aceita e protege radicalmente cada um, independentemente de género, orientação sexual, etnia ou cor da pele levando a Ucrânia a um novo nível de alavancagem social, graças ao qual nosso país é percebido como um modelo de liberdade interna. Este filme é sobre o espírito e o surto que emergiu da Revolução da Dignidade e, graças à sua essência, a Ucrânia nunca mais dará um passo atrás.
No Verão de 2021, um protesto criativo sem precedentes ocorreu perto do Gabinete do Presidente da Ucrânia no formato de uma rave queer - RavePride pela ONG "UKRAINEPRIDE". Sem nenhum apoio financeiro ou material, os próprios organizadores e participantes não acreditaram até o último minuto que isso fosse possível.
UKRAINE.PRIDE | Official Trailer | DVIZHON from DVIZHON on Vimeo.
Alguns dos meios de comunicação internacionais e ucranianos mais influentes escreveram sobre este evento:
Revista Dazed: “Os jovens LGBTQ+ da Ucrânia reivindicam os seus direitos à porta do gabinete do presidente”
The Village UA: “Reyvah Pride foi realizada para o Gabinete do Presidente”
Bird in Flight: “E então dançamos”
Zmina: “Eu danço para os LGBT” e vamos por aí!
O nosso filme começa com a RavePride, que agora pretende decorrer todos os anos junto do Gabinete do Presidente da Ucrânia, até que o presidente, sendo o garante dos direitos e liberdades constitucionais, regule toda a legislação anti-discriminação necessária (incluindo o projecto de lei 5488), o que nos permitirá não protestar, mas celebrar abertamente tais eventos sem o envolvimento de milhares de polícias, guardas nacionais e forças especiais. Contaremos toda a história e fenómeno da juventude ucraniana moderna e como se luta pelos seus direitos. Através da activista de direitos humanos e LGTBQ Sofia Lapina, conseguiu-se fazer o impossível - organizar o primeiro e mais longo evento LGBTQ na Ucrânia, mesmo sem nenhum apoio financeiro, - um protesto pelos direitos humanos em formato de performance rave criativa com o objectivo de proteger a comunidade criativa e queer da violência policial e de extrema-direita; contribuir para investigações de ataques a activistas, jornalistas e defensores dos direitos LGBTQ; continuar a reforma da polícia e regular a legislação anti-discriminação.
Ricardo Duarte
Recorda aqui aqui a Entrevista áudio do dezanove a Yura Dvizhon durante a Eurovisão 2017