Mudam os critérios para doar sangue e presidente do Instituto Português do Sangue demite-se
O presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação, Hélder Trindade, apresentou a demissão invocando "razões pessoais". Como destaca a agência Lusa, o pedido de demissão ocorre poucos dias depois de a Direcção-Geral da Saúde ter divulgado uma norma de orientação clínica que permite a doação de sangue por parte de homossexuais e bissexuais, embora condicionada a um período de abstinência sexual de um ano.
No cargo desde 2011, Hélder Trindade vinha a ser contestado em várias frentes, nomeadamente pelo Bloco de Esquerda. No ano passado, aquando da sua ida ao Parlamento, a propósito da exclusão dos homens que fazem sexo com homens (HSH) da possibilidade de poderem doar sangue, o responsável manteve a posição de que "o contacto sexual de homens com outros homens é definido como factor de risco".
Estas novas regras vêm pôr fim à proibição total de HSH (homossexuais e bissexuais) poderem dar sangue. Na prática, os HSH passam a poder ser dadores de sangue, estando sujeitos à aplicação de um período de suspensão temporária de 12 meses após o último contacto sexual.
A norma vem também estabelecer um período de suspensão de 12 meses após o último contacto sexual para pessoas que tenham tido parceiros portadores de infeção por VIH, hepatite B e hepatite C. Os mesmos 12 meses de suspensão são aplicados a pessoas que mantiveram contacto sexual, em Portugal ou no estrangeiro, com “indivíduos originários de países com epidemia generalizada de infecção por VIH”, o que inclui pessoas de países como Angola, Guiné-Bissau ou Moçambique.