Dezenas de pessoas juntaram-se esta terça-feira às 20h, na Praça da República, no Porto, para protestar contra a violência homofóbica de que terá sido alvo Sara Vasconcelos. Num comunicado que leu no local, a vítima exigiu a identificação dos três taxistas (agressor e duas testemunhas) para apresentá-los à justiça e a expulsou imediata da Rádiotáxis do homem que me agrediu.
Sara Vasconcelos, que apresentou queixa na PSP, leu um comunicado onde detalhou os actos de violência. “Já eu estava com a mão na maçaneta da porta e com uma perna na rua, para sair do táxi, quando o homem me deu o primeiro soco. Corri para a frente do carro para ler o número do táxi e disse-lhe que ia apresentar queixa dele. Tapei a cara com os braços para não me magoar mais no rosto e ele deu-me mais dois socos, acompanhados de vários pontapés. Caí no chão. Sem dizer uma única palavra, o homem puxou-me pelos pés e arrastou-me, pelo alcatrão, vários metros. Enquanto me arrastava em círculos, apenas os risos de crueldade do homem se ouviam. Deixou-me na berma da estrada, do outro lado da rua”, contou durante a concentração.
A jovem, que descreve o acto como “homofobia”, referiu que “este não é um caso isolado, que foram noticiadas recentemente situações semelhantes, na Madeira e no Porto, e que a segurança dos utentes de táxi está seriamente colocada em causa”. E reforçou: “O aumento de violência a pessoas da comunidade LGBT é inquestionável. Poderia relatar aqui inúmeros outros casos.”
As reivindicações de Sara Vasconcelos são subscritas pelos grupos Actibistas, Amplos, Associação de Estudantes da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto, Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Braga Fora do Armário, Caleidoscópio LGBT, Clube Safo, GIS, Marcha do Orgulho no Porto (MOP), Marcha Mundial de Mulheres – Portugal, Não Te Prives, PATH – Plataforma Anti-Transfobia e Homofobia, Panteras Rosa, Plataforma Direitos & Liberdades, Ponto Bi, PolyPortugal, PortoGa, PortugalGay, Slutwalk Porto, Slutwalk Portugal, SOS Racismo e UMAR.
Entretanto, cerca de 60 moradores das ruas próximas do local onde ocorreu a agressão assinaram um documento em que condenam o acto que vitimou Sara Vasconcelos. Já o director da Raditáxis do Porto, Mário Ferreira, disse que só iria avançar com um inquérito disciplinar depois de dar entrada na empresa a queixa da vítima. O taxista em causa “está incontactável”, disse à Lusa Mário Ferreira.
2 Comentários
João Delgado
A minha solariadade para com a vitimias.
É bom que este tipo de manifestações existam e que as pessoas venham para a rua manifestar-se a alertar a sociedade para este tipo de situações que são muito grave, é bom ver associações de estudantes como Associação de Estudantes da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto, Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto a apoiarem esta iniciativas e sobrescreverem este manifesto, também é positivo os 60 moradores procimos do local onde ocorreu a agressão assinaram um documento em que condenam o acto que vitimou Sara Vasconcelos, é bom ver outras organizações/grupos/pessoas que não estão directamente ligadas a sigla LGBT a envolverem e estarem alerta neste tipo de situações.
Não deixa de ser triste e lamentavel não ver associações como a rede ex aequo em pelo menos demonstrar o seu apoio a esta iniciativas e dar a cara contra situações graves como estas
Sally
Eu fico chocado com a reacção de certas pessoas que recusam acreditar na vítima. Pelo contrário, querem demonizá-la. Isso se viu quando o taxista veio com a sua versão.
Existe muita homofobia em Portugal, sim. Continua a ser um tabu. Triste. As pessoas aceitam desde que sejam “discretas”. Pois!