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O Orgulho de Madrid celebrou-se com os olhos postos nas eleições de 23 de Julho

mado madrid 2023

O maior pride da Europa voltou a juntar mais de dois milhões de pessoas na capital espanhola. Nas celebrações, que culminaram na manifestação estatal do último sábado, não deixou de transparecer a preocupação com as próximas eleições gerais, que o Partido Popular poderá vencer e formar governo com a extrema-direita do Vox. 

 

Sob o lema “Abrazando la diversidad familiar: iguales en derechos”, 111 associações e colectivos, a que se juntaram 46 carros alegóricos de diversas entidades e marcas, tomaram parte na marcha que percorreu os dois quilómetros entre a estação de Atocha e a Plaza de Colón, onde foi lido o manifesto do Orgullo LGTBI+ de Madrid (MADO). Este ano, a lista de doze reivindicações incluídas no documento tem por foco os direitos das famílias queer, um assunto que está sob a mira dos partidos de direita na campanha eleitoral já em curso. Para a COGAM, uma das associações organizadoras do MADO, a participação massiva mostra que o evento representa «um grito contra o ódio e o retrocesso que algumas instituições locais e regionais governadas pelas direitas estão a começar a implantar. Em Madrid, o presidente da autarquia nem se dignou a sentar com os colectivos LGTBI+ nos últimos 5 anos, e Isabel Ayuso [governante do PP na Comunidade de Madrid, onde tem maioria absoluta] anunciou que derrogará a lei [trans] aprovada pelo seu próprio partido há anos».

Recordemos que este ano o Orgulho realiza-se numa temporada de alta tensão política, no seguimento da vitória das direitas nas eleições regionais e municipais de 28 de Maio. Ao reconhecer a derrota, o primeiro-ministro socialista Pedro Sanchez decidiu antecipar as eleições nacionais, que deveriam acontecer até ao final do ano, marcando a ida às urnas para 23 de Julho. As últimas sondagens mostram que o PP está em vantagem e mesmo a possibilidade de o partido se unir à extrema-direita do Vox para formar um governo de maioria. O líder dos Populares, Alberto Núñez Feijóo, tem sido ambíguo quanto a eventuais acordos pós-eleitorais, apesar de Ayuso ter vindo a radicalizar o discurso para satisfazer as pretensões políticas do Vox. Certo é que desde as eleições de Maio os dois partidos têm fechado pactos de governo em várias comunidades autonómicas, como Valência ou Extremadura, que prometem revogar algumas das mais importantes bandeiras políticas da esquerda. 

Não espanta por isso que os colectivos que participaram na manifestação do Orgulho tenham alertado, no texto do manifesto e em vários cartazes, para o perigo que pode advir dos resultados das eleições do final do mês. «Vamos mobilizar-nos para o próximo 23 de Julho, para defender os nossos direitos, para que não retrocedamos, para que não voltemos a ter medo, para que não nos voltem a insultar e humilhar», lê-se no manifesto. A organização pediu aos políticos «um pacto de ódio contra os discursos de ódio», avisando que a comunidade se encontra ameaçada por uma «onda reaccionária e que os direitos conquistados ao longo de décadas de luta podem perder-se em poucos meses de governos ultras».  Há poucas semanas o Vox afixou um enorme cartaz na Calle de Alcalá, próximo do percurso habitual da marcha do Orgulho, que, sob o título “Decide o que importa”, representa vários símbolos de causas políticas e cívicas deitados ao lixo – entre eles, claro, a bandeira arco-íris.

Não obstante a incerteza política, a capital viveu uma semana de festa quase ininterrupta, tanto nas ruas como nos espaços de animação nocturna. A leitura do pregón (proclamação) na quarta-feira deu o ponta-pé de partida das celebrações. No dia seguinte, realizou-se a tradicional corrida de tacões, na Calle Pelayo da Chueca, o bairro mais LGBTI de Madrid. É também aqui que se localizam dois dos quatro palcos que, até domingo, receberam todo o tipo de artistas queer que animaram os participantes. Ao palco da Plaza del Callao subiu na quinta-feira a iniciativa “Orgulho de Portugal – Camino del EuroPride 2025”, uma acção de promoção do evento que Lisboa acolherá dentro de dois anos

 

Pedro Leitão

 

Álbum de fotos e vídeos do MADO - Orgulho de Madrid 2023 aqui.