Nomenclaturas na comunidade LGBTQI+
Ultimamente, tenho sido confrontado por pessoas jovens a pedirem a minha opinião se são isto ou mais aquilo, se se enquadram na comunidade LGBTQI+ ou não. Na sua maioria muito jovens, numa confusão completa com as suas pesquisas na internet a tentarem enquadrar-se numa qualquer definição, muita vez necessária para a sua própria aceitação.
A título de exemplo é frequente a confusão entre demissexual e pansexual. Claro que tem diferenças, mas estas são muito ténues e confundem os menos esclarecidos.
A saber, demissexual é alguém cuja atracção sexual manifesta-se quando existe envolvimento emocional, afectivo ou intelectual por outra pessoa independentemente do género; já uma pessoa pansexual é a que sente atracção sexual, romântica ou emocional em relação a outra independentemente do seu sexo ou identidade de género rejeitando o binarismo de género.
Já em questões de género a fronteira entre uma pessoa pangénero e uma de género-fluido é também muito ténue.
Uma pessoa pangénero considera que possui muitas ou todas as identidades de género possíveis ou acessíveis que fazem parte de sua experiência de vida ou vivência, cultura e condição natural, sendo uma identidade incluída na não-binariedade.
Já uma pessoa fluida de género não se identifica com uma única identidade de género, mas flui entre várias simultaneamente, como é o caso de bigénero e pangénero.
Ora como estes exemplos é possível encontrar mais em toda a nomenclatura sobre sexualidades, sexos e géneros.
Para aqueles que estudam, que lidam diariamente com todas estas variantes natas das sexualidades e de género, estes termos são perfeitamente entendíveis para cada especificidade. Já para o comum dos mortais é bastante confuso.
Penso que certa banalidade do recurso a estas terminologias mais específicas é difícil para quem ainda está em formação da sua identidade e a deparar-se com tanta variedade de designações. Podem até ser prejudiciais em alguns casos de quem se está a descobrir e querer entender a sua sexualidade ou género.
Como homem, cisgénero, homossexual, consigo enquadrar-me em várias definições existentes, com a particularidade de algumas poderem ser temporárias ou fluidas como é a assexualidade ou pansexualidade.
Questiono-me então da necessidade, fora do meio científico e clínico de todos estes grupos e subgrupos, até porque há quem rejeite a classificação ou rotulagem na sua existência enquanto ser humano que se relaciona com outros.
Fará sentido a velha máxima de que ‘as etiquetas são para as roupas, não para as pessoas’!?
Miguel Rodeia